"Me ajudem a entender aquilo que estou dizendo para vocês, e explicarei melhor."
Antônio Machado
As vezes achamos que as coisas finalmente se acertaram e que estão caminhando como têm que ser.
Outras vezes ficamos convictos de que está tudo de pernas pro ar.
Tudo isso acontece porque o mundo é assim... a vida é assim:
CHEIOS DE COISAS INCOMPREENSÍVEIS,
MAS QUE NINGUÉM PRECISA ENTENDER MESMO
Na verdade, não raro essa sensação traduz o sentimento de que as coisas estão indo conforme a nossa vontade e que queremos que continuem no mesmo caminho, que supomos o certo somente porque é bom e conveniente.
Por isso, quando é assim, não demora até que tudo mude e nossas vidas virem de cabeça pra baixo.
Em outro giro, quando as coisas estão em total "pânico e terror"... sei lá! As vezes tocamos o "f#%$@-se" porque é como diz o filósofo Tiririca: Pior do que tá, não fica.
Talvez eu esteja querendo dizer que quando tudo está do jeito que “deveria estar” ficamos prisioneiros dessa perfeição, prisioneiros porque o medo de estragar tudo, de “perder” aquilo... esse "abismo iminente" nos deixa em pânico constante.
Talvez eu esteja querendo dizer que quando está tudo "uma zona" ficamos livres pra esculhambar e arriscar e sermos insanos (!), irresponsáveis (!), ficarmos NEM AÍ porque, “se bobear”, as coisas de repente se ajeitam... então dos dois, um: [A] ousamos uma solução improvável e arriscada ou [B] aproveitamos pra ficar à toa e sermos irresponsáveis, doooidjos, cansados, ciganos... todas as coisas que não podemos nos dar ao luxo de ser quando está tudo bem e o pânico de arruinar o momento nos deixa prisioneiros da vontade "inútil" de aprisionar uma perfeição que já "sabeeeemos" que nunca será eterna.
Anyway! Sabendo instintivamente da instabilidade das circunstâncias, temos a mania de rotulá-las em boas e ruins conforme sejam ou não sejam do nosso agrado, ou sejam ou não aquilo que deveríamos desejar para sermos socialmente enquadrados como felizardos, quer dizer, aquilo que sabemos que qualquer pessoa no nosso lugar gostaria de ter.
Quando está tudo bem pensamos que aquilo tudo não poderá durar muito tempo porque seria "bom demais pra ser verdade" e talvez com nossos pensamentos, e até gestos, sejamos nós mesmos os responsáveis por encurtar ou encerrar um momento de nossas vidas que realmente poderia ser duradouro e se prolongar por sabe-se lá quanto tempo!
Há, contudo, quem tenha o bom senso de usufruir dessas horinhas. Ainda bem! Há também quem aprenda a administrar melhor o que está vivendo. "Tá bom assim? Que maravilha! Ao invés de pensar o que poderia sair/estar errado vou é aproveitar!" Ufa! Que alívio que constatamos que é possível aprender com os erros do passado.
Que bom que, eventualmente, desistimos de tentar o ouro olímpico na modalidade "quem acha mais cabelo em ovo?" É a SPN (Síndrome do Peru de Natal) da qual falei há uns posts e que se tornou uma das maiores epidemias que já acometeram a humanidade... Mas queeee bom que pelo menos estamos nos tornando conscientes das nossas criptonitices e calcanhalecisses de Aquiles! Amém! Yeaaah!
Não vou dizer que é fácil acreditar que ao menor sinal de que tudo vai bem podemos suspirar tranquilos e sossegados e pensar que finalmente as coisas tomaram o caminho correto e pelo qual esperávamos! Claro que temos um pé atrás e um receio razoavelmente justificado. Dá medo mesmo isso de entrega... de nos entregarmos assim facinhos desse jeito à “felicidade”. Essa “tal”...
Sabemos que não é incomum que a pessoa se sinta realizada e fique ali viajaaando... antecipando como vai ser a vida... tantos eventos e anos de felicidade e realização! Maaas, por motivos incompreensíveis - ao menos para mim - os sonhos se arruínam e se desfazem em meio ao vão na poeira do caminho! Como diz Shakespeare: “...porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão...”
