sexta-feira, 8 de abril de 2011

Terapia pro psiquiatra e sossego pro AMOR!



GIKO deita no DIVÃ




Oi genteeeee!!!

Primeiro de tudo: tava com dificuldade de escrever. As vezes tenho isso. Tava sóóóóó enrolando, mas aí decidi acabar logo com isso!

Acho que fazia 3 ou 4 dias que enrolava de um lado pro outro e não escrevia o que tinha que escrever, não fazia o que tinha que fazer aqui.

É que estou numa fase de transição "cósmica" dentro de mim. E aí fico quieta... fico musical... fico pensativa, mas não fico "externativa" dos meus pensamentos.

Pra completar tô dodóizinha... gripada e alérgica, os olhos coçando... um soooono!!! Aí já viu! Fico molinha, manhosa e preguiçosa! hahahahaha Pois é! Me processem! Tenho cada viaaaaagem na maionese... mas cadê ânimo de escrever?!

A frequência com a qual escrevo e o tipo de coisa que escrevo dizem muito de como estou me sentindo. Claro que é impossível (eu ESPERO do fundo do coração que seja) advinhar o que é o quê - o que significa o quê! Mas se estou triste é de um jeito, se estou feliz de outro, se estou sofrendo (que é diferente de triste) tenho uma necessidade diferente daquela que eu teria se não estou mais sofrendo ou se estou sofrendo ainda mais. E tomo decisões firmes na minha vida quanto a deixar ou não os sentimentos fluirem e por quanto tempo! Maior loucura, né? Sou assim! "Os outros que contem passo por passo, morro ontem, nasço amanhã, ando onde há espaço. Meu tempo é quando"  à la Vinícius de Moraes...

Mas se tenho que escrever sobre um assunto, mesmo que esteja em outra vybe... respiro fundo e vou lá! No começo é difícil, mas depois que começo a coisa flui.

Outro dia saí do trabalho e fui tomar canja (antes de ontem pra ser mais exata). Aaaaadoooooro sopa! Aí sentei lá com minha cumbuca, beleza... e a cabeça nas nuvens (certamente!). Sabem... eu sei que sempre fui precoce. Meio "criança adulta". Mas uma coisa que me choca é quando alguém me diz "Eduarda, você é uma mulher adulta e... sei lá! Interessante!" (por exemplo). Eu? Onde? Adulta? Não seria uma garota? hahahahaha Sério! Juuuuuro!!! Acho que esperava alguma grande anunciação de quando eu fosse ser adulta mesmo. Uma coisa que me fizesse perceber claramente que tudo mudou. Tipo: Sinos! Fogos de artifício! Alguém anunciando em um alto-falante! Mas me formei na faculdade e nada aconteceu. Nem quando troquei meu primeiro carro com meu próprio dinheiro. Ou fiz minha primeira viagem com um namorado. Nem quando vim morar em Brasília sozinha. Nem quando saí desafiando o mundo todo pelo que acreditava! Vou fazer 28 anos em outubro e não me sinto mais adulta do que era aos 14. Não sei se é porque, como diz mamãe, sempre fui dona do meu nariz... E então não é isso que os adultos fazem? São donos dos seus narizes?

E na "sopa" fiquei pensando... "E se eu sou assim? tem gente que é ao contrário de mim?" Quer dizer... que sempre foi tão infantil, tão inconsequente e dependente dos outros, tão NÂO-dono do nariz (no sentido de nunca ter tido realmente autonomia) que ao menor sinal de "independência" se engana que é adulto sem ter a mínima idéia de que não é? Tipo... Começa a dirigir, é adulto. Começa a ter dinheiro, é adulto. Começa a ter subordinados, é adulto. Tem filho, é adulto? Porque eu já vi gente que com todas essas coisas não é nenhum um pouco adulto MESMO. Isso mesmo. Eu falei que tem FILHO e não é adulto!

