Eu conheço uma menina que tem um avô poeta.
Eu sei do avô poeta de uma menina que eu conheço. Ele mora no céu.

Cordel é um tipo de poema popular, originário de Portugal. A criação é oral, depois os versos são impressos e expostos pendurados em cordas ou CORDÉIS (daí o nome). No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não vingou necessariamente. Aqui nem sempre os folhetos são exposto em cordões. A escrita é rimada e os cordelistas recitam seus versos de forma melodiosa e cadenciada, eventualmente acompanhados de viola.
"Em cada fio de cabelo tem um cordel pendurado"
Zé Saldanha
Estava no carro, atrasada, a caminho do trabalho.
O clima em Brasília está bem seco ultimamente. Hoje, por exemplo, chequei e vi que a umidade relativa do ar, segundo o weather channel, está em 29%. E eu, particularmente, acho que estes canais são otimistas demais. É desconcertante a passagem do tempo, a mudança das estações, os ciclos da natureza: todo dia igual, todo dia diferente.
Mas, naquele dia eu estava dirigindo pelo mesmo caminho que faço todos os dias quando, de repente, me senti dentro de uma poesia, de um filme, uma canção!
Uma árvore na qual nunca tinha reparado antes resolveu soltar muitas e muitas, centenas de folhas (pelo menos centenas!). Elas flutuaram igualzinho acontece nos filmes... folhas amareladas que passaram bem diante do meu carro e se arrastaram levadas pelo ar... como se fossem um bando de pássarinhos dourados de papel... mas no formato de um cardume de peixes... um "cardume de pássaros de papel amarelos" flutuando!
Uma árvore na qual nunca tinha reparado antes resolveu soltar muitas e muitas, centenas de folhas (pelo menos centenas!). Elas flutuaram igualzinho acontece nos filmes... folhas amareladas que passaram bem diante do meu carro e se arrastaram levadas pelo ar... como se fossem um bando de pássarinhos dourados de papel... mas no formato de um cardume de peixes... um "cardume de pássaros de papel amarelos" flutuando!
Naquele instante eu senti uma ternura muito grande. Tive consciência do quanto sou privilegiada apenas por ser capaz de captar e valorizar um momento como esse. E me lembrei de Andressa... uma "velha nova amiga". É que o avôzinho dela foi pro céu esses dias.
Não sei dizer porque, exatamente, lembrei dela. Acho que porque eu pensei nas sensações que as folhas voando me transmitiram, no tanto que me senti confortada pelo amarelo e avermelhado que coloriram a cena, e imediatamente imaginei que era obrigação minha compartilhar com o blog aquelas sensações de alguma forma... E talvez, só talvez, alguns instantes antes uma parte do meu cérebro que eu não tenho consciência direito estivesse me dizendo que precisava escrever sobre o amor tão lindo daquela neta por aquele avô...
Acho que ver aquele "cardume voador amarelo" ondulando na minha frente me fez, subitamente, provocar o encontro dos meus pensamentos superficiais e dos sutilmente encobertos...
Acho que ver aquele "cardume voador amarelo" ondulando na minha frente me fez, subitamente, provocar o encontro dos meus pensamentos superficiais e dos sutilmente encobertos...
Nem quero escrever sobre amor hoje. Chega, né? hahahahaha Vou dar um tempinho de tanto amor! Num tem condições! Tá me dando náuseas! hehehehehehhehehe
Mas também não quero escrever sobre morte!
Amor e morte! Duas coisinhas que não são novidade pra quem lê o blog. Dois assuntinhos que nunca ficam fora foco por aqui, não é?
Quando eu soube que o vô da Dêssa foi pro céu eu escrevi assim pra ela:
"Já sabe, né?"
Porque ela lê o blog.
Com isso eu quis dizer assim: já sabe que ele voltou pra casa, pra a verdadeira "vida", perto de Abba. Que ele está bem e que a tristeza é de quem fica... a preocupação e o pesar são por quem fica... que fica é que vai ter que aprender a viver "aqui" sem a presença de quem "foi".