Curioso... Depois que "conheci" Derek (o cara canadense que faleceu, escrevi sobre ele no post http://eduardachacon.blogspot.com/2011/05/o-ulitmo-post-antes-de-morrer-ele-tinha.html) não consigo mais falar sobre a falibilidade dos planos e sobre as reviravoltas da vida sem lembrar dele... Enfim! Temos que estar preparados para o fato de que, não importa quanto sentindo tudo faça dentro da nossa cabeça, o que se passa dentro da nossa cabeça é uma parcelinha ínfima do mundo, embora seja o mundo inteiro para nós.
Paciência!
Acho que é o que MAAAIS repito aqui, no fim das contas é o seguinte meu povo... de tudo que já postei no blog sobre os planos que fazemos para a nossa vida, fica a frase de John Lennon que resume perfeitamente bem minha conclusão: "A vida é aquilo que nos acontece enquanto estamos ocupados fazendo outros planos".
Por que?
Por que estamos sendo constantemente testados? Por que quando não é a vida que nos testa, somos nós mesmos nos testando? Com jogos, pegadinhas, provas e escolhas propositadamente e conhecidamente tricky e desnecessários? Por que, não raro, usamos tudo ao nosso alcance para negar a realidade quando simplesmente enxergá-la poderia fazer tudo tão mais fácil? Mais lógico?
Por que esse medo? Medo do medo! Medo do medo do medo!!! Pra quê tantas válvulas de escape? Por que tantas frustrações? Tanta auto-cobrança e tanta preocupação com o outro? Medo do “de fora”? Do alheio? Do inútil?
Eu digo isso: perdemos um tempo absurdo em conflito conosco. Como é que poderíamos sair vencedores e não derrotados – ao menos concomitantemente – de um conflito assim? Conosco? Constranosco? Veem como é incongruente? Incoerente?! Não poderíamos!!! Ponto. Simples assim!!! Entramos numa briga que vencendo ou não, seremos os maiores loosers! Porque estamos dos dois lados do ringue... Que coisa de gente doida (e mongol?!) é essa?
Que coisa extremamente difícil que é ter o mínimo de auto-domínio. Auto-conhecimento. Auto-consciência da própria ignorância!!! Li essa frase que diz o seguinte: "Conseguir cem vitórias em cem batalhas não é prova de excelência. Subjugar o inimigo sem lutar é prova de excelência." (Sun Tzu). Pensem BEM sobre isso... que coisa fantástica!!!!
Quer dizer... aplicando isso a nós mesmos seria como dizer que não precisamos nos impor um regime de limitações, torturas, restrições, regras e padrões... Precisamos criar uma maneira de convívio que seja harmonioso de modo que consigamos arrancar de nós mesmos aquilo do que precisamos sem que isso constitua privação, conflito ou sacrifício. Tudo isso dentro do nosso limite de tolerância.
Quer dizer: podemos ser legais conosco "por bem" ou "por mal".
Logo, precisamos dar um jeito de sermos legais conosco "por bem" .
Isso sem parecer que estamos nos permitindo indulgências, porque o homem repele tudo que ele considera como "esmola".
Logo, temos que nos enganar para sermos bons conosco sem acharmos que estamos nos dando esmola ou, caso contrário, iremos nos sabotar e procurar o caminho mais difícil para provar a nós mesmos que não precisamos dos nossos próprios favores!!!
É isso!?
É mais fácil, é mais tolerável que sejamos bons do que ótimos com nós mesmos. É isso... É puro instinto! Ok! Que seja! Um "bom" que não force e agrida a nossa tolerância é mais negócio do que um "ótimo" que nos desgaste ao limite de nos obrigar, eventualmente, à rebelião, “auto-rebelião”!
O custo benefício do "bom", assim, é muito melhor a longo prazo e, nesse ritmo, proporciona uma paz relativa. Não é interessante?
Enfim! Se de vez em quando nos sentirmos "ótimos", quer dizer que de vez em quando, com maior frequência, provavelmente, NÃO nos sentiremos ótimos. Então, a longo prazo, o resultado é estresse e frustração.
Maaaaas se nos sentirmos quase sempre "bons"... mesmo que não seja "booom boooom booooom", mas "bonzinho"... então quase nunca estaremos NÃO-BONS... ou miseráveis... e, a longo prazo, teremos algo como um certo sossego. Negociozinho interessante, né?