Então eu me perguntei: Mas o que é ser adulto? É uma pergunta justa, certo? Ser adulto não tem patavinas com a idade, isso já ficou muito claro pra mim. Ser adulto não ter nem mesmo relação com você ter consciência ou não de que é ou deixa de ser adulto. E então, tomando sopa no Green´s, na 303/304 da Asa Norte em Brasília eu cheguei à conclusão de que tem gente que nasce adulta, e tem gente que não nasce. Simples assim. Os que nascem, dificilmente deixarão de sê-lo algum dia e os que não nascem, dificilmente passarão a sê-lo. É uma caractéristica (seria qualidade?) inerente à índole e à personalidade do indivíduo. Significa a habilidade de ser dono e controlar o próprio nariz. De tomar conta da própria vida com força, com convicção. De ser independente, responsável, consciente de si.

Por isso é tão complicado entendermos quando nos tornaremos adultos. Nunca nos tornaremos! (Via de regra, ao menos...) Porque sempre fomos! Ou nunca fomos, e então não nos tornaremos (a não ser que seja uma pessoa parte da exceção que "vira" adulto em um dado momento... o que é MUITO raro).

O que não muda o fato de que amadurecemos fisicamente, o que se confunde com "adultez", que virou sinônimo daquela etapa da vida que segue a adolescência e antecede a velhice. Sei lá! É complicado porque a mesma palavra "adulto" é usada pra duas coisas tão diferentes... o período que envolve determinadas idades e também a maturidade que DEVERIA corresponder a esse período, mas não tem BULHUFAS a ver!

Então sou uma mulher. Desde quando? Continuo não tendo a mínima idéia... Dona do nariz? Sim. Aí sou desde que me lembro...

Mas eu só estava tomando uma sopinha...

E não era nem sobre isso que eu ia postar... que eu VOU postar.

Preparados? Muito bem! Vamos ao que interessa!

É o seguinte: desde a semana passada eu não abria a bixiga do livro de Gikovate. Desde o dia do MacDonald´s (da esclarecedora conversa entre o malinha e o bonzinho, lembram?). E para mim já estava meio que claro que não restava mais o que escrever sobre as teses e os pensamentos que eu poderia extrair, arrancar de lá como obra literária.

Pois é! Ledo engano... e ao mesmo tempo pura verdade.


Calminha!

Peço a paciência de vocês porque hoje escrevo mais uma vez sobre o AMOR. Não sobre o amor apenas. Escrevo sobre o que o amor faz. Por exemplo, o que o amor fez a Gikovate: homem desiludido, mas que NUNCA perdeu fé no amor! Isso é o que ele é.

Olha só... Não extraí do livro mais nenhuma tese baseada nas idéias de Giko. O que eu concluí foi que as teses que ele construiu o transformaram profundamente e foram baseadas no que as constatações que ele fez lhe causaram - a ele Gikovate, a ele ser humano adepto do amor!

Só sua fé absoluta no amor e sua teimosia em não desistir dessa crença (ainda que talvez insconsientemente) o impulsionaram a continuar acreditando em "algo". Na verdade, escrevo é sobre o poder da desilução e da fé. E no que o homem é capaz de criar para proteger sua sanidade.

Calma (já pedi que se acalmem!) que eu vou explicar.

É difícil até pra colocar em palavras porque eu mesma estou sentindo um turbilhão de coisas.

Tudo começou quando iniciei a leitura do último capítulo do livro "uma nova visão do amor" de Giko. Depois de termos passado por diversos "momentos" e descobertas, alguns sobre os quais eu escrevi, mesmo que de maneira torta, aqui no blog em posts anteriores, não imaginei que o final da obra pudesse me surpreender pelo conteúdo. E não surpreendeu. Não pelo conteúdo. Mas pelo que eu senti nas entrelinhas. Me sensibilizei com Gikovate.

Tenho essas coisas meio malucas... meio Marte, mesmo. É como se ao ler, eu estivesse em contato com o escritor, o homem que estava escrevendo aquilo ali. Exausto, convicto, esgotado, mas consolado. Ele encontrou uma espécie de conforto em suas conclusões finais.

