Há um tempo contei a história de como vim parar aqui em Brasília (CHOICES). Vou voltar no tempo...
Nasci em Recife, Pernambuco, com oito meses numa maternidade chamada Santa Joana. No dia em que nasci, 17 de outubro de 1983, meus pais já estavam de mudança para Natal, Rio Grande do Norte.
Naquele tempo ninguém tinha celular e enquanto minha mãe ficava terminando a gestação em Recife, papai ia já trabalhando e resolvendo as últimas coisas da mudança. Estavam recém casados e eu era a primeira filha.
Na manhã do dia 17 foram ao médico, fizeram uma ultrassonografia e ficou tudo confirmado: Eduarda está bem, já está virada com a cabecinha pra baixo, nasce em mais ou menos 3 semanas e os senhores fiquem tranquilos. E com essa certeza papai entrou no carro e pegou a estrada para Natal.
Só que MEUS planos eram outros....
E minha mãe a ficar agoniada... a andar de um lado pro outro com uma intuição! "E tô me sentindo mal... e tem alguma coisa errada... e lá vai."
E minha tia Zele, que era pediatra (aposentou), acabou foi é perdendo a paciência com tanto chilique de mainha... porque a bichinha é pequeninha, mas é braba, decidida, e ligou no obstetra e disse pra ele que estava levando a gente (mamãe e eu! hahahaha) para a maternidade, que era para isso que inventaram a cesariana, e que se ele não fizesse o parto, fazia ela! Quando papai chegou em Natal o recado estava esperando: "Pode voltar que sua esposa foi ter bebê!"
Às 22h de uma segunda-feira eu nasci, TODA ROXA, com o cordão umbilical enrolado em duas voltas no pescoço. Tinha dado uma cambalhota e sentado no útero. O médico calculou que eu teria mais uma hora de oxigênio se não tivesse mudado de posição ou nascido logo. Nasci dando um escândalo, dando susto em todo mundo... Mas é que eu tinha pressa... queria viver e queria começar logo com isso! "Vamos, vamos que é segunda feira e temos a semana pela frente!"
As vezes a necessidade de me sentir VIVA é algo que sufoca. O velho cordão parece ainda estar enrolado no meu pescoço e me asfixia de um jeito que tenho a vívida impressão de que não nasci ainda.
Lembro com uma nitidez constrangedora das vezes em que me senti "mais viva" nessa vida.
E nos momentos que precedem a esses instantes é como se eu recebesse um alerta... como se tudo no Universo conspirasse. Acho que foi por isso que minha mãe só faltou tirar o juízo da minha tia no dia 17 de outubro de 1983... O Universo conspirou pela primeira vez na minha vida, a meu favor.
Dizem que em cada 7 anos começamos um novo ciclo. É como se fosse um renascimento. A primeira vez que ouvi isso foi quando completei 21 anos. No exato dia do meu aniversário.
Nesse dia estava fazendo um exercício "meio de meditação" muito maluco que terminava pedindo pra a pessoa imaginar que recebia uma caixa de papelão embrulhada num papel madeira e para dizer o que via dentro dela ao abrí-la. Encontrei na minha um vaso de barro com violetas. Foi aí que soube que a violeta é uma flor que prenuncia morte e renascimento... Foi quando me contaram como era interessante pensar nisso dentro da "minha caixa" no exato dia do meu aniversário de 21 anos! No dia que morri para o segundo ciclo e nasci para o terceiro. Foi quando conheci essa história dos 7 anos.
Logo em seguida, no dia vinte e pouco de novembro do mesmo ano tomei uma decisão que mudou tudo ao meu redor drasticamente... Em alguns dias me senti VIVA, tão viva como nunca pensei que fosse possível! E compreendi o quão rápido a vida pode mudar... basta que nós tomemos essa decisão. Que façamos uma só ESCOLHA.
Em 2009, com 25 anos, resolvi tentar outra escolha... segui minha intuição, desafiei o mundo "racional" e ignorei os conselhos contrários para tomar um caminho novo: vim para Brasília. Descrevi a experiência num post que chamei de CHOICES - não por coincidência, mas para mostrar como escolhas e decisões são fundamentais... são imprescindíveis. Só que quando escrevi aquele texto nem imaginava que dentro de pouco tempo novamente minha existência me prenunciaria uma guinada... Uma super guinada.
Fiz 27 anos agora e estava curiosa para saber o que meu quarto ciclo de vida, em 2011, me reservava. Já sinto os sinais de surpresas, de decisões importantes que precisam ser tomadas. Quem aí acredita em coincidência? Alguém? Destino? Hum? Lá venho eu e meu samurai... "temos que dar nosso melhor até que nos seja revelado o que se espera de nós". Acho isso. Mas não acredito em coincidências.