As nossas sensações são uma coisa que ninguém compreende. Nem sei se alguém entende no fim das contas... SÃO AS COISAS INCOMPREENSÍVEIS QUE NINGUÉM PRECISA ENTENDER MESMO.
Nem sei dizer se normalmente estamos como estamos com ou sem motivo. Tristes, felizes, nervosos, ansiosos, cansawedos, eufóricos "por causa de" ou "simplesmente...".
As vezes (tipo... TODAS AS VEZES, praticamente) os sentimentos e as sensações são coisas que nos atingem absolutamente à nossa revelia. Tanta coisa que nos atinge à nossa revelia!!!!
Pior do que quando sentimos algo "sem ter nem pra quê" é quando sentimos algo que "não tem pra quê mesmo!"... Sabem? A gente tinha tudo pra estar se sentindo o exato oposto daquilo! Mas aí...
"É claro que a vida é boa e a alegria a única indizível emoção.
É claro que te acho linda, em ti bendigo o amor das coisas simples.
É claro que te amo e tenho tudo pra ser feliz, mas acontece que sou triste."
(Vinícius de Moraes)
Êêêê poetinha! O poetinha sempre entendia das coisas... ou entendia que não entendia coisa alguma! E desistia de quebrar a cabeça à toa!!! Apenas sentia. Encarava, segurava o rojão e pronto.
Eu sou insistente nisso de querer entender as coisas. Acho que é algo que está intimamente ligado ao meu arraigado hábito de pensar demasiado em tudo, sempre, tanto. Penso, penso, penso!!! Sem dúvidas, se pensar é existir, então eu existo de forma densa... até tensa.
Ontem, por exemplo, vi uma pessoa tomar um suco de maçã e pensei que maçã, como suco não me apetece. E me perguntei se maçã é uma fruta que “nasceu” pra servir de suco, afinal, não existe polpa de maçã... mas então lembrei que laranja e limão também não são comercializados como polpa... e nenhuma fruta é tão “pra suco” feito laranja... mas pensei que, ao contrário da maçã, laranja e limão são comercializados como suco concentrado, o que supriria a questão da polpa... e fiquei pensando, no final das contas... se sabendo da existência do suco de cenoura (!), realmente dá pra implicar com o suco de maçã! Mas já pensou “picolé de maçã” da Kibon? Mais uma prova de que maçã não nasceu pra ser suco? Enfim... só sei que eu prefiro a fruta não-suco.
Entendem? Como eu penso demais??? Eu e a “Teoria da existência do suco de maçã”! Hahahaha Newton não foi o único que pegou una maçã e criou uma teoria!!!
Mas aceito. Aceito que tem coisa que não se entende. Algumas coisas são incompreensíveis e ninguém precisa entender mesmo. Embora, evidentemente, isto não signifique que eu não pense a respeito destas coisas, não tentando entendê-las, mas classificando-as, ué! Embora entendendo que não é preciso que sejam compreendidas. Compreendendo tudo isso.
Acho que as pessoas talvez sejam assim. Talvez, no máximo, possamos compreender, algumas vezes, parte de suas atitudes. Determinadas atitudes... Quem sabe certas atitudes das pessoas sejam “entendíveis” e outras não! Ou uns aspectos se entendam, outros não.
E se por um lado existe essa consciência da impossibilidade de se compreender o que não se pode entender, de outro lado, haverá o inconformismo. O inconformismo permanece e não dá trégua. Coisinha difícil.
Nos inconformamos não com a “ignorância”, mas com a impotência. Com a ansiedade. Com a dor e com a ausência de dor... com a alegria e com a iminência de seu término. A ansiedade nos tortura, não podemos compreender porque insistimos nas coisas nas quais insistimos: na ansiedade inútil, no inconformismo com a ausência de mudança e de melhora/evolução – em nós e no outro, na falta de modéstia, de humildade, no encurtamento das coisas boas, no prolongamento das coisas ruins! Não compreendemos, sabemos. Mas não nos conformamos... e, no entanto, nada muda.
