quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Coisas incompreensíveis, mas que ninguém precisa entender mesmo.


"Me ajudem a entender aquilo que estou dizendo para vocês, e explicarei melhor."
Antônio Machado


 
As vezes achamos que as coisas finalmente se acertaram e que estão caminhando como têm que ser.


Outras vezes ficamos convictos de que está tudo de pernas pro ar.


Tudo isso acontece porque o mundo é assim... a vida é assim:


CHEIOS DE COISAS INCOMPREENSÍVEIS,
MAS QUE NINGUÉM PRECISA ENTENDER MESMO


Na verdade, não raro essa sensação traduz o sentimento de que as coisas estão indo conforme a nossa vontade e que queremos que continuem no mesmo caminho, que supomos o certo somente porque é bom e conveniente.


Por isso, quando é assim, não demora até que tudo mude e nossas vidas virem de cabeça pra baixo.



Em outro giro, quando as coisas estão em total "pânico e terror"... sei lá! As vezes tocamos o "f#%$@-se" porque é como diz o filósofo Tiririca: Pior do que tá, não fica.


Talvez eu esteja querendo dizer que quando tudo está do jeito que “deveria estar” ficamos prisioneiros dessa perfeição, prisioneiros porque o medo de estragar tudo, de “perder” aquilo... esse "abismo iminente" nos deixa em pânico constante.


Talvez eu esteja querendo dizer que quando está tudo "uma zona" ficamos livres pra esculhambar e arriscar e sermos insanos (!), irresponsáveis (!), ficarmos NEM AÍ porque, “se bobear”, as coisas de repente se ajeitam... então dos dois, um: [A] ousamos uma solução improvável e arriscada ou [B] aproveitamos pra ficar à toa e sermos irresponsáveis, doooidjos, cansados, ciganos... todas as coisas que não podemos nos dar ao luxo de ser quando está tudo bem e o pânico de arruinar o momento nos deixa prisioneiros da vontade "inútil" de aprisionar uma perfeição que já "sabeeeemos" que nunca será eterna.


Anyway! Sabendo instintivamente da instabilidade das circunstâncias, temos a mania de rotulá-las em boas e ruins conforme sejam ou não sejam do nosso agrado, ou sejam ou não aquilo que deveríamos desejar para sermos socialmente enquadrados como felizardos, quer dizer, aquilo que sabemos que qualquer pessoa no nosso lugar gostaria de ter.


Quando está tudo bem pensamos que aquilo tudo não poderá durar muito tempo porque seria "bom demais pra ser verdade" e talvez com nossos pensamentos, e até gestos,  sejamos nós mesmos os responsáveis por encurtar ou encerrar um momento de nossas vidas que realmente poderia ser duradouro e se prolongar por sabe-se lá quanto tempo!


Há, contudo, quem tenha o bom senso de usufruir dessas horinhas. Ainda bem! Há também quem aprenda a administrar melhor o que está vivendo. "Tá bom assim? Que maravilha! Ao invés de pensar o que poderia sair/estar errado vou é aproveitar!" Ufa! Que alívio que constatamos que é possível aprender com os erros do passado.


Que bom que, eventualmente, desistimos de tentar o ouro olímpico na modalidade "quem acha mais cabelo em ovo?" É a SPN (Síndrome do Peru de Natal) da qual falei há uns posts  e que se tornou uma das maiores epidemias que já acometeram a humanidade... Mas queeee bom que pelo menos estamos nos tornando conscientes das nossas criptonitices e calcanhalecisses de Aquiles! Amém! Yeaaah!


Não vou dizer que é fácil acreditar que ao menor sinal de que tudo vai bem podemos suspirar tranquilos e sossegados e pensar que finalmente as coisas tomaram o caminho correto e pelo qual esperávamos! Claro que temos um pé atrás e um receio razoavelmente justificado. Dá medo mesmo isso de entrega... de nos entregarmos assim facinhos desse jeito à “felicidade”. Essa “tal”...



Sabemos que não é incomum que a pessoa se sinta realizada e fique ali viajaaando... antecipando como vai ser a vida... tantos eventos e anos de felicidade e realização! Maaas, por motivos incompreensíveis - ao menos para mim - os sonhos se arruínam e se desfazem em meio ao vão na poeira do caminho! Como diz Shakespeare: “...porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão...”


Curioso... Depois que "conheci" Derek (o cara canadense que faleceu, escrevi sobre ele no post http://eduardachacon.blogspot.com/2011/05/o-ulitmo-post-antes-de-morrer-ele-tinha.html) não consigo mais falar sobre a falibilidade dos planos e sobre as reviravoltas da vida sem lembrar dele... Enfim! Temos que estar preparados para o fato de que, não importa quanto sentindo tudo faça dentro da nossa cabeça, o que se passa dentro da nossa cabeça é uma parcelinha ínfima do mundo, embora seja o mundo inteiro para nós.




Paciência!


Acho que é o que MAAAIS repito aqui, no fim das contas é o seguinte meu povo... de tudo que já postei no blog sobre os planos que fazemos para a nossa vida, fica a frase de John Lennon que resume perfeitamente bem minha conclusão: "A vida é aquilo que nos acontece enquanto estamos ocupados fazendo outros planos".


Por que?


Por que estamos sendo constantemente testados? Por que quando não é a vida que nos testa, somos nós mesmos nos testando? Com jogos, pegadinhas, provas e escolhas propositadamente e conhecidamente tricky e desnecessários? Por que, não raro, usamos tudo ao nosso alcance para negar a realidade quando simplesmente enxergá-la poderia fazer tudo tão mais fácil? Mais lógico?


Por que esse medo? Medo do medo! Medo do medo do medo!!! Pra quê tantas válvulas de escape? Por que tantas frustrações? Tanta auto-cobrança e tanta preocupação com o outro? Medo do “de fora”? Do alheio? Do inútil?


Eu digo isso: perdemos um tempo absurdo em conflito conosco. Como é que poderíamos sair vencedores e não derrotados – ao menos concomitantemente – de um conflito assim? Conosco? Constranosco? Veem como é incongruente? Incoerente?! Não poderíamos!!! Ponto. Simples assim!!! Entramos numa briga que vencendo ou não, seremos os maiores loosers! Porque estamos dos dois lados do ringue... Que coisa de gente doida (e mongol?!) é essa?




Que coisa extremamente difícil que é ter o mínimo de auto-domínio. Auto-conhecimento. Auto-consciência da própria ignorância!!! Li essa frase que diz o seguinte: "Conseguir cem vitórias em cem batalhas não é prova de excelência. Subjugar o inimigo sem lutar é prova de excelência." (Sun Tzu). Pensem BEM sobre isso... que coisa fantástica!!!!


Quer dizer... aplicando isso a nós mesmos seria como dizer que não precisamos nos impor um regime de limitações, torturas, restrições, regras e padrões... Precisamos criar uma maneira de convívio que seja harmonioso de modo que consigamos arrancar de nós mesmos aquilo do que precisamos sem que isso constitua privação, conflito ou sacrifício. Tudo isso dentro do nosso limite de tolerância.


Quer dizer: podemos ser legais conosco "por bem" ou "por mal".


Logo, precisamos dar um jeito de sermos legais conosco "por bem" .



Isso sem parecer que estamos nos permitindo indulgências, porque o homem repele tudo que ele considera como "esmola".




Logo, temos que nos enganar para sermos bons conosco sem acharmos que estamos nos dando esmola ou, caso contrário, iremos nos sabotar e procurar o caminho mais difícil para provar a nós mesmos que não precisamos dos nossos próprios favores!!! 


É isso!?


É mais fácil, é mais tolerável que sejamos bons do que ótimos com nós mesmos.  É isso... É puro instinto! Ok! Que seja! Um "bom" que não force e agrida a nossa tolerância é mais negócio do que um "ótimo" que nos desgaste ao limite de nos obrigar, eventualmente, à rebelião, “auto-rebelião”!