Foi neste momento que o psiquiatra deitou-se no divã.

Gente, seria um exercício realmente muito longo repassar os últimos momentos do livro. Nem sei como vou fazer ao certo para tentar explicar o que houve. Mas vou tentar... ou vou morreeeer tentando!!! :) Vocês me conhecem e sabem que é a minha cara! hahahahahahaha

Vamos lá!

Ainda falando em AMOR, Giko explica que, mesmo para aqueles que o vivenciassem sob a perspectiva de metades que se completassem uma à outra, por mais que fossem semelhantes, que fizessem tudo para se compreender, se respeitar, etc, etc... seria impossível não decepcionarem-se eventualmente. Senão um com o outro, traídos quando se deparassem com a diferença de percepção ou opinião em determinada questão, com o sentimento em si (o próprio amor), que na calma e na estabilidade perderia parte de suas caraterísticas estimulantes.

Pobremente falando, é isso. Este seria o fim inescapável do amor romântico.

Muito bem. Essa hipótese acima seria considerando duas pessoas que chegassem o mais próximo possível e imaginável de um "amor bem sucedido". Seria um casal que, efetivamente, compusesse aqueles 5% de casais bem casados e felizes que não se divorciam. Ainda assim findariam frustrados, "sozinhos" de alguma forma. Traídos, não pelo outro, mas pelo AMOR que não é "100% de satisfação garantida ou seu dinheiro de volta."

Ok? Foi essa a conclusão de Giko. Sei lá quantos anos de estudo clínico, de leitura, de vida, de tudo, pra no final das contas se deparar com isso: um beco sem saída. Um dead end.

Como o AMOR pôde fazer isso a Gikovate? Ráááá! Mas não ia ficar barato. Sabe o que aconteceu? Gikovate deu o troco. Ele também fez algo ao AMOR: escreveu seu último capítulo. Ele não matou o AMOR. Ele não poderia... Como? No fundo ele não queria acreditar no resultado de sua própria análise científica sobre o AMOR. Então ele resolveu "salvar" o AMOR. E pensando que salvava o AMOR, foi a si mesmo que Giko salvou. Num ato derradeiro de desespero e fé. É isso que eu acho. (Mas aí ele meio que aleijou o AMOR!) Vou explicar.

Platão, citado inúmeras vezes por Giko, fala que somos metades em busca da outra metade para que possamos ser inteiros. Certo? Todo mundo acompanhando? Beleza. O "buraco" que temos no meio do peito, na boca do estômago, enfim... o tal do vazio... é causado por nos sabermos metades, incompletos.

É bem verdade, e sou eu uma das mais empenhadas defensoras desta idéia, de que é possível conviver com a solidão (consequência desse buraco desgraçado). De fato, existem tipos diferentes de solidão, e também de tolerância à solidão.

Algumas vezes a solidão, a convivência com o nosso vazio, com o nosso buraco, funciona como depuradora. Ajuda a compreender o mundo, a nós mesmos, aos outros. Ajuda a recompor energias de pessoas que se doam demais. Pessoas  que são mais suscetíveis a partilhar energias com os outros, seja em recebendo grandes desgargas, seja em dividindo suas próprias reservas. Porque existem muitas formas de doação. Mas esta seria muito mais uma exceção do que uma regra.


Outro dia (em março) escrevi sobre isso aqui no blog e concordei com Sêneca que no meu caso, por exemplo, as vezes "A solidão está para a alma como a comida está para o corpo." Para MIM, que aprecio a solidão eventualmente e gosto da minha própria companhia na maior parte do tempo (tem dia que nem eu me aguento!) este ditado se aplica na maior tranquilidade... Mas a gente sabe que tem gente - MUITA GENTE - que não tolera ficar só.