Como nossos sentimentos têm força sobre nós! Nunca paro de me surpreender. Os meus, minha nossa! São titânicos, tirânicos. Me adoecem e me curam. Me enaltecem e me derrubam. Possuem um poder de vida e morte, destruição e construção sobre mim. E ainda que saiba disso, me sinto absolutamente impotente.
Não posso compreendê-los QUASE NUNCA. As vezes posso fugir deles, mas NEM SEMPRE. Eventualmente, me encontram. O poder avassalador que possuem sobre mim, de me erguer e de me desmoronar... me surpreende SEMPRE. NUNCA poderia colocar, realmente, em palavras a minha relação com os meus sentimentos e os meus pensamentos.
Me pergunto: tem muita gente por aí, mundo afora, que sente o que eu sinto? Seria presunção achar que isso é bom ou ruim? Como rotular ser assim? Como explicar ser assim? Como é ver o mundo a partir dos olhos de alguém que vê o mundo a partir daquilo que entende que são os meus olhos? Será que consigo transmitir o que é ser eu? Será que é algo especialmente difícil de explicar ou entender? Ou será que é mais uma pergunta sem resposta? Que não é possível projetar-se em palavras de modo a fazer que o outro leia os nossos próprios pensamentos? Será que invariavelmente ao lermos o pensamento alheio estamos sempre lendo algo diferente do que foi escrito, mas todos balançamos a cabeça, o escritor achando que foi lido e o leitor achando que leu? Será que é isso que faço com Vinícius, Shakespeare? Será que esta é mais uma coisa incompreensível, mas que ninguém precisa entender mesmo? Será???!!!
Conheço uma menina que tem um avô que mora no céu. Um dia desses essa menina chegou cheia de “E ses” pra mim. “E se isso aquilo se se se se se se se se?”.... “E se?”
Sabe que “E”... assim como “SE”, são conjunções, né? Mas quando juntas, deixam de ser figuras linguísticas e se transformam num dilema filosófico! Como podem duas palavras separadas serem tão inofensivas e juntas tão poderosas? Pois é... Mas, e se algumas coisas são incompreensíveis e ninguém tiver que entendê-las mesmo!? E se algumas perguntas não têm respostas?
E se eu tivesse feitos planos diferentes!? E se eu não tivesse feito planos?! E se eu tivesse perguntado o caminho a alguém?! E se eu tivesse catado o “manual de instruções”?! E se não existir manual de instruções?! E se a cada um são necessárias suas próprias experiências?! E se é importante partilhar experiências?! E se eu tomei o trajeto errado?! E se eu tomei o trajeto certo, do jeito errado?! E se todas as alternativas anteriores estiverem corretas?! E se, e se, e se, e se, e se?!
Vêem?! Entendem?! Percebem?! Olha só... Eiii!!! Owwww!!! Ôôôôô menina que tem um avô que mora no céu!!! Repara isso!!! Existem coisas incompreensíveis, mas que ninguém precisa entender mesmo...
Sim. Existem coisas incompreensíveis... Mas falemos! Falemos!!! Lembremos que falar é terapêutico.
Uma amiga me perguntou outro dia que bem fazia ouvir a lamentação alheia, por exemplo... bom. Pra quem se lamenta faz um bem danado! Kkkkkkk É a “teoria da banalização” de Freud. O que era um tabu... um problema inefável, inexprimível... vira “aquele meu problema lá, sabe?” (e você pensa: quem me deeeeeeeera não saber! hehehehe) Mas é isso! Já não é inominável! Se torna meio que banal... depois deixa de ser importante porque é feito “trânsito”! Isso! De carro mesmo! Engarrafamento: aquele incômodo diário que só de vez em quando incomoda mais que o normal. É isso! Shakespeare, lembram? “Falar alivia dores emocionais”. E pra quem ouve? Bem.. pra quem ouve eu acho que também se aplica a banalização. Vai deixando de incomodar... depois você vai nos “anhãnsms” e “nmhuns”... e ainda é exercício de caridade. Amor ao próximo.
“Coragem é o que se requer para levantar-se e falar; coragem é também o que se requer para sentar-se e ouvir.”