Sendo assim, tomei certas decisões na minha vida de uma forma que poderia ser considerada meio maluca. Impulsiva... corajosa... egoísta? Sigo uma centelha que pulsa dentro de mim!
Em 2002 larguei o colégio no segundo ano, entrei num supletivo e passei no vestibular na UFRN (minha mãe só faltou surtar, convicta de que eu era doida, que não ia passar e que tinha saído do colégio com o único propósito de enlouquecê-la! Brigávamos quase tanto quanto agora... só que ela se impunha bem mais quando eu tinha 15, 16 anos... hahahahaha...). Fui lá! "Vim, Vi e Venci!" Viva Júlio César!
Em 2006, em março, passei na OAB... mesmo modelinho do vestibular.. na raçaaaa, sem estudar direito.. eu sabia que era pra fazer.. que tinha bagagem pra isso! EU SENTIA! Mas estava já trabalhando no TJRN há mais de seis meses na época e estava sem pressão. Nunca tinha podido exercer a advocacia até pouco tempo atrás (por causa do cargo no TJ)...
Em 2008 veio a "mensagem: arruma as malas e vai pra Brasília." Vim! Fiz a pós em relações internacionais na UNB e no meio de 2009 eu já sabia: "você não volta pra Natal no fim desse ano, Duda!"" Corri atrás! Bati perna, deixei curriculum em vários lugares, mandei pela internet, pedi a um e a outro e tchaaam! Deu certo... comecei a trabalhar num pequeno escritório (meu atual emprego), mas com uma carta de clientes muito boa. Em menos de 3 meses cuidava das causas cíveis da AmBev!
Só que há uns dois meses comecei a receber uns "sinais"... Entendi que ia sofrer um baque... um susto.. um solavanco. Que seria necessário. Estava infeliz no trabalho... desmotivada com a política de gestão humana... com a administração. Via que não era ali meu futuro. Mas quando veio a sensação desse "tempo ruim", veio também a certeza de que as coisas vão se ajeitar depois...
Mas comoooooo??? As vezes eu sinto o que vem depois (da tempestade). As vezes não. Não sei se fico em Brasília. Se volto pra Natal. Se vou pra outro lugar.. pra onde!? Como!? Fazer o quê?! Gente.. PRECISO de um emprego.
Mas comoooooo??? As vezes eu sinto o que vem depois (da tempestade). As vezes não. Não sei se fico em Brasília. Se volto pra Natal. Se vou pra outro lugar.. pra onde!? Como!? Fazer o quê?! Gente.. PRECISO de um emprego.
Mas eu sei que irei me sentir VIVA outra vez e isso me motiva. Me dá forças...
O problema é que é preciso egoísmo pra deixar as coisas pra trás. Pessoas, emprego, história, segurança... e também coragem e impulsividade. É preciso loucura - no bom sentido - e também fazer escolhas.... na verdade, fazer uma escolha. E se agarrar a ela com unhas e dentes.
É preciso ter egoísmo quando a sua escolha não é a escolha que alguém que você ama faria no seu lugar. Quando vai deixar saudades ou mágoas. Mas se a vida é sua, nada mais justo que as decisões serem tomadas por você, que é quem vai ter que conviver com elas. Aprendi, ou melhor, estou tentando aprender e botar isso em prática a duras penas. No final é exatamente assim: a gente precisa conviver com o que escolhe, mesmo que a gente "escolha" deixar outra pessoa "escolher" pela gente.
Pois ontem tomei uma decisão. Pedi pro forma a benção das pessoas que hoje são mais importantes pra mim e "meti os pés". Pedi porque se eu me "estrepar", é com eles que conto mesmo... mas pro forma, porque a decisão estava tomada. O que eles não sabem, e nem EU SEI ainda.. é o resto da decisão.. o resto do caminho.. ou melhor.. eu desconfio que EU saiba.
Aprendi muito em Brasília, e aprendi muito mesmo nesses últimos meses no escritório em que estive trabalhando. Caramba! E como! Não sabia nada da prática. O TJ me deixou cheia de "itis"... achitis, vaiditis, convincitis, preguicitis, importantitis! Advogando eu aprendi o que é "ralação". Aprendi o quão pouquinho eu sabia, genteeeeee!
Conheci de humildade, de malícia e de técnica. A minha lição preferida é "Duda, não adianta dizer `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, logo, `A` está certo! Precisa dizer `A` é igual a `B` e `B` é igual a `C`, logo `A` é igual a `C`!
Conheci de humildade, de malícia e de técnica. A minha lição preferida é "Duda, não adianta dizer `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, `A` está certo, logo, `A` está certo! Precisa dizer `A` é igual a `B` e `B` é igual a `C`, logo `A` é igual a `C`!