O custo benefício do "bom", assim, é muito melhor a longo prazo e, nesse ritmo, proporciona uma paz relativa. Não é interessante?


Enfim! Se de vez em quando nos sentirmos "ótimos", quer dizer que de vez em quando, com maior frequência, provavelmente, NÃO nos sentiremos ótimos. Então, a longo prazo, o resultado é estresse e frustração.


Maaaaas se nos sentirmos quase sempre "bons"... mesmo que não seja "booom boooom booooom", mas "bonzinho"... então quase nunca estaremos NÃO-BONS... ou miseráveis... e, a longo prazo, teremos algo como um certo sossego. Negociozinho interessante, né?


As nossas sensações são uma coisa que ninguém compreende. Nem sei se alguém entende no fim das contas... SÃO AS COISAS INCOMPREENSÍVEIS QUE NINGUÉM PRECISA ENTENDER MESMO.



Nem sei dizer se normalmente estamos como estamos com ou sem motivo. Tristes, felizes, nervosos, ansiosos, cansawedos, eufóricos "por causa de" ou "simplesmente...".


As vezes (tipo... TODAS AS VEZES, praticamente) os sentimentos e as sensações são coisas que nos atingem absolutamente à nossa revelia. Tanta coisa que nos atinge à nossa revelia!!!!


Pior do que quando sentimos algo "sem ter nem pra quê" é quando sentimos algo que "não tem pra quê mesmo!"... Sabem? A gente tinha tudo pra estar se sentindo o exato oposto daquilo! Mas aí...


"É claro que a vida é boa e a alegria a única indizível emoção.
É claro que te acho linda, em ti bendigo o amor das coisas simples.
É claro que te amo e tenho tudo pra ser feliz, mas acontece que sou triste."
(Vinícius de Moraes)




Êêêê poetinha! O poetinha sempre entendia das coisas... ou entendia que não entendia coisa alguma! E desistia de quebrar a cabeça à toa!!! Apenas sentia. Encarava, segurava o rojão e pronto.


Eu sou insistente nisso de querer entender as coisas. Acho que é algo que está intimamente ligado ao meu arraigado hábito de pensar demasiado em tudo, sempre, tanto. Penso, penso, penso!!! Sem dúvidas, se pensar é existir, então eu existo de forma densa... até tensa.


Ontem, por exemplo, vi uma pessoa tomar um suco de maçã e pensei que maçã, como suco não me apetece. E me perguntei se maçã é uma fruta que “nasceu” pra servir de suco, afinal, não existe polpa de maçã... mas então lembrei que laranja e limão também não são comercializados como polpa... e nenhuma fruta é tão “pra suco” feito laranja... mas pensei que, ao contrário da maçã, laranja e limão são comercializados como suco concentrado, o que supriria a questão da polpa... e fiquei pensando, no final das contas... se sabendo da existência do suco de cenoura (!), realmente dá pra implicar com o suco de maçã! Mas já pensou “picolé de maçã” da Kibon? Mais uma prova de que maçã não nasceu pra ser suco? Enfim... só sei que eu prefiro a fruta não-suco.


Entendem? Como eu penso demais??? Eu e a “Teoria da existência do suco de maçã”! Hahahaha Newton não foi o único que pegou una maçã e criou uma teoria!!!



Mas aceito. Aceito que tem coisa que não se entende. Algumas coisas são incompreensíveis e ninguém precisa entender mesmo. Embora, evidentemente, isto não signifique que eu não pense a respeito destas coisas, não tentando entendê-las, mas classificando-as, ué! Embora entendendo que não é preciso que sejam compreendidas. Compreendendo tudo isso.


Acho que as pessoas talvez sejam assim. Talvez, no máximo, possamos compreender, algumas vezes, parte de suas atitudes. Determinadas atitudes... Quem sabe certas atitudes das pessoas sejam “entendíveis” e outras não! Ou uns aspectos se entendam, outros não.



E se por um lado existe essa consciência da impossibilidade de se compreender o que não se pode entender, de outro lado, haverá o inconformismo. O inconformismo permanece e não dá trégua. Coisinha difícil.



Nos inconformamos não com a “ignorância”, mas com a impotência. Com a ansiedade. Com a dor e com a ausência de dor... com a alegria e com a iminência de seu término. A ansiedade nos tortura, não podemos compreender porque insistimos nas coisas nas quais insistimos: na ansiedade inútil, no inconformismo com a ausência de mudança e de melhora/evolução – em nós e no outro, na falta de modéstia, de humildade, no encurtamento das coisas boas, no prolongamento das coisas ruins! Não compreendemos, sabemos. Mas não nos conformamos... e, no entanto, nada muda.


Como nossos sentimentos têm força sobre nós! Nunca paro de me surpreender. Os meus, minha nossa! São titânicos, tirânicos. Me adoecem e me curam. Me enaltecem e me derrubam. Possuem um poder de vida e morte, destruição e construção sobre mim. E ainda que saiba disso, me sinto absolutamente impotente.


Não posso compreendê-los QUASE NUNCA. As vezes posso fugir deles, mas NEM SEMPRE. Eventualmente, me encontram. O poder avassalador que possuem sobre mim, de me erguer e de me desmoronar... me surpreende SEMPRE. NUNCA poderia colocar, realmente, em palavras a minha relação com os meus sentimentos e os meus pensamentos.


Me pergunto: tem muita gente por aí, mundo afora, que sente o que eu sinto? Seria presunção achar que isso é bom ou ruim? Como rotular ser assim? Como explicar ser assim? Como é ver o mundo a partir dos olhos de alguém que vê o mundo a partir daquilo que entende que são os meus olhos? Será que consigo transmitir o que é ser eu? Será que é algo especialmente difícil de explicar ou entender? Ou será que é mais uma pergunta sem resposta? Que não é possível projetar-se em palavras de modo a fazer que o outro leia os nossos próprios pensamentos? Será que invariavelmente ao lermos o pensamento alheio estamos sempre lendo algo diferente do que foi escrito, mas todos balançamos a cabeça, o escritor achando que foi lido e o leitor achando que leu? Será que é isso que faço com Vinícius, Shakespeare? Será que esta é mais uma coisa incompreensível, mas que ninguém precisa entender mesmo? Será???!!!




Conheço uma menina que tem um avô que mora no céu. Um dia desses essa menina chegou cheia de “E ses” pra mim. “E se isso aquilo se se se se se se se se?”.... “E se?”


Sabe que “E”... assim como “SE”, são conjunções, né? Mas quando juntas, deixam de ser figuras linguísticas e se transformam num dilema filosófico! Como podem duas palavras separadas serem tão inofensivas e juntas tão poderosas? Pois é... Mas, e se algumas coisas são incompreensíveis e ninguém tiver que entendê-las mesmo!? E se algumas perguntas não têm respostas?


E se eu tivesse feitos planos diferentes!? E se eu não tivesse feito planos?! E se eu tivesse perguntado o caminho a alguém?! E se eu tivesse catado o “manual de instruções”?! E se não existir manual de instruções?! E se a cada um são necessárias suas próprias experiências?! E se é importante partilhar experiências?! E se eu tomei o trajeto errado?! E se eu tomei o trajeto certo, do jeito errado?! E se todas as alternativas anteriores estiverem corretas?! E se, e se, e se, e se, e se?!



Vêem?! Entendem?! Percebem?! Olha só... Eiii!!! Owwww!!! Ôôôôô menina que tem um avô que mora no céu!!! Repara isso!!! Existem coisas incompreensíveis, mas que ninguém precisa entender mesmo...

Sim. Existem coisas incompreensíveis... Mas falemos! Falemos!!! Lembremos que falar é terapêutico.