Onde quero chegar? É que Gikovate diz que é do "natural desenrolar" do processo evolutivo social que (todas?) as pessoas desenvolvam a habilidade de "ser sós" e de se compreenderem ou visualisarem como inteiras, ainda que não se sintam "completas" porquanto o tal do miserável, do infeliz do buraco ainda vai estar lá.

De toda sorte, Gikinho denomina o relacionamento entre estas pessoas inteiras de +AMOR, ao invés de "simplesmente" AMOR. Assim, substituindo a armadura reluzente por um jeans confortável, o cavalo branco por um carro movido a biocombustível e a espada por uma bic (nem ao menos um bouquet!), nosso Mago Merlinkovate tira de dentro da cartola uma solução para que o AMOR não "morra"... ele vai ser moderninho, vai ser robótico!

A única coisa importante é a satisfação. Esqueçam a música de Tim Maia! Vale homem com homem, mulher com mulher, jacaré com jacaré, vale tudo! De careta já basta Bolsonaro! É isso que Giko espera do "futuro"... E eu que pensei que o presente já estava assim... essa cachorrada! Será que vai piorar, meu Deus?! Afe Maria! E Tiririca que só fez uma única promessa na campanha e não vai manter? Pior do que tá, fica?!

Olha! Para mim está tudo muito claro. Tirando a realidade de que cada um faz o que quer, desde que entenda que sua própria liberdade acaba onde começa a do seu próximo, acho que o futuro previsto por Gikovate (a parte do "jacaré com jacaré") está bem aqui diante de nossos narizes. Também a parte de que muitos de nós aprendemos a ser sozinhos SIM, é verdade! Mas não porque sejamos completos, ou pelo cumprimento de uma profecia de Giko! Não é porque sejamos metades, ou sejamos um terço ou três quintos ou um oitavo! É porque é da natureza do ser humano (Desde sempre! Não sei!) que algumas pessoas saibam ser sozinhas e outras não! Sempre foi assim!!!

Já falei noutra ocasião de que isso de uma pessoa inteira + uma inteira, ou uma inteira + uma metade... isso pra mim é baboseira. Transformar o AMOR em conta matemática é falta de trouxa de roupa suja pra lavar.

Se é pra falar em Platão, vamos falar em Platão! Prestem atenção aqui.


Platão falava no Mundo das Idéias. Segundo o filósofo, tudo o que era perfeito e real existia lá (no Mundo das Idéias) e tudo que existia aqui (sim, aqui no planeta Terra, no nosso mundinho real) era uma cópia imperfeita do que havia lá. Quer dizer: Justiça, Amor, Verdade, Razão, Ódio, Perdão, Sensatez... todos esses conceitos que nós temos aqui são baseados na "coisa real" que existe no Mundo das Idéias, mas que nós não conhecemos e nem podemos conhecer. Existe até a questão de iniciar a palavra com a letra maiúscula e minúscula. Teríamos aqui, então, justiça, amor, verdade, razão, ódio, perdão e sensatez.

Isso porque com a mudança dos tempos, a mudança dos homens, também as percepções se alteram para NÓS, mas o significado real da coisa permanece, nós é que vamos tentando nos aproximar dele conforme evoluímos. Tratam-se de conceitos aporéticos. Indefiníveis! Mas o fato de que não possamos definí-los ou conhecê-los em sua plenitude não os torna menos reais. E o que vivenciamos aqui, no nosso mundo, é o mais próximo que temos a capacidade de vivenciar. Quando mais PERFEITOS nos tornarmos, quanto mais IDEAIS nos tornarmos, mais PERFEITOS e IDEAIS se tornarão também os nossos sentimentos, nossa percepção, por exemplo, do AMOR, nossa vivência do AMOR! Quer dizer, o problema nunca esteve no AMOR, sempre esteve em NÓS.