Winston Churchill
Existe uma coisa muito interessante. É uma frase de François de La Rochefoucauld que diz: “Todos nós temos força o bastante, para suportar as dores dos outros”. Quer dizer... A nossa dor, não? Eu me identifiquei mesmo. Já escrevi sobre isso antes. De como o outro sempre é um motivo melhor do que eu mesma para que eu escreva (e por isso voltei a escrever no blog depois de dois meses parada, por causa de uma menina que tem um avô que mora no céu) e por isso tantas vezes saí do meu cantinho lá no fundo do poço... pra ajudar alguém que ainda estava na BEIRADA do poço! Nem tinha caído!!!
“Tal é a força do habito, que nos habituamos até mesmo a viver.”
Gesulado Bufalino
(Que nome!!! Não dava pra deixar passar sem comentar!!! Minha nossa!!!)
Então é isso...
Dias fáceis e dias difíceis se intercalam entre si e duram períodos que nos parecem absolutamente imprevisíveis mas que, na verdade, são mais que previsíveis: são períodos de duração definidos por nós mesmos. Antecipados e prolongados conforme nossa ansiedade, instabilidade, nossas tentativas vãs e, eventualmente, “bem sucedidas” de planejamento. Tudo não passa da ilusão de que não temos controle algum.
A falta de controle é uma grandessíssima ilusão que criamos para podermos usar o controle que temos sobre tudo com o conforto de culpar ao "mundo" quando as coisas não saem como achamos ou gostaríamos que tivessem saído. Vivemos num mundo muito do "de verdade", mas então criamos fantásticos "mundos de Bob" a torto e a direita... E chamamos a tudo isso de realidade.
A falta de controle é uma grandessíssima ilusão que criamos para podermos usar o controle que temos sobre tudo com o conforto de culpar ao "mundo" quando as coisas não saem como achamos ou gostaríamos que tivessem saído. Vivemos num mundo muito do "de verdade", mas então criamos fantásticos "mundos de Bob" a torto e a direita... E chamamos a tudo isso de realidade.
Seja lá o que estivermos vivendo, sempre nos parece interminável e definitivo, especialmente se for ruim. Chegar no peso ideal, encontrar a pessoa certa, passar num concurso, terminar um livro, entrar na academia, se entender com um familiar, arrumar o quarto! Coisinhas do dia a dia que parecem - mas não são, sabemos disso bonitinho - simplesmente impossíveis.
Um dia uma amiga me perguntou se eu sabia o que era não ter a opção de ter saúde. Ela está curada hoje de um câncer no cérebro. Não. A minha resposta é “eu não sei”, no sentido que ela perguntou. Eu sei o que é ter uma feridinha que não sara nunca, eu sei até o que é ter um fêmur quebrado e passar 90 dias engessada e um mês de cadeira de rodas... Mas não saber se vou ou não morrer (de câncer) eu não sei. Posso cair, bater a cabeça e morrer... mas o terrorismo de combater diariamente uma doença... isso não!
Então é difícil! Como não me policiar na frente dela, né? É como se eu “me adoecesse as vezes” e eu sinto um mega peso na consciência por fazer isso na frente dela, mais do que de qualquer outra pessoa!
É como se eu adoecesse minha alma algumas vezes... É a impressão que eu tenho. Mas não sei até que ponto tenho culpa da minha “própria enfermidade”. Não é como um tumor no cérebro, né? Minha alma adoece de melancolia! De vontades! De perguntas! De desejos! De ânsias...
“Dediquei-me a investigar o que é a vida, e não sei o porque ou para que ela existe.”
Severo Ochoa
Ontem antes de dormir decidi tipo... “reciclar” meu cérebro lendo um livro. Trocar os pensamentos... não é pensar outras coisas... é não pensar o que eu estava pensando. Foram 368 páginas das 21:30h às 2h. Por acaso no livro que eu li estava escrito que os pensamentos adoecem a alma e a alma adoece o corpo. Não que eu não “soubesse isso”. Meio óbvio, né? É preciso cuidado permanente... com o corpo e com a mente. Para não oprimir nem sobrecarregar a alma (demais).
Sim. A verdade, meu povo e minha pova, é que no final das contas, no frigir dos ovos, não tem pra quê se avexar! Muitas coisas, mas muitas mesmo, simplesmente são incompreensíveis. E tá tudo bem... tem bronca não. Ninguém precisar entendê-las anyway...
“Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia"
Ato I - Cena V, Hamlet, Shakespeare