Uma amiga me perguntou outro dia que bem fazia ouvir a lamentação alheia, por exemplo... bom. Pra quem se lamenta faz um bem danado! Kkkkkkk É a “teoria da banalização” de Freud. O que era um tabu... um problema inefável, inexprimível... vira “aquele meu problema lá, sabe?” (e você pensa: quem me deeeeeeeera não saber! hehehehe) Mas é isso! Já não é inominável! Se torna meio que banal... depois deixa de ser importante porque é feito “trânsito”! Isso! De carro mesmo! Engarrafamento: aquele incômodo diário que só de vez em quando incomoda mais que o normal. É isso! Shakespeare, lembram? “Falar alivia dores emocionais”. E pra quem ouve? Bem.. pra quem ouve eu acho que também se aplica a banalização. Vai deixando de incomodar... depois você vai nos “anhãnsms” e “nmhuns”... e ainda é exercício de caridade. Amor ao próximo.


Coragem é o que se requer para levantar-se e falar; coragem é também o que se requer para sentar-se e ouvir.”
Winston Churchill





Existe uma coisa muito interessante. É uma frase de François de La Rochefoucauld que diz: “Todos nós temos força o bastante, para suportar as dores dos outros”. Quer dizer... A nossa dor, não? Eu me identifiquei mesmo. Já escrevi sobre isso antes. De como o outro sempre é um motivo melhor do que eu mesma para que eu escreva (e por isso voltei a escrever no blog depois de dois meses parada, por causa de uma menina que tem um avô que mora no céu) e por isso tantas vezes saí do meu cantinho lá no fundo do poço... pra ajudar alguém que ainda estava na BEIRADA do poço! Nem tinha caído!!!


Tal é a força do habito, que nos habituamos até mesmo a viver.”
Gesulado Bufalino
(Que nome!!! Não dava pra deixar passar sem comentar!!! Minha nossa!!!)


Então é isso...


Dias fáceis e dias difíceis se intercalam entre si e duram períodos que nos parecem absolutamente imprevisíveis mas que, na verdade, são mais que previsíveis: são períodos de duração definidos por nós mesmos. Antecipados e prolongados conforme nossa ansiedade, instabilidade, nossas tentativas vãs e, eventualmente, “bem sucedidas” de planejamento. Tudo não passa da ilusão de que não temos controle algum.


A falta de controle é uma grandessíssima ilusão que criamos para podermos usar o controle que temos sobre tudo com o conforto de culpar ao "mundo" quando as coisas não saem como achamos ou gostaríamos que tivessem saído. Vivemos num mundo muito do "de verdade", mas então criamos fantásticos "mundos de Bob" a torto e a direita... E chamamos a tudo isso de realidade.




Seja lá o que estivermos vivendo, sempre nos parece interminável e definitivo, especialmente se for ruim. Chegar no peso ideal, encontrar a pessoa certa, passar num concurso, terminar um livro, entrar na academia, se entender com um familiar, arrumar o quarto! Coisinhas do dia a dia que parecem - mas não são, sabemos disso bonitinho - simplesmente impossíveis.


Um dia uma amiga me perguntou se eu sabia o que era não ter a opção de ter saúde. Ela está curada hoje de um câncer no cérebro. Não. A minha resposta é “eu não sei”, no sentido que ela perguntou. Eu sei o que é ter uma feridinha que não sara nunca, eu sei até o que é ter um fêmur quebrado e passar 90 dias engessada e um mês de cadeira de rodas... Mas não saber se vou ou não morrer (de câncer) eu não sei. Posso cair, bater a cabeça e morrer... mas o terrorismo de combater diariamente uma doença... isso não!


Então é difícil! Como não me policiar na frente dela, né? É como se eu “me adoecesse as vezes” e eu sinto um mega peso na consciência por fazer isso na frente dela, mais do que de qualquer outra pessoa!


É como se eu adoecesse minha alma algumas vezes... É a impressão que eu tenho. Mas não sei até que ponto tenho culpa da minha “própria enfermidade”. Não é como um tumor no cérebro, né? Minha alma adoece de melancolia! De vontades! De perguntas! De desejos! De ânsias...


Dediquei-me a investigar o que é a vida, e não sei o porque ou para que ela existe.”
Severo Ochoa




Ontem antes de dormir decidi tipo... “reciclar” meu cérebro lendo um livro. Trocar os pensamentos... não é pensar outras coisas... é não pensar o que eu estava pensando. Foram 368 páginas das 21:30h às 2h. Por acaso no livro que eu li estava escrito que os pensamentos adoecem a alma e a alma adoece o corpo. Não que eu não “soubesse isso”. Meio óbvio, né? É preciso cuidado permanente... com o corpo e com a mente. Para não oprimir nem sobrecarregar a alma (demais).


Sim. A verdade, meu povo e minha pova, é que no final das contas, no frigir dos ovos, não tem pra quê se avexar! Muitas coisas, mas muitas mesmo, simplesmente são incompreensíveis. E tá tudo bem... tem bronca não. Ninguém precisar entendê-las anyway...



Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia"
Ato I - Cena V, Hamlet, Shakespeare


terça-feira, 8 de novembro de 2011

O passado, a bagagem que se carrega e um papinho com a consciência...



Muita água passa debaixo da ponte da vida.

Um monte de decisões são tomadas no grito... outras tantas na pressão...

Tanta coisa na vida que é mais uma questão de ceder do que de refletir...

Não é só quem aceita algo que cede. Muitas vezes, quem pede também cede. Acaba cedendo à pressão de pedir. É diferente ser pressionado a pedir de se pressionado a aceitar. Será mais fácil resistir à pressão de pedir do que a de aceitar? Penso eu que sim... ao menos como regra...

E as escolhas que são feitas pelas pessoas ao nosso redor e que nós, por não concordamos com elas, ou porque achamos que poderia ter sido feito de modo melhor, ou sei lá porque - afinal, somos, cada um de nós, os caras mais espertos do mundo e o outro nunca enxerga tão bem quanto nós - temos a presunção de olhar esse alguém e pensar que a escolha que este alguém fez não combina com ele?

Ora... quantas vezes a sua escolha, a minha escolha também não "descombinou" da gente? Seja de fazer, deixar de fazer ou continuar fazendo?! E ainda assim não fizemos como quisemos?! E no lugar daquela pessoa teríamos feito diferente? Teimamos em achar que não e provavelmente estamos certos - e provavelmente estamos errados.



Estamos certos porque se nós fôssemos como nós mesmos somos,  e estivéssemos na posição do outro no momento em que ele decidiu, escolheu, pediu ou aceitou, agiríamos conforme nosso atual gosto/entendimento/vontade. Ou seja, faríamos como achamos hoje que faríamos, que é diferente do que ele fez. se discordamos dele, então é "melhor do que ele fez". Hãnm! Mas e, se concordamos com ele, (aaahh tá...) então faríamos igual ele fez.

Estamos errados porque se nós fôssemos como o outro no lugar do outro e estivéssemos na posição do outro, então, evidentemente, repetiríamos suas escolhas. Ponto.

Imaginemos a aproximação entre duas pessoas. Primeiro: o que determina a aproximação? Uma das partes teria que se interessar, certo? Pelo menos!!!

Normalmente o homem realiza o primeiro assédio. Este "assédio" pode ocorrer de um milhão de meios diferentes... Um bem difícil de resistir é aquele que é delicado, educado, persistente, eloquente, decidido. Decidido, porém paciente... Este já traz explícita suas intenções: "Daqui eu não arredo o pé sem conquistar você. Não basta ficar com você, preciso da conquista, do pacote!". Existe aquele assédio fajutinho... bem fugaz: "eu não tô fazendo nada, você também..." Existe o assédio nojentinho... do tipo "aproveita essa chance que um raio não cai duas vezes na mesma árvore (afinal, eu sou o cara!)". Existe o assédio tímido: "se você quiser eu quero". Existe o assédio duvidoso: "não era isso o que você queria?". Existe o assédio confiante: "vamo ou bora?". O romântico: "Finalmente te encontrei (você é minha metade perdida...)!". O apaixonado-exagerado: "É que eu não sei viver sem você". O aventureiro: "Ué, vamos ver no que é que dá!" .. Enfim!!!