Ora! Evolução tecnológica, que é o parâmetro utilizado por Gikovate, não era, obviamente, o parâmetro que Platão indicaria. Eu aqui faço a opção por PARÂMETRO de evolução moral. Pois sendo assim, eu bato o pé e digo: o +AMOR está tão longe do Amor quanto poderia estar! E eu não quero desmerecer Giko. Ele não sabia mais o que fazer, então inventou isso. É que eu tenho uma solução diferente. Acredito que ao invés de mudar o AMOR, temos que mudarmos a nós mesmos.

Eu posso me dar ao luxo de pensar assim porque não tenho sei lá quantos anos de frustração clínica pesando por sobre meus ombros. Como disse antes, o que Gikovate fez? Quando ele percebeu que o AMOR não tinha jeito... que as pessoas tinham que se frustrar no final das contas, ele criou o +AMOR, em que as pessoas continuariam se envolvendo sem a necessidade de buscar o outro para se sentirem completas.

O +AMOR, na verdade, é -AMOR. Não é AMOR pra toda a vida, nem de corpo e alma...

Sabe onde Giko errou? Todo o tempo ele focou no AMOR como uma "argamassa" para que duas pessoas que se sentiam metadas pudessem se manter juntas. Ele achou que a solução para que o AMOR/argamassa funcionasse seria encontrar tijolos compatíveis. Quando ele viu que essa construção poderia desabar, não importa quão compatíveis fossem os tijolos ou forte a argamassa... quando ele viu que havia o tempo atuando como agente externo e ameaçando a construção ele pensou: "O amor não precisa ser uma argamassa, e as pessoas não precisam ser tijolos que se encaixem perfeitamente, basta um pedaço de velcro e duas superfícies lisas com aderência! Todo mundo precisa ser uma superfície lisa com aderência ao velcro. Descolou de uma, cola na próxima!"

Bem, Doctor... Essa é uma solução fácil e esdrúxula. Ela não resolve. É triste. O velcro, eventualmente perde a aderência também... fica com aquelas bolinhas, sabe? Deixa de funcionar. Você estará ali "junto" a alguém, mas sabendo que a pessoa não está com você porque você é único e especial no mundo, é porque você era a superfície lisa com aderência mais próxima.

Imaginem ler "O pequeno  príncipe" vivendo dessa forma e ainda entender o que a rapousa fala ao princepezinho sobre sua rosa? De que ela é única no mundo para ele? Não fará o menor sentido para essa pessoa!

Sabem? Eu acho que quando Giko escreveu sobre o +AMOR (-AMOR) ele pensou: "Deus, faça com que isso não aconteça nunca! Mas eu tenho que dar um final ao meu livro!"

Ele tinha que terminar o livro. Ele tinha que "salvar" o AMOR de alguma forma... que garantir que, de algum jeito as pessoas ainda ficariam juntas, nem que fosse por ficar.

Eu trabalho com um advogado que tem uma filha pesquisadora. Ele estava me contando isso e eu achei super legal! Fiquei toda empolgada. Imaginem... nunca conheci uma pesquisadora. Ainda não conheço! hehehe Mas conheço o pai dela! Enfim... Ele disse que as vezes as pesquisas chegam a um beco sem saída e que quando isso acontece alguma pessoas dizem: "Pois é. Beco sem saída. Cheguei aqui e não tenho a mínima idéia do que fazer. Vamos começar outra pesquisa" Deve ser muito frustrante. E tem gente que inventa uma conclusão... e reza. Reza pra que demore muito até alguém descobrir que ele ou ela teve essa cara de pau e que descubra a verdade! Nesse meio tempo ficam famosos, vendem livros, remédios, dão palestras. Normalmente morrem sem que ninguém descubra nada...

Lembrei disso quando comecei a pensar sobre essa postagem. Não é o caso de Gikovate. Ele é escritor! Pode concluir o que quiser, teorizar o quanto quiser... mas lembrei da história por causa da coisa do dead end e do ter que lidar com isso. Acho que se fosse eu também não ia me curvar ao "e nos sentimos traídos pelos AMOR"... Mas a minha solução, qual seria?