Quem fica continua na mesma vida, ou quase na mesma vida, porque agora ela é menos do que era antes... um dia. É como a frase de Madre Tereza de Calcutá que diz que "O mar seria menor se lhe faltasse uma gota". Ela diz: "Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
Cada pessoa faz diferença. O mar de nossas vidas fica menor sem uma pessoa.
De gota em gota, o mar de nossas vida diminui, mas também aumenta com as pessoas que partem e as que chegam. Só que eu acredito que, embora nenhuma função ou papel seja insubstituível, toda pessoa o é. Quer dizer... podemos ter novos namorados, amigos, chefes, confidentes, desafetos, ídolos... mas há apenas um de cada um de nós. Únicos e inimitáveis. Uma Eduarda Moraes Chacon CPF tal, RG tal, tipo sanguineo tal, mania insportável de fazer isso, jeito esquisito de sentar, modo desafinado de cantar, maneira de contar histórias... Não há duas e não é possível substituir isso! Nem Eduarda, nem José, nem Pedro nem Alice nem Auxiliadora nem Manoel!
AI DE QUEM FICA! AAAAI!!!
Mas quem foi, e quem foi tendo feito o que veio fazer, ou mais do que veio fazer, ou o melhor do que poderia!... Essa pessoa vai chegar lá "em casa", na casa de todos nós, com Abba, com um mundo inteeeeiro para RE-descobrir, RE-lembrar!
São amigos e familiares para RE-encontrar... são pensamentos e ideias para colocar em ordem... tantos pontinhos para ligar, pingos para pôr nos i's...
Aaah! Se ao menos eles que "foram" pudessem ter certeza de que nós, que ficamos, estamos bem! Seria tão bom! Tão bom que pudessem se voltar em paz para as tantas coisas que reclamam seu tempo e atenção! Seria tão bom que pudessem parar um pouco e pensar em tudo ou não pensar em nada, agora que o tempo não importa mais!
São amigos e familiares para RE-encontrar... são pensamentos e ideias para colocar em ordem... tantos pontinhos para ligar, pingos para pôr nos i's...
Aaah! Se ao menos eles que "foram" pudessem ter certeza de que nós, que ficamos, estamos bem! Seria tão bom! Tão bom que pudessem se voltar em paz para as tantas coisas que reclamam seu tempo e atenção! Seria tão bom que pudessem parar um pouco e pensar em tudo ou não pensar em nada, agora que o tempo não importa mais!
Só que tem um porém: como esquecer de nós? Os que ficamos...? Tão indefesos, ignorantes e inconsoláveis aqui no nosso mundinho sofrendo de saudade., de irresignação, de incompreensão? Como medo de tudo que não conhecemos e que não entendemos? Tantas vezes ignorantes quanto aos nossos sentimentos ou quanto à natureza deles?
Como não olhar para nós, aqui... os que ficamos? Como não olhar para a gente com ternura e com dó? Com aquela proteção e aquela compaixão dos que possuem uma paz a respeito da qual não sabemos coisa alguma? Olham para nós e nos veem aqui, crentes e convictos de que choramos por eles... mas por quem realmente choramos a maioria de nós? Choramos por nós! Nós, coitados, coitadinhos, coitadíssimos!... Que continuamos aqui, no oceano, mar de uma gota a menos... nós que agora estamos aqui, longe de alguém que partiu e que nunca mais veremos.
Imagino a cena: os anjos, os amigos queridos no mundo espiritual... dando um tapinha nas costas dos nossos entes queridos que estão com aquela ruga no meio da testa (quando são mais durões) ou com aquele choro incontido!
Mas nem tudo são rugas! As vezes há um sorriso de canto de boca. Um "orgulho danado". Tranquilidade com uns ali e outros acolá.