O que acontece é que quando o assédio não é assim... uma brastemp, mas mesmo assim "cola" e ainda se prolonga, ainda que minimamente... existe uma séria probabilidade, pra não falar em "risco", de que o assediador se transforme em assediado. E o assédio ao assediador sempre será, no mínimo, persistente: "Você vai me pedir o que eu quero que você me peça, e eu vou esperar bem aqui na sua frente de braços cruzados... não se apresse... take your time."




E o que vocês acham que acontece? Eles pedem o que elas querem que eles peçam. Na maioria das vezes...

Então!? Onde está o quê da questão? Na escolha que iniciou tudo, talvez? Esta é uma das engrenagens do mundo e da vida em sociedade, certo? O homem deve fazer o que se espera, e se espera dele que ele seja caçador! O homem-macho! Machón!

Eu seeeeeeeeeeeei! Santa pacieêeeencia!!! (Suspiiiiiro)

Meninas! Aqui quero abrir um parêntese. Será que esse texto está meio machista? Uga Uga? Huuuum... Eu confesso que sou meio machista mesmo... sabem? Não sou partidária daquela lambisgóia que queimou o soutien. Mas, evidentemente, ter direitos têm vantagens.... Não estou discutindo isso. É só que eu quero acreditar (por favor, me deixeeeem! por favor, por favor, por favooor!) que ainda não preciso escrever que a mulher vai assediar o cara como se fosse sempre assim. E sabem aquilo que dá jacaré e lobisomem, né? kkkkk Deixa quieto! Vamos falar do tradicional, romântico e fofinho... conforme manda o figurino. Já basta aceitar os patifes e cafajestes no mundo, já basta saber da piriguetagem "cumenu solta". Deixa eu escrever sem pressão, que essa é a escolha que eu faço ;).

Falando em escolhas... há uma escolha "ali". Uma escolha de alvo no tal do assédio inicial, digamos assim. Bem, sendo franca, essa escolha existe apenas "relativamente" e relativamente se relativiza no caso a caso.

Alguns têm maaaais, outros nem taaaanta... outros talvez não a tenham realmente. Tudo depende de você saber "medir o seu alcance" e isto depende de, basicamente, se ter um espelho em casa e de saber fazer um uso coerente e sábio dele.

Mas em geral há uma escolha de alvo. Nada mais lindo pro sapo do que a sapinha, nem mais bonito pro macaco do que a macaquinha, né não?! Então pronto! Fechou!

E dentro os alvos, temos os alvos fáceis e os alvos difíceis.

E existiria uma regra na seleção dos "alvos"? E este é só um nominho didático, hãm? Não estou sendo desrespeitosa com as meninas, ok?! Mas enfim... Eles dizem que existe uma regra sim, um parâmetro, mas é a maioooooor mentira deslavada! Não é o sorriso que conta? Ou o humor? Ou a inteligência? Ou o caráter? E por que a variação? Hein? Hein? Heeein?! Sabe? Aaafe!!! Porque não existe parâmetro coisa nenhuma! Por isso!!! É muuuuito irritante! Pode até existir um certo "ideal" que é reiteradamente deixado de lado, ignorado, relativizado, em nome de Deus sabe lá o quê! Já vi vários casos de meninos que preferem uma menina assim-assim-assado, mas cujas ex-namoradas são todas assado-assado-assim! Ninguém entende nada!

Resumindo, a inexistência de um parâmetro por pura impossibilidade de ser (existir) é irritaaaaaaaante! Mas como brigar pelo que é imbrigável? Como comparar o que não se compara... ??? Ora, duas pessoas não podem ser comparadas!

E por isso a minha brilhante, luminosa, esplendorosa, genial conclusão é de que o passado amoroso alheio é um cocô!!!!  Afeeeee! Principalmente se o "alheio" está com a gente, né? Hunfp!

Se presente é sinônimo de dádiva... passado é sinônimo de quêêêê? Aaarrrgh!!!!

E como tachá-lo - esculhambá-lo, xingá-lo - se ele (passado) carrega tudo do outro que queremos esquecer - e tanto de nós (que náo podemos esquecer) - mas ainda o próprio DNA daquilo que nos constitui? Somos o nosso passado!!! Como odiar a nós mesmos dessa forma?

Somos o resultado do que vivemos, do que escolhemos, do que aprendemos, do que perdemos, ganhamos, sofremos, experimentamos!!! 



Passado é bagagem. Bagagem cujo conteúdo todo é valioso. E, entretanto, por mais que nos seja caro, não há como ignorar seu peso sobre nós. O passado pesa. É feito de matéria densa, maciça.

E se o futuro é a projeção do hoje amanhã, e o hoje é a construção do futuro-passado... o que isto faz de uma pessoa se não 99% de passado? A soma do passado, do futuro-passado e da projeção-do-futuro-passado? Somos um monte de passados sobrepostos... o passado que já vivemos e o que iremos viver.

E se mal conseguimos lidar com o nosso passado, imaginem o passado do outro! O passado, especialmente para quem o compreende, é muito a absorver.

Que vida simples e feliz têm aqueles que dizem que "quem vive de passado é museu"... É que quem não vive de passado, não vive! Quem não vive de passado apenas existe no presente. Quem não vive de passado não entende de história, de lições, de bagagens. Quem não carrega bagagens não é desprendido, é pobre! A bagagem que o passado traz é aquela que traduz quem somos... se nada temos de nós mesmos a transportar do hoje para o amanhã, nada fizemos, nada aprendemos, nada somos.

Sim. Vivo de passado. E vivo de passado porque vivo. Porque tenho muito de mim para transportar.... nem tudo me agrada, mas nem tudo me desagrada. E assim eu sigo, eu e o meu passado que a cada dia cresce, porque a cada dia, cresço eu.

E disso eu concluo (tcham tcham tchaaaaaaam!) que amar uma pessoa é fácil. Muito fácil.

Mas continuar a amar uma pessoa é que não é. Aí o negócio aperta. Continuar amando uma pessoa, no matter what, aí é difícil. Difícil pra chuchu.




Continuar amando uma pessoa é coisa de ninja mesmo! Tem que ter muita disposição. Quando a gente sabe que alguém nos ama desse jeito, assim... no "modo" continuado... Ihhh! Dá muita segurança, né? Acho que é tipo amor de mãe. Sabem?! Pra vocês terem uma ideia de como é difícil um amor assim... que keep going.

Continuar a amar uma pessoa significa carregar junto com ela o seu passado... E passado, já sabem, né? É fardo que continua a crescer diariamente, que pesa mais e mais a cada dia e que, ao final da vida será tipo a carga de Atlas!

Continuar a amar uma pessoa significa deixar que ela carregue junto com você sua carga... Significa não poder fingir que a carga sobre seus ombros tem peso diferente daquele que ela, de fato, possui, porque mentir para si mesmo é fácil! Facinho, facinho.... Mas mentir para si mesmo diante dos olhos atentos do outro é impossííííííível. Aconselho nem tentar... sério mesmo.

Continuar amando alguém significa verdadeiramente assumir um fardo que não o seu próprio. Barra, viu? Significa não questionar as escolhas que o outro fez...  ou pelo menos não condená-lo nem se ressentir dele por elas.

E ainda maaaaaais difícil do que isto: significa aceitar a ajuda do outro com o nosso próprio fardo. Aceitar ajuda é uma coisa dificílima de fazer... Acho que poucas coisas são difíceis como esta.