Que coisa lógica, né? Mas você não consegue encontrar quase nenhum advogado dominando isso!!! Incrível!!! Frases curtas, objetivas, idéias concatenadas. Aprendi de uma tantaaaa coisa nesses 9 meses que os 5 anos de TJ só deixam muito a desejar! Sério!
Mas já tinha dado. Perdi 10 colegas em 9 meses. O ambiente era difícil. Cheguei a ficar sozinha cuidando do escritório com meu chefe. As vezes as pessoas nos marcam profundamente, mas têm uma participação por tempo determinado. Time to move on. De seguir em frente. Eu sei disso e preciso ir. Não posso mais postergar e o simples fato de aceitar uma situação pode significar postergá-la.
Mas já tinha dado. Perdi 10 colegas em 9 meses. O ambiente era difícil. Cheguei a ficar sozinha cuidando do escritório com meu chefe. As vezes as pessoas nos marcam profundamente, mas têm uma participação por tempo determinado. Time to move on. De seguir em frente. Eu sei disso e preciso ir. Não posso mais postergar e o simples fato de aceitar uma situação pode significar postergá-la.
Hoje conversei com meu chefe e expliquei que não posso continuar no escritório. Que o respeito e o admiro. Mas que preciso de um ambiente mais salutar, com possibilidade de projeção na carreira, de eu explorar meu potencial ao invés de cobrir buraco aqui e ali porque o quadro está constantemente desfalcado. Preciso de um trabalho que me motive. Que me inspire! Sou totalmente a favor de transpirar, mas não de resfolegar.
Agora estou com um dilema, um problema... um desafio: preciso de um emprego. Urgente.
Preciso trabalhar. Me mantenho sozinha, sem ajuda dos "universitários". Minha mãe não tem como me ajudar e meu pai também não é muito chegado nisso de se comprometer, tem meus irmãos, a mulher dele, enfim!
Se até dezembro eu não conseguir um emprego em Brasília ou estava pensando São Paulo.. não sei! Vou ter que voltar pra Natal e não sei o que vou fazer. Sou muita palavra, muita sílaba, muito píxel... muito ar pra pouco espaço em Natal!!!
Sei que a enfurece quando digo para mamãe que Deus veste as flores a alimenta os pássaros! (Lembram disso?) Mas eu preciso acreditar nisso. E que, embora não haja destino, não há coincidência... Minha intuição há de me orientar. Sou competente, preparada. Sou obstinada (até demais!). Vou ficar bem. O Universo há de conspirar. A bonança virá.. os planos de Abba para mim são especiais... tenho um dever para com a humanidade e hei de satisfazê-lo!
Se alguém que estiver lendo este blog quiser me entrevistar! hahahahahaha Se tiver um emprego ou oportunidade numa área de atuação com meu perfil... Não se acanhe! Sou uma advogada "porreta" e sem falsa modéstia! Adoro escrever (nota-se?) E mereço, preciso (!) de uma chance.Tenho pós em relações internacionais na UNB e topo fácil fazer um mestrado em uma área jurídica ou outra área! Em ciências políticas! Que tal? Sou incassiável por conhecimento.
"Tenho fome e sede". Quem há de me dar de comer e de beber?
A única fronteira para mim é a hesitação. Não ouso atravessá-la. Se não vai me pedir que hesite. Vou até qualquer cidade, qualquer país, qualquer lugar.
"Eu morro hoje, nasço amanhã, ando onde há espaço. Meu tempo é quando."
(Vinícius de Moraes)
Menina porreta, ao mesmo tempo tão distante fisicamente de mim (isso que trabalhamos um ao lado do outro) mas tão próxima nesse blog (a internet tbm faz isso, rs).
ResponderExcluirO que vc escreveu é um puro desabafo por meio de belas palavras bem alinhadas. Confesso que me senti nas linhas desse texto, rs!
Mas o que quero te dizer é o seguinte: faça, faça e faça!Quando me senti dessa forma, o único comando que vinha à minha cabeça era faça. Claro que eu não sabia o que fazer, tinha medo, via e ainda vejo vários obstáculos. Mas a comando aumentava cada vez mais, sem pedir qualquer licença. E não tive saída, fiz e fiz. Mudei de emprego (acredito que pelo mesmo motivo: ambiente) e agora me sento cada vez mais leve para seguir a minha vida. E daí tirei uma conclusão: os nossos imperativos da alma devem ser respeitados e, fundamentalmente, obedecidos, cedo ou tarde, não importa, mas sempre obedecidos, pois são esses comandos que alimentam a nossa vida, que dão o ar da graça. E se em algum momento da minha atual vida um outro comando surgir ou ressurgir, eu o obedecerei. Boa sorte e com certeza sentiremos a sua falta.
LENDO ESSE TEXTO EU VOLTEI AO PASSADO, E QUE PASSADO....
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