Não é que ele lá, que foi pro céu, não soubesse do quanto alguns de nós somos especiais, não é que não esperassem grandes coisas de uns ou de outros... mas é que, no final das contas... que danadinho que Fulano se saiu! Que força espetacular! Que grandeza de espírito! Que apoio extraordinário tem representado para os demais. Que bom saber que sua família está se amparando mutuamente! Isso lhe dá forças! Lhe dá paz!
Não é que ele lá, que foi pro céu, não soubesse do quanto alguns de nós somos especiais, não é que não esperassem grandes coisas de uns ou de outros... mas é que, no final das contas... que danadinho que Fulano se saiu! Que força espetacular! Que grandeza de espírito! Que apoio extraordinário tem representado para os demais. Que bom saber que sua família está se amparando mutuamente! Isso lhe dá forças! Lhe dá paz!
Quando eu lembro na minha amiga Dêssa, imagino o avô dela pensando nela exatamente assim: que menininha mais danada! Que criatura fantástica... que tesouro de neta eu tenho! Valha me, minha Nossa Senhora! Que benção!
Será que ele já sabia do TANTO que ela é especial antes mesmo de ir pro céu, ou será que sabia que ela era especial.. mas tá lá rindo feito bobo de ver o muitãozão? Tooodo orgulhoso?
Imagino aquele senhor, alma de artista, poeta, gentil, cavalheiro. Aquele bom humor inteligente. Tanta coisa vivida. Aqueles olhos de quem já viu mais do que consegue falar. Imagino como quem imagina alguém que não conhece mesmo., porque eu não tive o prazer de conhecê-lo. Me sinto completamente a vontade para fantasiar, mas com absoluta convicção de que estou inexplicavelmente próxima à verdade.
Ajuda eu ser assim... intuitiva... simplesmente Eduarda. Duda. Eu e meus "poderes mágicos".
Imagino aquele senhorzinho, recém-chegado em "casa" lá no céu e já tão popular, tão querido! Aposto que dua chegada já era esperada e ansiada pelos amigos de muito tempo. Penso que deve estar meio dividido, é verdade, entre os reencontros e descobertas, entre o resgate de tantas lembranças e o alcance de tanto entendimento e a saudade que deixou nos amigos e familiares queridos. A saudade que ele deixou NOS outros, não que ele não sinta, mas é que ele não quer que sofram de saudade, quer que, como ele, sintam a presença uns dos outros em seu coração e aquela saudade de bem querer. Só que ele sabe que não é simples assim... lá do céu fica mais fácil mesmo.
Mas, então, olha pra trás e percebe: sua partida, quem sabe, está sendo uma oportunidade de aprendizado e evolução moral pra algumas das pessoas que o amam. Que coisa incrível! Estão aprendendo a sentir saudade. Saudade que não dói, saudade que acalenta.
Mas, então, olha pra trás e percebe: sua partida, quem sabe, está sendo uma oportunidade de aprendizado e evolução moral pra algumas das pessoas que o amam. Que coisa incrível! Estão aprendendo a sentir saudade. Saudade que não dói, saudade que acalenta.
Olha pra sua neta, Dêssa, e a vê falar de si com tanta ternura e orgulho, nunca com pesar depressivo... mas com aquela saudade que sentimos de quem parte pra algo melhor: "pedir que ele não fosse não era certo, não era uma opção".
Ver esse tipo de hombridade, de solidariedade e maturidade naqueles que amamos deve dar um orgulho DAQUELES!!! É como quando eu disse para a minha mãe que queria que ela morresse primeiro que eu! hahahaha É que quando a gente ama temos que querer o que é melhor pro ooooutro, não o que é melhor para a gente. Querer o que é melhor para quem a gente AMA e não o que é melhor para o nosso AMOR.
Imagino o vô da Dêssa de chapéu de palha, camisa branca de botão, calça de linho... passeando despreocupado pensando na vida e refletindo. E, só de ter escrito "calça de linho" lembro aquela música que diz: "calça nova de riscado, paletó de linho branco que até o mês passado lá no campo ainda era flor..."