Por isso encontramos tantos motivos para nos desgastar, desgostar... Aliás, não sei bem o que é "por isso": se inventamos os tais motivos para escaparmos de vivermos no mundo real, ainda que esta seja a mais compensatória experiência - imagino eu - ou se para criarmos tantas oportunidades quantas pudermos de testar a "fibra" daquela relação, pra ver se a bicha é forte mesmo, boa mesmo, se vai dar conta.

E nisso... falando em dar conta, nós não nos damos conta de que estamos é desgastando tudo! Feito onda do mar em falésia, sabem? O negócio é firme e resistente, mas aí ficamos jogando água demais, fora de hora... antes do tempo?! Que burrice!!! Não se trata, na verdade, de testar para prevenir o fim.... mas de antecipar o fim que poderia tardar!

As coisas dependem de nós mais do que gostamos de admitir. Mais do que nos damos crédito.

Sim... corre muita água debaixo da ponte da vida. Mas nem todas as coisas que são cedidas precisam ser simplesmente cedidas. Nem todas as coisas que são decidas precisam ser decididas "insatisfatoriamente".

Querem saber? As vezes fazer uma coisa "no grito" faz um bem danado!!! hahahaha Sim!!! E as vezes parar e pensar um pouco nos salva muita dor de cabeça. É preciso ter equilíbrio entre as escolhas. Não é fácil. Não... mas não é um bicho de sete cabeças... não é tão complicado quanto se pinta.


Quanto estivermos no fim desta existência, "ninguém" irá vir nos pedir uma prestação de contas. Nem Abba. Eu digo "ninguém" porque quero dizer ninguém além de nós mesmos. Você irá se pedir uma prestação de contas. Sua consciência não vai dar mole nem passar a mão na sua cabeça... ela vai dizer:



"Muito bem Fulano! Percorremos um longo caminho juntos, embora tantas vezes você tenha optado deliberadamente por me ignorar. Agora que o fim está próximo, você já não tem mais a mesma resistência que tinha a mim, não é mesmo? Será que perdeu a força, ou será que percebeu que é chegado o tempo de fazer um grande balanço? Será que não consegue resistir a mim, ou será que não quer, simplesmente? Resolveu me aceitar? Fulano... o que foi feito de todo o tempo que tivemos? Não espero que você tenha usado esse tempo com uma sabedoria que, à época, não possuía... mas você foi feliz nesse tempo, Fulano? Você ao menos foi triste, então? Quer dizer... você USOU esse tempo, Fulano? Ou deixou que ele passasse em branco? Que bagagem carregaremos para a eternidade, Fulano? Não me diga que iremos chegar à eternidade com uma marmita vazia... Fulano... MIIIIIINTA pra mim! Me diga que será preciso um trem com muitos vagões, tantos que se perderão no horizonte para levar toda a bagagem do que você viveu! Me diga que nem todos os museus do mundo juntos ostentam tantos quadros quanto a parede da sua memória - repleta de lembranças! Fulano, me conte dos amores que teve... me diga 'Consciência, não amei muitas, amei muito. Amei a uma muitas vezes, amei muitas mulheres numa mesma mulher... e para ela fui todos os homens do mundo, para que sua vida fosse metade da completude que me proporcionou'. Me fale dos lugares que viu, dos sabores que provou, dos banhos de chuva! Fulano... me fale, por favor, do bem que fez e do mal que preveniu. Me faça uma oração fervorosa para me confortar agora, que estamos próximos do fim. Me diz da sua relação com Deus e me convence de que Ele é amor e bondade. Me fala que espera perdão por seus pensamentos e gestos equivocados e mesquinhos. Vamos tentar perdoar a você juntos, nós dois. Se você realmente quiser ser perdoado, eu o perdoarei. Vou lhe contar um segredo: Deus não perdoa ninguém.... porque não se ofende com nada que façamos... Ele é só amor. Sabe, Fulano... o perdão que você precisa angariar é o seu. É o meu. Minhas condições para dar-lhe o perdão são poucas e claras: há de ter usado o seu tempo, ainda, por vezes, das piores formas!... há de ter feito algum bem, evitado algum mal... há de ter amado e se deixado amar... há de ter orado para que eu saiba que lembrou de Deus ao menos um pouco, já que Ele lembra de você constantemente... há que ter sido criança enquanto adulto... há que estar saindo da vida com uma bagagem maior do que aquela que entrou. Não quero chegar à eternidade e passar vergonha vendo as suas mãos no bolso! É preciso que leve ao menos uma trouxa! Fulano... vou dizer uma coisa... sei que muitas vezes você duvidou de si mesmo, e por isso teve exatamente a vida que mereceu, mas eu nunca duvidei, nem por um instante. Nada é impossível para quem acredita."





"Amei, fui amado, o sol acariciou-me o rosto. Vida, não me deves nada! Vida, estamos quites!
Amado Nervo


Prestadas as contas com a consciência, cada um terá, também, o fim de vida que merecer... assim como teve a vida que mereceu. Ainda aí, escolhas poderão ser feitas: sóbrias e malucas... é preciso decidir, depois de tudo isso, quais as que estão faltando pra você.

Então é isso. No final das contas o bem mais escasso é o tempo. Por isso é tão valioso. É impagável, irrecuperável, inestimável.  Cada dia perdido, cada instante perdido... é exatamente isso: perdido.

Um segundo e uma eternidade se misturam num mesmo momento que passa e não volta, mas irá acompanhar alguém por toda a vida. Imaginem por toda a vida reviver um instante que tem o peso de uma eternidade... agora imaginem que delícia se o que você fez naquele instante foi bom! E imaginem que difícil se foi ruim... Mas sabem o que é pior? Imaginem se foi um instante perdido... um instante não-vivido... uma escolha não-feita!? É enlouquecedor. Na dúvida, não resta dúvida. Faça, faça para arrepender-se de ter feito. Arrepender-se de não ter feito é excruciante.

As vezes temos absoluta certeza de algo. Queremos aquilo. É a resposta à nossa busca. Mas, então, hesitamos. Resolvemos aguardar o momento certo. Talvez o momento certo chegue em breve. Talvez a gente perceba que não existe momento certo e aí decidamos agir, mas aí teremos apenas perdido um tempo valioso de estarmos vivendo algo que já desejávamos e já sabíamos e já havíamos encontrado! Talvez aconteça algo inesperado e não possamos mais viver aquilo que estávamos "reservando" para viver no momento certo... Talvez estejamos enganados e não tenhamos encontrado o que buscávamos, e perdamos a oportunidade de viver algo muito muito muito bom, mas que era diferente do que planejamos. Pras cucuias com os planos! Planos! Plano é aquilo que fazemos enquanto a nossa vida REAL já está acontecendo conosco. E deixamos de vivê-la! Deixamos de vivê-la plenamente... ou até vivemos tudo e é tudo muito bom, mas é MENOS do que poderíamos ter tido!

E lá vem eu com Shakespeare: "Nossas dúvidas são traidoras porque nos fazem perder o bem que poderíamos ganhar, não fosse o medo de arriscar."

Mas prestaremos conta disso, não esqueçam. A nós mesmos. Nossos piores carrascos. À nossa consciência, verduga cruelmente benevolente, e benevolentemente cruel.

O passado é um fardo pesado de se carregar. Sim. Mas se tenho que carregá-lo, que esteja cheio de coisas que vivi, e não de coisas que deixei de viver.




