Oi gente...
Depois que assumi o papel que eu e blog temos na existência um do outro e na daqueles que dividem comigo o que é isso de aprender a se colocar em palavras... acho que esta foi uma das minhas maiores ausências, se não a maior aqui... sem escrever.
Fui "atropelada" pelo transporte da vida. Não sei se é um bonde ou um trem bala. Só sei que me pegou de jeito.
Precisei parar. Parar e analisar. E degustar... Deglutir cada coisa. É como diz Ortega y Gasset: "EU SOU EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS". - Cada uma delas.
Fiquei surpresa e indignada. A indignação dos impotentes. Vi como não tenho controle sobre mim. Minha pressão oscila, meu estômago dói. Estão me dizendo: "Duda, você está está estressada e ansiosa". Puuutz! Larguem de ser idiotas! Eu sei disso! Sou EU quem estou estressada e ansiosa... pior é estressada, ansiosa, gelada, fraca e com dor de estômago!!! Mas somos assim. Indefesos perante nós mesmos, por mais que sejamos verdadeiros leões gigantes predadores da cidade de pedra diante do mundo... nada podemos contra nossas células, mitocôndrias e citoblastos!!! Nosso emocional e nossas confusões rule.
Mas a vontade de falar foi acumulando, acumulando, acumulando... e eu precisava escrever.
Voltei para este post.
Digo "voltei" porque comecei a escrevê-lo no dia 30 de maio! Só que ali não pude terminá-lo porque faltava alguma coisa. E era algo fundamental!!! Eu ainda não sabia ali o que poderia ser, mas agora eu sei.
Vim terminar o que comecei como me é característico fazer - via de regra... mas talvez por isso não queira começar "certas" coisas de jeito nenhuuuum!!! - Absolutamente! Começou? Termine! O livro, o sanduíche, o suco, o filme, o namoro, o exercício, a discussão. Começou? Termine!
Agora sim. Agora eu compreendi. Como não vi antes??? É que não existem coincidências... não canso de repetir. Só que as vezes não estamos maduros para entender a ausência de coincidência até que estejamos prontos para compreender. É isso. Não sei se ficou confuso! hahahahahaha Ficou, né? Claro!!!
Coincidências não existem. O que acontece é que precisamos estar maduros para que seja retirado o véu que encobria determinada situação fazendo-a parecer aleatória.
Pois muito bem!
As vezes começo a escrever como alguém que decidiu velejar, mas, porque não sabia aonde ia, resolveu dirigir a ermo água a dentro.
Nunca sei, nesses dias, se irei me deparar com um navio pirata (seja o Pérola Negra ou o Pérola roxa de bolinha verde limão), sereias, monstros marinhos ou com pura quietude e mansidão. Se irei parar em uma ilha deserta, ou em uma ilha habitada... Não sei se irei dar de cara com um pôr do sol sensacional, ou se vai cair uma chuva torrencial. O que irá emergir das águas? As vezes são cristalinas, as vezes turvas... Não sei. Estou preparada pra qualquer coisa e escrevo, escrevo, escrevo... Sabendo que uma hora tudo se revelará. Sei que a minha bússola é o meu coração e que ela se move sob o crivo da aprovação da minha consciência (por piegas que pareça)...
Outras vezes, contudo, um post começa a tomar forma dentro da minha cabeça e, se eu estivesse em um veleiro, seria uma velejadora com uma missão! Daí por diante é até angustiante, porque até que eu consiga sentar e escrever, muitas coisas do meu dia a dia começam a se encaixar no que planejo escrever e me dá um pânico: "e se eu não conseguir lembrar de tudo na hora?" Aaah!!! Fico maluca porque sou muito exigente com minha caixola (conhecida como cérebro!) e AIIII dele se esquecer algo! hahahahahaha
Então... mês passado entrou em pauta na minha cabeça uma inquietude sobre "o porquê".
Por que escrevo? Quando fiz o blog, fiz porque achava que tinha que voltar a escrever, coisa que fazia bastante quando era mais nova e que tinha "largado mão". Escrevia principalmente poesias nos anos de 1998, 1999... Imaginem isso! Há mais de dez anos atrás. Só que não levei o projeto pra frente. Escrevi aqui e acolá e perdi a motivação. Escrever para mim não era bom o suficiente.
Por que escrevo? Quando fiz o blog, fiz porque achava que tinha que voltar a escrever, coisa que fazia bastante quando era mais nova e que tinha "largado mão". Escrevia principalmente poesias nos anos de 1998, 1999... Imaginem isso! Há mais de dez anos atrás. Só que não levei o projeto pra frente. Escrevi aqui e acolá e perdi a motivação. Escrever para mim não era bom o suficiente.