Em um mês uma flor pode deixar de ser flor e virar paletó ou calça de linho branco? Sim, não é? E tudo o mais na vida pode mudar em um período mais ou menos super curto.... certo?!
Por isso o outro assunto (fora a amor e morte) do qual sempre acabo falando no blog e acabou não ficando de fora desse post: os planos.
John Kennedy disse: "A vida é o que acontece conosco enquanto estamos ocupados fazendo outros planos."
Curioso... Depois que "conheci" Derek (o homenzinho canadense que faleceu, escrevi sobre ele no post http://eduardachacon.blogspot.com/2011/05/o-ulitmo-post-antes-de-morrer-ele-tinha.html) não consigo mais falar sobre a falibilidade dos planos e sobre as reviravoltas da vida sem lembrar dele...
Enfim! Temos que estar preparados para o fato de que, não importa quanto sentindo tudo faça pra a gente, o que se passa dentro da nossa cabeça é uma parcelinha ínfima do mundo... embora seja o mundo inteirinho para nós.
A efemeridade da vida é um fenômeno, de fato, ímpar.
O que são 100 anos? É pouco tempo? Depende!
E 100 anos são uma vida? Depende!!!
Uma vida pode durar dias... instantes. E o que pode ser concretizado, alcançado no espaço de uma vida? Não é possível prever. Tudo e nada ao mesmo tempo...
Alice pergunta ao coelho na história "Alice no país das maravilhas":
Alice: "Coelho: quanto tempo dura o eterno?"
Coelho: "As vezes apenas um segundo."
Quer dizer... a relatividade do tempo é uma coisa incrível!!! E a duração da VIDA - que não se confunde com o significado da VIDA - se confunde com o TEMPO! Ufaaa!
DURAÇÃO DA VIDA <-------> TEMPO
DURAÇÃO DA VIDA <------->SIGNIFICADO DA VIDA
A pessoa pode conquistar e realizar coisas na vida, seja ela uma vida longa ou não que irão refletir por taaanto tempo!!! É meio que uma forma de se tornar imortal até. O tempo, então, não é tão relevante para a duração da vida, mesmo porque, sabemos que hoje as pessoa vivem 100 anos, mas há um tempo mal viviam 50 e, no futuro, talvez vivam 150 ou 200 anos. Mas quanto serão capaz de realizar? Será que mais tempo se tornará sinônimo de mais realizações?
No meu último post escrevi sobre a pequena Rachel, garotinha norte-americana que em seus 9 aninhos de vida realizou muito.
O vô da Dêssa também! Com 93 era o cordelista mais velho do Rio Grande do Norte. Realizou muito mais do que obras poéticas, criou a família e cativou o coração de netos e bisnetos. Ninguém acredita na quantidade de homenagem e declaração de amor que essa criatura recebeu, viu? Benza Deus! Dá gosto de ver!
Uma vida bem vivida, com realizações, é sempre revestida de um significado maior.
Somos coisinhas frágeis. Basta uma queda, um escorregão, potófit! Caímos no chão, batemos a cabeça e pronto! Inês é morta. Mas somos criaturas incrivelmente resistentes! Nossa... o tanto que aguentamos! Seguramos o tranco. As vezes parece que nosso coração é feito de borracha e que é uma borracha das boas! Total flexibilidade e resistência! Que contradição, né?
Bom... o tanto que conseguiremos realizar e aprender, evoluir e progredir enquanto estamos aqui, nessa vida, nesse mundo... aí é conosco. Mas sempre somos capazes de nos surpreender e orgulhar. E também aos outros.
Imaginem Abba, lá no ponto de observação Dele, em que o grande plano da vida de cada um de nós está visível aos seus olhos. Pensem que enquanto nós não conseguimos nem sequer vislumbrar os passos seguintes dos planos de NOSSA própria vida, Ele, lá do canto Dele, vê não apenas a minha, mas a sua e a de todas as pessoas que existem no mundo! É ninja ou não é?!