Eu Quero Ser Feliz Agora

Oswaldo Montenegro
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar seu sonho ali pra uma outra hora
Que a segurança exige medo
Que quem tem medo Deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz AGORA
Se alguém vier com papo perigoso de dizer que é preciso paciência pra viver.
Que andando ali quieto
Comportado, limitado
Só coitado, você não vai se perder
Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer
Que Deus só manda ajuda a quem se ferre, e quando o guarda-chuva emperra certamente vai chover.
Se joga na primeira ousadia, que tá pra nascer o dia do futuro que te adora.
E bota o microfone na lapela, olha pra vida e diz pra ela...
Eu quero ser feliz AGORA
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar seu sonho ali pra uma outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo Deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora, que volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz AGORA


http://www.youtube.com/watch?v=38PTGnf85SI


;)



(em homenagem a Isabel Luísa e Marden Rosa)




terça-feira, 1 de novembro de 2011

Uma corrida atrás do vento

"Que as palavras que eu digo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor. Apenas respeitadas. Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos."
(Oswaldo Montenegro)
 



Descobri que existem pessoas que não pensam a respeito de todas as coisas. E por falar em coisas e em "todas as coisas"... Já pararam para pensar no fato de  que o ser humano é a medida de todas as coisas? Significa que o homem é medida de coisas sobre as quais ele nem sequer se dá ao trabalho, via de regra, de pensar?

"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."  (Protágoras)


Sabem... não foi conhecendo esta frase que ela se tornou um fato para mim, foi a compreendendo.

Conclui que somos levados, todos e cada um de nós, a “medir” o próximo a partir de nós mesmos. Nós somos a medida de todas as coisas. Eu sou a medida de todas as pessoas. Sou porque as julgo tomando-me, a mim, por parâmetro. 
 
Se sou capaz, todos são. Se faria, todos fariam. Se acredito, todos acreditam. Se posso, todos podem. Se sei, todos sabem. E se isso jamais passaria pela minha cabeça... na de quem haveria de passar?

É claro que está todo mundo com frio, com fome, com medo. Claro que qualquer um teria vergonha ou acharia engraçado ou feio. É "claro" porque é assim que eu me sinto.

Nossa falibilidade em conseguir pensar e ver as coisas - as possibilidades - as vezes é até ingênua, não é?

Enfim... eu não estou aqui defendendo que seja justo. Apenas que seja. Não disse que minhas ideias são absolutas, são apenas ideias... Acho até que existem exceções, mas a regra é sempre a regra e a regra é essa: medimos os outros, o que são capazes e o que esperar deles a partir de nós mesmos. De nossas virtudes e de nossas fraquezas. Olhamos o mundo com os olhos do umbigo.


Eu não vou dizer que pensava que todo mundo pensava sobre tudo. Eu sei que eu não sou exatamente um parâmetro confiável e eu... bem EU PENSO SOBRE TUDO. Digamos que, muitas vezes, eu sou a medida-oposta para quase-todas as coisas. Mas mesmo sabendo que nem todo mundo pensa sobre tudo,  não sei se eu esqueço disso.... ou o quê! Ou se penso que existem coisas que não podem ser ignoradas. Precisam ser pensadas. Mas não são. Não são!

"Cada pensamento é uma exceção a uma regra geral que é a de não pensar." 
Paul Valéry

O que faz de todos iguais - todos os homens - é o fato de que somos tão assim...  E apesar de sermos todos "umbigo-guiados", temos cada um o próprio umbigo, o que faz de nós pessoas extremamente diferentes. Deve ser isso. Nossa maior semelhança é o tanto que somos diferentes uns dos outros.

 
Semana passada eu estava assistindo ao Jornal da Globo com uma pessoa querida. Preciso escrever sobre essa pessoa depois! Prova física de que Abba me ama e me paparica... Unique! Aliás, preciso escrever sobre duas pessoas queridas depois. Duas pessoas bem excepcionais, considerando o tanto que são excepcionais para mim e que eu considero o meu conceito de excepcional, excepcional! Mas, enfim! Mesmo elas duas, que quase me entendem (tipo.... várias vezes até... não que eu seja ininteligível, mas elas se dão ao trabalho, sabem?)... e mesmo essa pessoinha... que meio que é “me entende como poucos”, não pensa quase nunca como eu e, em geral, nem pensa muiuuuito! Não pensa nas coisas “por aí”... e não pensa nas coisas que eu penso... Aliás, fica meio que fascinada com o tanto que eu penso em tudo, tanto. Mas eu tenho uma teoria sobre isso que acho que é meu próximo (e polêmico) post.

Sabem? Parece que as vezes os outros são a minha medida de todas as coisas... Para o negócio funcionar melhor...

Mas voltando...

Passou no Jornal da Globo uma confusão danada na USP porque a Polícia inventou de prender três estudantes que foram pegos "com maconha". Os alunos foram contra o “procedimento” da polícia, a prisão, enfim! Não estou dizendo que foram a favor da maconha... mas será que não estou? Bom, o que importa é a diferença entre a notícia que eu estava assistindo e a notícia que a minha companhia estava assistindo. Ele estava assistindo à manifestação de um bando de estudantes revoltado/indignado contra a polícia-cumprindo-seu-dever-afinal-de-contas-fumar/portar-maconha-é-crime-e-não-pode. Ele estava julgando o conflito entre os estudantes e os policiais... entendem? E eu? Eu estava pensando que eu estava assistindo no noticiário um fato muito curioso:

Tanto a imprensa quanto os estudantes esqueceram de ser hipócritas e de fazer de conta que ninguém sabe que todo mundo sabe que as coisas são como são e não como deveriam ser e que não faz sentido que indivíduos continuem sendo punidos e discriminados por fazerem coisas que, de forma geral, são aceitas. 

A sociedade só finge que não para manter as aparências... e manter também uma certa dignidade, afinal, não é de maconha que estamos falando aqui... Tem muita coisa "na reta".

Mas todo mundo esqueceu de fingir que é hipócrita. Tava todo mundo meio de saco cheio nesse dia, aparentemente. O que a imprensa ACHA que mostrou foi uma disputa entre estudantes e policiais. O que ela mostrou foi: "Tenha santa paciência, seu guarda... vai pegar no pé da galera por causa disso? A gente endossa isso. Hel-loooww"




Se é certo ou errado? Bulhufas. Tem dia que se está cansado do certo e do errado. As coisas são o que são.

A confusão se originou, resumindo, porque os alunos da USP simplesmente entenderam que era “bobagem” da polícia querer prender os três colegas por causa da maconha. A televisão estava falando sobre isto como quem fala numa indignação estudantil qualquer. Eu estava pensando que este poderia ser um marco um dia quando, quem sabe, optem por legalizar o uso da maconha, e a imprensa diga que “em outubro de 2011 houve uma manifestação na USP de estudantes indignados contra policiais que molestaram estudantes que 'apenas' consumiam cigarros de maconha no Campus” ou algo do tipo.

Eu estava assistindo a constatação de uma mudança moral.  Um mudança que ainda não se assumiu, mas está de saco cheio de viver clandestina. A imprensa falou abertamente e sem emitir opinião crítica a respeito de ser errado ou não o uso da maconha. Para mim isto é significativo.  Significa que a imprensa não quer assumir lados, não que desagradar quem já tá de saco cheio.

Tanto faz se os estudantes estavam atentando contra o pudor, por exemplo, e ocorreu um manifesto na USP, se era por causa de um reitor corrupto, se alguém encontrou um urso pólar no meio do estacionamento. A notícia era em razão do “fuzuê”. A imprensa estava se lixando se é bonito ou não fumar maconha.

Eu estava assistindo ao fato de que não nos choca mais, não falamos mais sobre isso aos cochichos. Não é algo de cuja existência conhecemos, mas nos envergonhamos. São apenas três alunos enchendo a cara ou fumando maconha. ou fazendo sexo explícito. Independe se você usa ou não, concorda ou não, apóia ou não... É uma realidade.

Muito pior seria um trote violento, por exemplo. Muito mais chocante seria o cometimento de maus tratos contra animais. Eu assisti uma notícia no Jornal da Globo que me mostrou o seguinte: fumar maconha não tem nada demais. Talvez ser corrupto também não, nem ser adúltero, nem homosexual, nem ninfomaníaco. É meio que "cuide da sua vida, que eu cuido da minha, contanto que não me prejudique e que não me torre a paciência".

