segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O pequeno príncipe do séc. XXI

Primeira coisa que é preciso deixar muito clara: não estou tentando, pensando, imaginando DELIRANDO fazer frente a "Le Petit Prince" (O Pequeno Príncipe), de Antoine de Saint-Exupéry, hein?! Tenho simancol! hahahahaha
Sou de carteirinha do princepizinho, tenho a obra em várias versões e li várias vezes.
Aliás, quem tem apenas um exemplar já tem várias versões da obra... não se pode ler a mesma história duas vezes, não importa quanta vezes leiamos o mesmo livro.
É que eu sou compulsiva mesmo! Tenho até aquele livro lá de "cartas de amor", algo assim. Vou dizer a verdade... não curti muito (hahahahaha não que seja o facebook! que a pessoa curte ou não....)
Mas, enfim... embora não esteja me referindo àquele princepizinho único e especial com que Saint-Exupéry conseguiu de maneira tão especial nos presentear, venho lhes apresentar outro pequeno príncipe.
Este pequeno príncipe também não tem um nome, em compensação, tem vários.
Já aprendeu que não adiantar queixar-se às rosas... pois que "bobagem, as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti..."
Se lhe dessem um carneiro, melhor que fosse dentro de uma caixa muito grande, porque são muitos os seus irmãos e todos eles têm fome. 
No planeta em que vive o pequeno príncipe do século XXI são milhares de Reis,  só que eles lá recebem nomes muito diferentes dependendo da "tal" forma ou regime de governo. na moda No final, quase todos são políticos, mas gostam mesmo é de ser chamados de Excelência, e não de Majestade, como antigamente. 
Além dos governantes, há também os Reis juízes, diplomatas e de toda espécie de homens importantes que representam o poder de uma Nação ou Estado. Eles gostam de serem tratados com toda pompa Real que acham que fazem jus!
Os Vaidosos também são tantos que não podemos mais contá-los! E se confudem com os Reis, e com os Homens de Negócios - estes devem ser a espécie em crescimento mais acelerado de todas!!!  - Digamos que nem todo Vaidoso seja Rei ou Homem de Negócio... mas é muuuuuuuuuuuuuito difícil um Rei ou Homem de Negócio que não seja Vaidoso!

São tantos, os três, que é uma verdadeira peste! 
Só podemos respirar quando pensamos nos acendedores de lampiões, astrônomos e geógrafos! Ufa! Estes não têm se proliferado. Os coitados dos acendedores de lampião acho que devem até estar em extinção! 
Mas aí vem os Bêbados! Hehehehehehe... Aaahhh.. os bêbados. Os ébrios! Não sei como falar dessa "classe". Depende...
No planeta do pequeno príncipe moderno existem Bêbados E bêbados. Digamos... Uns são muito feios. Uns são muito tristes. Uns são tragicamente cômicos... outros cômicamente trágicos. Uns são casuais. Outros são usuais. Uns têm ótimas desculpas esfarrapadas. Outros não têm absolutamente nada, e isso é tudo.
Dos Bêbados "bêbados"... os que estão mais loucos do que embriagados, não podemos realmente apartar seus familiares... que são os bêbados passivos. E os drogados e seus familiares. E os viciados de todos os tipos... É que a bebida agora assumiu forma de comprimido, pó, mato, fumaça, sei lá mais o quê! Mas a pior droga deve ser o álcool... que engana até Vaidoso - que acha que sabe tudo! Que engana todo mundo. Você pensa que está no controle e que não tem nada a temer. Nem por um minuto desconfia dele. Quando se dá conta é tarde... "too late demais"!
O pequeno príncipe de hoje não tem aula de filosofia. Fica difícil entender que "nos tornamos responsáveis pelo que cativamos" e que "só com o coração pode-se ver corretamente, porque o essencial é invisível aos olhos" quando se tem que matar um leão por dia pra sobreviver.
Responsabilidade é uma coisa que se aprende muito cedo, pelo menos consigo mesmo. O nome que se dá a esse sentimento é "instinto de sobrevivência". Já cativar... não é sempre que o meu pequeno príncipe pode ser dar ao luxo, especialmente se considerarmos que se trata de um conceito que demanda reciprocidade, como disse uma esperta raposa acolá. 
Talvez, ele não nos cative, mas nos toque. Nos sensibilize. Cativar siginifica "se importar" genuinamente, significa dividir o fardo... não. O pequeno príncipe carrega seu fardo sozinho. Nós nos condoemos por um instante, podemos dar uma esmola, comprar um chiclete ou atender a um evento beneficente. Depois seguimos nossa vida. Falar que ele nos cativou seria hipócrita. Detesto hipocrisia.
E o que é essencial? Sonhar? Amar? Ser amado? Ou comer? Vestir? Se aquecer? Sobreviver? 
Não é com olhos, de fato, que se vê o essencial. É com o coração que se deseja, e com a mente que se calcula como se obter. O conceito de essencial do Petit Prince de Exupéry é bonito demais, bucólico demais e inútil demais para o pequenino príncipe do século XXI que só quer chegar inteiro ao final ao dia.
E se não há filosofia. Também não há misericórdia. Não existe uma saída fácil. A morte pode chegar para seifar o sofrimento, porque nem todos hão de concordar com meu poetinha, e as vezes morrer não é "a angústia de quem vive"... as vezes morrer é a chave para os grilhões: o "alívio de quem vive"? Que Deus me perdoe.
Mas nem morrer é assim tão poético para este princepizinho quanto para o outro. Nada de libertador e diáfano! Morrer é trágico. É doloroso. Foi doença, acidente, fatalidade, fome, fraqueza... Não foi misericórdia.
E ai de mim! Piloto não sou... Nem co-piloto. Nem mesmo passageira. Sou só transeunte. 
Estava caminhando e vi aquela figurinha ali, em seu trono. Reconheci imediatamente que era um pequeno príncipe. Não porque trajasse vestes reais, ou porque tivesse os cabelos dourados ou os olhos da cor do céu.
O reconheci porque trazia na veste rasgada e suja a marca de aversão dos Vaidosos.
O reconheci porque trazia na pele maltratada e na cara de fome a indeferença dos Reis.
O reconheci porque trazia na humildade e na pobreza extrema o contraste com os Homens de Negócio.
O reconheci porque trazia no olhar a infelicidade dos Bêbado.
O reconheci porque trazia no comportamento a dignidade de um pequeno príncipe.

E parti. O deixei em sua contemplação. Saí cantarolando uma música que aprendi há alguns anos. Não sei como... sabia que ele me olhava, e me vendo, me enxergava, e me enxergando, me analisava... e me analisando, perdia o interesse por mim e olhava para o próximo transeunte. 

Porque assim são os pequenos príncipes. Difícil captar o interesse de alguém assim! Talvez se eu fosse um acendedor de lampião...

E cantarolei: "Uma palavra tão linda já quase esquecida me fez recordar. Contendo sete letrinhas e todas juntinhas se lê cativar. Cativar é amar, é também carregar um pouquinho da dor que alguém tem que levar. Cativar disse alguém, laços fortes criou, responsável tu és pelo que cativou. Num deserto tão só, entre homens de bem, vou tentar cativar viver perto de alguém..."




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