Então! Ele está lá, Abba, olhando pra a gente, as vezes Ele sorri, as vezes fica sério, as vezes faz careta, depende do que cada um está aprontando... e sempre que precisamos e permitimos, dá aquela velha mãozinha esperta. Mesmo assim... o que faremos aqui... it's up to us.
Já falei outro dia que acredito quando os espiritualistas dizem que ir embora "pra casa" é sinal de "missão cumprida". Alguns recebem missões curtas. Outros missões longas. Outros simplesmente queimam todo o tempo aqui na Terra sem fazer P.N. até que tenham que ir embora ou que se torne inócuo que permaneçam aqui (porque o tempo útil de vida é insuficiente ao cumprimento destas tais missões, ou porque este tempo expirou). De um jeito ou de outro, todo mundo, cedo ou tarde, parte.
Quem parte, normalmente, "deixa" alguém. Na verdade, é precisamente assim que nos sentimos: DEIXADOS. A maioria de nós, ao menos.
Daí começamos - como sempre - a torcer e distorcer e contorcer e contratorcer tudo e passamos a sentir pesar por quem partiu, porque o "coitado do falecido deixou esse mundo". Isso pra mim é inconcebível. Grande mega-sena ficar nesse mundo pra sempre quando a vida real está "lá", em "casa"... no "céu".
Ou sei lá o que pensam as pessoas! Só que não conseguem focar no bem estar de quem foi, normalmente, porque estão ocupadas pensando no seu próprio. Por isso que a Dêssa é tão especial. Ela e toda sua família, mas ela mais ainda! Porque o tempo inteiro o importante foi o seu avô.
A Andressa o tempo todo é só uma menina que tem um avô que foi pro céu.
O importante é o avô. E é o céu.
O avô da Dêssa se definia assim: “Sou um dos nordestinos, magro, baixinho e sisudo, mas que tem honra e méritos no Nordeste de Canudos; nas terras de Gonzagão, Antônio Silvino e Lampião, de Padin Ciço e Cascudo”.
Muito legal, né?
E o fato de ser um jovem de 93 anos não impediu de ser moderno! Escreveu o poema abaixo (que eu achei super blaster ultra master novidade)! hehehehehe Moderníssimo, adepto da tecnologia e do cordel no computador! Tecnologia sem fio? E pendura o córdel onde? hahahahaha Pendura na rede! =)
Na minha época passada
Namoro foi sacrifício;
A moça num edifício
E pelo pai vigiada
Pra poder ser namorada
Pedia licença aos pais
Hoje a moça e o rapaz
Vão se abraçar, se beijar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais.
Meu tempo foi diferente
Digo porque me convém;
As moças queriam bem
Mas tinham medo da gente
Todo pai era valente
Hoje perderam o cartaz
A filha sai com um rapaz
Beber, namorar, farrar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais.
A lembrança ainda tenho
Dos vestidos do passado,
Hoje é curto e ligado
Que só manjarra de engenho
Mostrando todo desenho
Do corpo na frente e atrás
Tudo que a moderna faz
Eu só falto morrer de olhar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais
Hoje nada mais é certo
Amor nem religião;
A moderna, a corrupção
Com seu mundanismo esperto
Deixando tudo em alerto
Olhando a novela o que faz
Mulheres, moças e rapaz
Semi nus a se beijar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais
Namoro foi sacrifício;
A moça num edifício
E pelo pai vigiada
Pra poder ser namorada
Pedia licença aos pais
Hoje a moça e o rapaz
Vão se abraçar, se beijar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais.
Meu tempo foi diferente
Digo porque me convém;
As moças queriam bem
Mas tinham medo da gente
Todo pai era valente
Hoje perderam o cartaz
A filha sai com um rapaz
Beber, namorar, farrar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais.