É que eu não acho que nos sentimos traídos pelo amor. Minha conclusão seria outra: nos sentimos traídos. Ponto. Isso é fato... maaaaaaaaaas...

Será que podemos ter a hombridade de realizar que somos nós que nos traimos? Nós quem traímos o AMOR?!


Traimos o Amor (de Platão) porque insistimos em cópias xulas aqui no mundo real, ao invés de nos melhorarmos para que também tenhamos sentimentos melhores! E traimos nossas queridas cópias xulas porque somos incapazes AINDA de sermos fiéis a nós mesmos. E por essa mania ridícula e doentia de complacência mútua, culpamos tudo ao nosso redor, contanto que nos inocentemos. Culpamos a Deus, e agora culpamos ao AMOR.

Somos nós que não aceitamos nossas limitações. Somos nós que nos recusamos veementemente a aceitar, enxergar e admitir as limitações do outro. Somos nós que esperamos coisas que não podemos receber nem dar (e sabendo que não as podemos dar, mesmo assim continuamos achando que seria justo recebê-las!) e nos frustramos.

Tem uma música de Oswaldo Montenegro que eu tenho quaaaase certeza que postei aqui no blog já que se chama "Se puder sem medo" e diz:

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pra eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pra eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pra eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava


Nos fingimos. Somos muito, muuuuuuuito, MUITO bons nisso! E enquanto tudo está indo bem, está tudo bem... Sabe aquela frase "Tudo vai bem quando acaba bem?" Pois é. Mas as vezes as coisas não acabam bem. E o que fazer? Primeira providência: botar a culpa fora de nós.

É difícil lidar com o fracasso. É bem difícil. É ruim. No caso dos relacionamentos amorosos as dificuldades são plurais. Normalmente não estamos falando de um primeiro fracasso... então já vem aquela coisa "será possível que eu tenha errado OUTRA VEZ? Eu não aprendo nunca?!"... Agravada por uma sensação de culpa e de burrice (É isso mesmo: nos sentimos burros!) porque achamos que tivemos indícios de que aquilo não ia dar certo, mas por não queríamos admitir que estávamos errando de novo, insistimos "sabendo" que não ia dar certo! Nooooossa! Ficamos indignados com nossa burrice! Mas a culpa é do outro que nos iludiu... que se aproveitou de nossa fragilidade... que fez macumba!

Além disso, sempre achamos que ou sofremos mais que o outro, ou que nos esforçamos mais, ou que somos melhores e estávamos fazendo o "favor" de dar uma chance pro outro e ele não deu valor, ou que não dissemos tudo que tínhamos pra dizer, ou que dissemos mais do que devíamos! Enfim! Um monte de blá blá blá que repassamos mentalmente pra nos torturarmos... nada que possa ser modificado, evidentemente!  

Somos uns bobos mesmos. Alguns, como disse Giko, saem dessas experiências fortalecidos (único momento do livro em que o vi usando a primeira pessoa do plural "nós", ele se considera forte) e mais determinados a "acertar na próxima"... outros saem mais experientes, "cobras-criadas", abertos a novas experiências, mas não ávidos por vivê-las... outros saem a-p-a-v-o-r-a-d-o-s e completamente desestruturados com pânico de se envolver novamente e sofrer tudo outra vez.

Não me admira que tendo presenciado este mesmo cenário milhares de vezes Gikovate tenha resolvido que +AMOR era -AMOR, quer dizer... Que "mais amor" era amar menos! Que o ideal seria auto-suficiência para usufruir dos prazeres do amor sem se deixar envolver pelo fenômeno. Resumindo é isso: sai de cena o fator antiamor, entra em cena o anticorpo contra o amor. As pessoas se tornam praticamente imunes.

Sabe o que eu estava pensando? Será que é exagero meu? Considerando que Giko se inclui ao falar nos "fortes" que após o fracasso de uma experiência amorosa saem mais maduros e preparados para lidar com uma nova tentativa, e considerando que ele não pôde aceitar a morte do AMOR, e por isso criou o +AMOR... Fiquei imaginando se a "criação" do próprio fator antiamor não surgiu de uma decepção amorosa que o psiquiatra teve. Olhem só minha tese...