Se alguém vê a liberdade "de escolha" ameaçada, sei lá... se chateia... também não quer ter a sua própria liberdade tolhida... Daí a manifestação da USP. Não foi em prol da maconha, foi em prol do "não-se-meta-na-minha-vida.com.br".

O homem é a medida de todas as coisas. Se estão se metendo na vida do meu vizinho, podem se meter na minha... isso eu não vou admitir!



Sim, é fato. Eu penso demais sobre as coisas. Eu visualizo demais. Talvez não seja nada disso ou você considere esse "quadro" exagero meu. Talvez seja excesso de senso crítico ou eu estivesse na TPM. O que me intrigou, contudo, é que esta é uma constante... eu penso, eu penso que penso, eu peeeeenso que vi... eu penso que pensei que vi.

Pensando assim eu cheguei à conclusão de que não posso ser  eu a minha medida de TODAS as coisas. Sou a minha medida de algumas coisinhas, para as demais utilizo medidas mais adequadas! Diversas... Utilizo você e utilizo alguém ali ou acolá. Os homens são as medidas de todas as coisas... talvez seja esperto usar mais de uma medida, já que são tantas as coisas a serem medidas.

E que coisa interessante é descobrir que o homem, enquanto medida das coisas, é feito de bolhas, de ar, de massinha de modelar, de tudo e de nada! Quer dizer... Um quilômetro é um quilômetro. Que equivalha a mil metros não interessa! Aquele tamanho lá, aquela distância, não se altera. É uma medida fixa, permanente. Um quilo é um quilo. Um dia é um dia. Mas um homem... um homem é medida que muda a todo momento. Sou a medida de todas as coisas, mas não sou a mesma medida para a mesma coisa duas vezes.

Vou explicar!


Há vinte anos atrás, aos 8 anos, eu tinha uma ideia formada do que era uma pessoa adulta. Há dez anos atrás, aos 18 anos, eu tinha outra ideia, bem diferente da primeira. Hoje, aos 28 anos... o que penso eu? Em que se assemelha a minha ideia em relação à primeira ou à segunda? O que é o amadurecimento senão um constante aprendizado quanto ao manuseio das medidas que somos e que vemos nos outros? Hoje, que a medida de um adulto para mim deveria ser eu... que penso eu que é ser adulto?

Que penso eu sobre o casamento hoje? E que pensava eu há seis meses atrás?! Coisas tão diferentes!!! Quer dizer, na realidade eu pensava exatamente a mesmíssima coisa... o que era diferente era o que eu pensava a respeito daquilo que eu pensava.



Eu pensava: “casamento é aquilo que acontece com duas pessoas que tomam a decisão de acordar juntas todos os dias daquele momento em diante e se sentem as pessoas mais felizes do mundo por saberem que é exatamente isso que vai passar a acontecer”. O que eu pensava a respeito deste meu pensamento? “Utopia”. E o que eu penso hoje? “Putz grila!!! Será que Papai Noel também existe?.

O que mudou? Mudei eu. Mudou a medida. Se eu posso, então é possível. Agora eu acredito. Que seres bobos, ingênuos e limitados que somos nós, os homens. Duvidamos somente porque não conseguimos nos projetar em uma situação.

Engraçado que eu preciso as vezes recorrer a “medidas” muito peculiares. Sabem? Alguns pensamentos carrego muito próximos ao coração, dentro do peito. Acho que todos fazemos isso. Tenho estes “amigos” completamente estranhos... que vieram antes de mim como se tivessem vindo eles mesmos preparar o mundo para aqueles que, depois deles, "pensando mais que a cabeça" (tipo, "dormindo mais que a cama"?), precisassem de um apoio.


Preciso de apoio deles para me sentir uma “diferente normal”. Preciso de Shakespeare, Nietszche, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Wilde, Leminsky e Fernando Pessoa... preciso também de Amadeu Prado, o médico e ourives das palavras, personagem fictício, alma irmã da minha alma... que veio lá... de "Trem Noturno pra Lisboa".


Preciso de Shakespeare para recordar que "falar alivia dores emocionais". Preciso  de Prado para lembrar a importância das Catedrais. Preciso de Vinícius para sonhar o amor.... e de Pessoa para curtir a dor de ser. Preciso de Wilde para entender meu humor sarcástico. Preciso de todos eles para que não me sinta só... para que saiba que a medida de todas as coisas é a genialidade travestida de insanidade.

Preciso da segurança das instituições, da energia das preces fervorosas, preciso do amor dos inocentes, preciso da maldade dos desesperados, preciso que se escarneça da imoralidade – e da moralidade, preciso que se enalteça a moralidade – e a imoralidade, preciso das perguntas, preciso do silêncio, preciso do tumulto, preciso da insanidade temporária, preciso de almas inquietas, de amores insanos, preciso de sobriedade, preciso de desafio, preciso de disciplina férrea, preciso do des-rigor, preciso da imaturidade, preciso de precisar e preciso de bastar. Não é bastante que seja preciso, é preciso que seja bastante... mas é ainda mais preciso que se precise sempre. Não sei.

Salomão, aquele lá da Bíblia... é interessante. Ele disse: "Quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento". (Eclesiastes 2:11.)

E eu paro e penso. Claro. Elementar, meu caro Watson. Óbvio que eu penso... E penso o seguinte: O que é correr atrás do vento?

Bom... Lembrei disso agora porque, na verdade, a vida é uma corrida meio que atrás do vento mesmo. O grande problema é que ficamos ali, fazendo as perguntas erradas! Salomão ficou todo frustrado, achando que correr atrás do vento era o maior programa de índio. A pergunta não é “Pouxa, vida! O que eu fiz para merecer um programa de índio assim tão Uga Uga?” E sim “Como fazer desse programa de índio (digamos assim) uma coisa boa?”

Coloca uma tanguinha, um cocá... e corre!!! Corre achando que pode ser divertido! É isso! Corre assim... como se você fosse o vento!!!


A vida é uma corrida atrás do vento? Bom... de fato, estamos indo atrás de algo que podemos intuir... que desconfiamos que conseguimos “brechar”, as vezes, quando sopra uma folha... mas não sabemos o que nos aguarda. Não conseguimos enxergar.

Então o que fazer? Corra... ou flutue junto com o vento... Correr contra o vento?  Não! Correr atrás do vento? Huuum... Corra COM o vento. Faça do vento seu aliado. Sabe? As vezes eu esqueço isso também. Super mega gasto desnecessário de energias. Noooossaaaa... Maior besteira!!!

Corremos e temos dentro de nós um instrumento super ultra blaster moderno. O GPS por excelência...  a bússola! Aquela centelhinha divina de Abba que nos orienta e que é movida a "tum tum tum"... basta que nosso coração esteja batendo que ela está nos guiando. 

Eu realmente acho que todos somos capazes. Sim. Hahahahaha Porque eu tenho certeza de que EU sou capaz. E EUUUU sou a medida de todas as coisas... pelo menos de quaaaaaaase todas!!! Desta eu sou! Então se eeeeeeeu, posso... você pode. Sacou?

Um dia quiseram puxar meu tapetinho e me disseram assim: “Credo, Eduarda, você nem espera a garrafa encher e já sai correndo pro deserto!” 


SIM!!!! Esta sou eu!!!

Irei correr pro deserto com ou sem garrafa... irei sentir a areia escaldante, irei até onde for preciso... Só sei que irei! Irei correr com o vento.  Irei viver a vida e irei participar dela acreditando que é preciso mais do que meia garrafa seca para me derrubar. Ora essa! Tô dizendo mesmo!!!! Já pensou?!


Ia ser uma OFENSA se me dissessem “Parabéns, Eduarda, você só corre pro deserto com a garrafinha cheia (de isotônico), o seguro de vida e de viagem feito, protetor solar e guarda-sol”. Olha para a minha cara e vê se eu tenho jeito disso? Sabem? Se der para ter todo o kit mamãe-me-arrumou-pro-piquenique, ótimo! Maravilha... BEM! Se tiver que ir com meia garrafa de água quente.... AMÉM! Que assim seja.