A lembrança ainda tenho
Dos vestidos do passado,
Hoje é curto e ligado
Que só manjarra de engenho
Mostrando todo desenho
Do corpo na frente e atrás
Tudo que a moderna faz
Eu só falto morrer de olhar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais
Hoje nada mais é certo
Amor nem religião;
A moderna, a corrupção
Com seu mundanismo esperto
Deixando tudo em alerto
Olhando a novela o que faz
Mulheres, moças e rapaz
Semi nus a se beijar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais
Fico toda orgulhosa do poeta e avô da minha amiga. Do avô que foi pro céu. Deve estar todo best friend do outro poetinha lá, do Vina de Moraes. Será? Será que os poetas são uma classe unida lá no céu?
Eu conheço uma menina que tem um avô que tá no céu. Um avô com alma e cabeça de poeta. Que tem um avô que teve uma vida longa, uma vida repleta, uma vida completa.
Uma vida que não sei dizer se durou muito tempo ou pouco tempo, depende se você acha que 93 anos é muito tempo ou não, mas acho - já falei! - que isso de tempo é bobagem, o importante é que ele teve uma vida que significou muita coisa pra muita gente, e que continuará significando.
A vida de um homem pode ser apenas um instante se comparada à existência da humanidade, mas pode se perpetuar por toda a eternidade, se ocupar um lugar perante a memória humana. Aí sim, começamos a falar do tempo de um modo significativo. Aí sim, ele ganha relevância.
hahahahahaha Lembrei de Oscar Niemeyer que manda pra José Sarney o recado: "Ser imortal na academia de letras é fácil. Quero ver você tentar aqui fora." [Detalhe: Sarney é imortal na Academia? Desculpem a ignorância... kkkkkk Mas é?]
O fato é que Niemeyer está certo, não está? Ser imortal "aqui fora" é que vale. Imortal pra quantas pessoas? Não importa! Pode ser pra uma só. Pode ser pra uma maré de gente. Você pode ser alvo da imprensa, popular na sua rua, no bairro, na cidade, na categoria profissional, na sua família, na sua igreja, no seu trabalho social... o que precisa ser feito é o seguinte: DIFERENÇA.
É preciso que se faça diferença. Não apenas que se seja diferente. Ninguém é igual a ninguém. Mas é preciso marcar a vida de pelo menos uma pessoa. É preciso inspirar pelo menos uma pessoa, influenciar positivamente a vida de pelo menos um alguém!
Eu tenho uma amiga que tem um avô que foi pro céu, mas que é imortal.
Imortal porque a morte não existe.
Imortal porque, tendo feito diferença na vida de tantas pessoas, ele continua vivo pra elas.
É um privilégio ter a sensibilidade necessária para perceber as folhas que voam diante da gente numa manhã que tinha tudo pra ser mais uma manhã qualquer.
Fico muito feliz e me sinto uma grandessíssima sortuda de olhar para essas folhas e pensar que são douradas ou amarelas, e não simplesmente "secas".
Vejam bem: todos temos diante de nós um mesmo cenário, mas cada um de nós, quando olha para este cenário, vê uma coisa diferente.
Tem gente que simplesmente coloca isso em versos, não importa se o cenário à sua frente é na Terra ou no céu.
...
Putzzz... você tem o dom, minha amiga! Parabéns e fique com Abba...
ResponderExcluirEduarda, sou o pai de Andressa e fiquei muito emocionado com tudo que vc escreveu. Como eu gostaria de saber escrever asim para contar minha caminhada com meu sogro, quantas cantorias, quantos repentes, festivais de viola, viagens ao interior, quanta coisas passamos juntos, só ele e eu... Tudo registrado em minha mente, a sua partida deixou uma grande lacuna em minha vida que o tinha como meu pai, me enchia de orgulho quando o poeta dizia: "O que vc faz por mim não tem preço". Bom! vou parando por aqui agradecendo a vc por tudo. Abraço e que Deus lhe abençoe sempre.
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