Quero dizer o seguinte: cheguei á conclusão de que o fator antiamor não surge para impedir o envolvimento entre duas pessoas que se apaixonaram, que se interessaram mutuamente. Quando duas pessoas se apaixonam, há quem diga que é químico, kármico, não sei! Só sei que acontece. Depois que estão juntas, aí sim, o que Giko chama fator antiamor pode começar a atuar para impedir que o relacionamento se aprofunde.

Entretanto, quando apenas uma das duas pessoas se "apaixona", o que pra Giko não é paixão (que pressupõe os dois envolvidos simultaneamente) a outra pessoa poderá analisar racionalmente se lhe interessa corresponder ou não ao interesse do "apaixonado". Nesse caso o fator antiamor, que é puramente racional, já entra em atuação imediatamente.

Muito bem. O que eu acho é que Gikovate, talvez, "apaixonado" e não correspondido tenha se deparado com essa segunda situação. Posteriormente, em suas experiências clínicas, tenha visto a repetição do padrão em ambas as situações, e tenha nomeado este "momento racional" de fator antiamor até como uma forma de se sentir melhor por aquela rejeição, afinal, a pessoa pode sempre pensar que a culpa por ter sido rejeitada não é sua (por não ser interessante ou atraente o suficiente), mas do fator antiamor do outro.

Entenderam? Será?!
Mas voltando....

Eu acredito que se aprendermos a aceitar nossas limitações, nossas parcelas de culpa. Se compreendermos que nós nos traimos, porque um sentimento - o AMOR - não possui animus para trair quem quer que seja, poderemos AMAR e sermos AMADOS plenamente.

Qual é a proposta do +AMOR? Nos sentiremos incompletos (por causa do buraco), mas saberemos que somos inteiros, porque não mais abraçaremos o mito de Platão.

De que me interessa saber que sou um inteiro e me sentir incompleto? Pelo amor de Deus!!! Me poupe! Isso é pura retórica! Inútil! Se pelo menos eu pudesse saber que não sou inteiro e me sentir completo, vá lá! Ainda teria alguma serventia! Não não nãaaaaao!

Vinícius de Moraes falou que "a vida é a arte dos encontros, embora haja TANTO desencontro pela vida." É a esta corrente que eu me filio. A do AMOR! Sei lá se sou inteiro, mas quero é uma trégua nesse buraco, quero me sentir completo!

Entendo Giko. Louvo sua coragem inocente em tentar salvar o AMOR do modo como fez. Compreendo suas boas intenções e lhe digo: "Calma, cumpadi! Não desanima, não! As coisas vão "acabar" melhor do que você pensa, viu?"


Seduzir
Djavan


 Cantar, é mover o dom
do fundo de uma paixão
Seduzir, as pedras, catedrais, coração
Amar, é perder o tom
nas comas da ilusão
Revelar, todo o sentido

Vou andar, vou voar, pra ver o mundo
Nem que eu bebesse o mar
Encheria o que eu tenho de fundo


Eu preciso insistir aqui que precisamos nos PREOCUPAR MENOS COM AS FÓRMULAS, as teses, as consequências! Sabe por que? Porque são um bando de inutilidades que só servem para ocupar nossa mente e nosso tempo nos momentos de solidão.


Gente! Helloooo! Leiam com atenção. Todas as fórmulas, todas as teses! Tudo o que você puder se preparar para quando viver um amor... Tudo besteira! Perda de tempo! Li um estudo científico chamado “The Neuroimaging of Love”, divulgado pela primeira vez em agosto de 2010 e publicado pela The Journal of Sexual Medicine segundo o qual demoramos 0,2 segundos para nos apaixonarmos! Vejam bem! Consoante esse estudo, quando uma pessoa se "apaixona", 12 áreas do cérebro trabalham juntas liberando químicos indutores de euforia (dopamina, ocitocina, adrenalina e vasopressina). Segundo os pesquisadores, os efeitos são comparáveis aos do uso da cocaína e em casais reciprocamente apaixonados foi notável o aumento dos índices NGF, causadores de nervosismo no sangue.