Não vou achar que uma corrida atrás do vento é uma coisa ruim. Não vou!

Tudo bem... tuuudo beeeem... tem todo aquele papo de nem 8 nem 80000... mas eu nunca enganei ninguém, né? Mané 8 ou 800000...! E tem mais! Já aviso logo para Abba: "segura a onda aí que eu tô indo e eu conto com Você pra cuidar de mim, das flores e dos pássaros! Vai vestindo elas, alimentando eles e cuidando de mim... só não me põe juízo na cabeça que me dá uma enxaqueca danada!!!" =)

De que outra forma eu falaria com Meu Pai? Com o melhor Pai do muuuuundo? O que mais eu poderia esperar Dele??? Aaaahhh neeeem! O Meu Abbinha cuida. Ajuda-te e o céu te ajudará.

É isso!!!! Deus alimenta os pássaros e veste as flores. Ele cuida de todos e de cada um de seus filhos. Cada vez que eu penso em esquecer disso... AI AI AI! Não é bom, sabe? Me dá um aperto no coração!!! Muito ruim!

Esses dias eu estava assistindo um filme que tinha um padre que dizia que até já “tentou” perder a fé... mas é como se ele sentisse a pontinha da unha da Deus roçando... futucando... quando ele pensava essas coisas. Não sei se é uma analogia morta de linda. Mas não está longe da realidade. Ele vem e cutuca e eu sinto dentro de mim aquele velho e bom “A senhorita neeeeeem invente de desistir de Mim... porque Eu não vou desistir de você.” Fazer o quê? Se Ele é mais teimoso do que eu? E olhe que eu sou teimosa (de cum força) viu???!!!

Sim. Eu posso. Você pode. Nós podemos. E isto não é aula de português e eu não estou treinando a conjugação do verbo “poder”. Capisce?

Não sei se pensar tanto assim é bom ou ruim. Mas não gostaria de ser de outra forma. Nem gostaria de gostar de ser de outra forma. Sei que isto faz de mim quem eu sou. É como a rosa do pequeno príncipe.... sabem? Sou única no mundo  para as pessoas que, de algum modo convivem comigo, e o que eu sou para elas, pensando do jeito que eu penso, faz com que seja a rosa de cada um, e cada um a minha rosa.



Não consigo imaginar viver no mundo e passar batida por ele, como vejo que acontece - pelo menos em relação a muitas coisas - com a maioria das pessoas ao meu redor. Não consigo imaginar como seria viver rodeada de pessoas e ser incapaz de pensar-me nelas. Aliás, consigo imaginar sim, consigo e não gosto.

Não gostaria de não parar para pensar no movimento de uma folha que cai. Na trajetória de um olhar que dói. Na distância de uma proximidade que não existe. Deus me livre não pensar nas cores que formam um feixe de luz, no calor dos grãos de areia sob minha mão, no som do vento. Não queria, de modo algum, ignorar os formatos das nuvens e das sombras, o sorriso das pessoas estranhas, a alma de um violinista.

Mas mesmo pensando assim... acho que passo batida em muita coisa. É isso do referencial. Vejam bem: vendo-me de um referencial que não o meu... de uma medida que não a minha... me vi alguém que eu não conhecia. Esse é um exemplo. Bom, estou tentando entender o que eu estou vendo ainda. Hahahahaha Estou tentando me ver de mim, não da maneira como eu já vejo ou como eu veria se eu conhecesse alguém como eu... mas como eu, sendo outro, me vendo como o outro me vê, me veria a mim.

Somos a medida de todas as coisas. Mas somos tantas medidas!


O que lhe faz feliz? O que lhe faz sorrir? O que lhe apetece? O que lhe intimida? O que lhe anima? O que me faria feliz, sorridente, faminta, tímida, animada? O que faria a qualquer um? E por quanto tempo?E o que faria qualquer um? E todos?


É preciso correr com o vento. E também atrás do vento. E também do vento. E para o vento. E, sobretudo, é preciso correr.


A vida é uma corrida contra o tempo. Uma corrida atrás do vento. Uma corrida sem regras e com tantas regras que seria impossível conhecê-las todas.

Imaginem esta grande planície... uma corrida de borboletas.


Imaginem esta grande planície... um estouro de elefantes. Eles lá: correndo!


Com o que você se identifica? O que isto significa?

As vezes... sinto que tem um elefante sentado no meu estômago. As vezes eu fico meio "elefantada", viu? Acho que querermos ser borboletas está de bom tamanho. Ninguém consegue ser o que pensa que deveria ser o tempo todo, né? As vezes somos elefantes com asas... ou borboletas nada esbeltas... tipo peso pesado. Mais válido do que ser uma borboleta super-fat, por exemplo, é ser um elefante "maneirinho"... é perseguir a leveza.



E lá estava eu... que não consigo parar para terminar esta postagem... pensando e pensando e pensaaaaando e sentindo que ainda não tinha escrito o que eu vim escrever. Sabem? A ideia não está ainda completa. Mas o que está faltando? E eu não conseguia "sair do canto"... Então comecei a buscar as imagens... Imagens mesmo, para ilustrar o que já escrevi, porque estou longe do meu acervo e tive que partir do zero... e aí eu compreendi uma coisa.


É como disse Shakespeare (não cansava de estar certo o rapaz... ):" Vivemos todos sob o mesmo céu, mas não temos todos o mesmo horizonte". Mais do que medidas diferentes, mais do que pessoas que pensam mais, menos ou têm preguiça disso de pensar, né? Somos criaturas que enxergam tudo de um observatório único e distinto umas das outras.

Mesmo os que pensam muito, pensam tudo de uma forma diferente. Mesmo os que pensam pouco, o fazem por razões distintas. É tão difícil encontrar alguém que seja um espelho no qual possamos nos refletir! E tantas vezes buscamos mesmos um quadro que reflita a imagem do que gostaríamos de ver. Entre quadros e espelhos, nos perdemos nas buscas que nos deixam anestesiados e extasiados... sem saber, sem compreender o que é aquilo que procuramos encontrar, afinal de contas!

Buscamos respostas para perguntas que não ousamos elaborar.

Sabem por que Descartès disse a famosa frase "penso, logo existo"? Olha a viagem! Porque ele estava em dúvida se existia realmente ou não. Ele fez uma pergunta bem ousada, hãn? "Eu existo"? E concluiu "Dubito, ergo cogito, ergo sum." (Eu duvido, logo penso, logo existo).

Primeiro é preciso desafiar a certeza. Somos então elefantes alados que acreditam ser borboletas? Borboletas obesas que acreditam ser elefantes alados? Somos iguais ou diferentes? Somos, ao menos? O que vemos? Em que acreditamos? O que você irá ler ao final deste post? Será que, por alguma hipótese, será a mesma coisa que eu penso que escrevi?

Pouco provável.

Isso meio já me inquietou. Imagina!!! Eu escrevo, escrevo, escrevo um bonde de coisa que eu estou pensando e disso tudo que eu penso que estou dizendo, você vai ler o que VOCÊ pensa que eu estou escrevendo.. que é diferente daquilo que eu PENSO que escrevi e que é diferente daquilo que EU penso que você lerá.


E é isso!!!

O que fazer?

Nada...

Faz como "Johnny": KEEP WALKING.

Aos que são de pensar, bem. Aos que não são, amém. E que esta louca boa e incompreensível corrida atrás do vento nos leve longe... e além. Sempre.

Além de nós mesmos, de nossas pobres e poucas perguntas. Das respostas ausentes, em direção aos desejos presentes. Não precisa pensar muito para deduzir que o mais importante não é o destino, nem a chegada, mas o trajeto.