Agora eu pergunto: de que adiantam todas as teses? Toda a compreensão do mundo sobre o "fenômeno" do AMOR?

PERDA DE TEMPO!!!

Estes componentes químicos não afetam somente o emocional, mas também áreas do cérebro ligadas ao intelecto, como funções cognitivas sofisticadas relacionadas às representações mentais, metáforas e imagem corporal. Depois que nos apaixonamos, de que interessa o tom da voz, o sinal que ela tem no nariz, o cheiro que ele sai do trabalho, se ele tem um trabalho horrível ou se ela tem essa mania irritante de achar que está sempre certa? Tudo isso é poeira ao vento! É até engraçadinho!

Ficamos "retardados"! Alternamos entre ser generosos e egoístas, mas não por escolhas necessariamente conscientes! Somos ambos, somos nada! Brigamos para fazer o que o outro quer, e não o que nós queremos... Fazemos tudo certo e tudo errado e nada disso tem a menor importância porque não temos controle algum sobre o futuro e se vamos ou não ficar juntos.

Todas as teorias são aplicáveis apenas quando estamos racionalmente envolvidos, não quando nos apaixonamos. E não é exatamente o que buscamos? Quem quiser que negue. Gikovate incluso! Queremos amar loucamente, e não lucidamente. Queremos conseguir burlar as regras, começando pelas nossas. Fazer coisas que não fazemos normalmente. Precisamos de hormônios, insegurança e de todas as coisas "ruins" envolvidas no AMOR. Não queremos um +AMOR... quando a gente ama, SIMPLESMENTE AMA.

Não importa se vai durar, se vai acabar. Escolhemos os nomes dos filhos, a quantidade de cachorros e a decoração da casa pelo simples prazer de PODER fazer isso. Se tudo isso vai se concretizar ou não é um "detalhe". Se o AMOR é o que resiste a essa empolgação inicial ou se o AMOR é o que se consolida a partir dessa insanidade inicial, não sei. São etapas de um processo que não interessa vivermos de forma dissociada. Queremos tudo. Queremos viver todos os pedaços e todas as facetas até o dia em que aconteça "O AMOR" que não acabe. Se vai nos poupar dores, vai nos poupar sabores...

Não queremos mil amores diferentes, de homem com homem, mulher com mulher, inteiro com inteiro. Queremos um amor só que não seja eterno, mas que seja infinito enquanto dure e que dure tanto quanto nós mesmos durarmos, até que a morte nos separe. Queremos viver um grande amor e ser, se possível, um só defunto, como no texto de Vinícius.

E vamos esperar esse dia, ainda que secretamente... ainda que escondidos até de nós mesmos...




Quando A Gente Ama
Oswaldo Montenegro


Quem vai dizer ao coração,
Que a paixão não é loucura

Mesmo que pareça
Insano acreditar
Me apaixonei por um olhar
Por um gesto de ternura
Mesmo sem palavra
Alguma pra falar
Meu amor, a vida passa num instante
E um instante é muito pouco pra sonhar
Quando a gente ama,
Simplesmente ama
É impossível explicar
Quando a gente ama
Simplesmente ama!


OBS: Só estou exercendo meu direito constitucional de expressão. Não quero ofender ninguém. Considerem isso uma crítica, um review, sei lá... ninguém precisa concordar comigo! É como diz Voltaire: "Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las" Bom, se defendo o SEU direito, imagine o MEU! :)


Um comentário:

  1. Muito bom saber onde achar as coisas que vc escreve...
    Estava com saudades desse seu "brainstorm". bjos Duda!
    Fitcha

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