Em agosto de 2010, com mais de um ano morando sozinha em Brasília, decidi que seria terapêutico voltar a escrever no blog (que criei em meados de 2009 mais ou menos). Estava com várias coisas na cabeça, tinha inventado por um curto tempo de uma pesquisa sobre "gifted adults" por conta própria e pensei: "por que não?"
Tinha lido algo sobre os tipos de terapia há um tempo, os métodos para ser mais exata, e achei que a pessoa poderia aplicar a si mesmo o método cognitivo-comportamental. Estava meio deprê e pensei que escrever seria uma AUTO-terapia. Mas o que realmente fez a diferença foi o dia que uma pessoa com a qual eu me importava muito disse que ia viajar por 3 meses e que lhe faria um enorme bem se eu estivesse escrevendo porque ela gostaria muito de ler enquanto estivesse fora.
Voilá!
Tinha lido algo sobre os tipos de terapia há um tempo, os métodos para ser mais exata, e achei que a pessoa poderia aplicar a si mesmo o método cognitivo-comportamental. Estava meio deprê e pensei que escrever seria uma AUTO-terapia. Mas o que realmente fez a diferença foi o dia que uma pessoa com a qual eu me importava muito disse que ia viajar por 3 meses e que lhe faria um enorme bem se eu estivesse escrevendo porque ela gostaria muito de ler enquanto estivesse fora.
Voilá!
Como eu disse: eu não sou, nem nunca fui um motivo bom o (ou) suficiente.
Me deixou meio espantada que alguém realmente quisesse e sentisse falta de "me ler"... mas eu iria escrever sim. Porque era minha terapia, porque (alguns me diziam) drenava o excesso de energia do meu centro de força (chácara) laríngeo - hehehehehe, porque faria diferença pra pelo menos 1 pessoa no mundo além de mim.
Muito bem! Muito bom! Só que recentemente aconteceu outra pessoa na minha vida. Ela se chama no mundo bloguístico (que eu participava ignorando o que realmente significava) de AnMi. Parece até meio nipônico, né? hahahahaha Gostei dela. Chegou chegando: "Gostei, é isso aí, viciei, que massa! Uhuuuu!!!" Sim, isso me assusta ainda. Fiquei olhando e pensando... "É comigo?"
Sabem como Abba é, né? Sempre ali... sempre enviando alguém pra me lembrar que ninguém, NINGUÉM, é esquecido por Ele. Eu tenho motivos pra continuar escrevendo...
Na verdade escrever não é difícil, difícil é pixalizar, eternizar os pensamentos
Há apenas um grande funil que está com a parte larga voltada para mim e a fininha para o computador. Por aquele "canudinho" os pensamentos se espremem, se enfileiram e pulam de mim para o teclado e para a tela do computador num processo em que eu sou mera coadjuvante. O coração é a força propulsora e a consciência é o maestro regente que coordena a operação... Em algum lugar desse processo tão complicadamente simples, estou eu, no segundo plano, assistindo e segurando o queixo de tanto que fico de boca aberta - embasbacada - com o universo que existe dentro de mim, alheio ao meu conhecimento e à minha interferência.
Oscar Wilde disse: "I like talking. A lot of times I talk to myself, just to hear myself talk. Sometimes I am so clever that even I don't understand what I said." (Eu gosto de falar. Muitas vezes eu falo comigo mesmo apenas para me ouvir falar. Algumas vezes eu sou tão espero que nem eu entendo o que eu disse!")
O que me fez compreender muita coisa? E é essa muita coisa que vou dividir agora com vocês... O livro. O tal do "Trem Noturno pra Lisboa." Tenho que ler em doses homeopáticas de tanto que me faz pensar a cada avanço que faço...
Não consigo. Não consigo só ver um filme sem assistí-lo. Não consigo só ouvir uma música sem escutá-la. Não consigo só ler um texto sem debulhá-lo. Já pedi mil vezes que não me digam que apenas exista. A mim não me basta existir, preciso viver. A mim não me basta presenciar, preciso interagir, preciso degustar, preciso inalar... Meus sentidos assim exigem de mim e eu não esperaria menos deles. É a única maneira que temos de nos honrar pelo perfeito organismo que nos reveste e pelas nossa habilidades sensoriais e de respeitar aqueles que, menos afortunados, são despidos destes mesmos privilegios.
Aqueles, contudo, que os possuindo - aos sentidos - não fazem uso deles para sentir a vida. Esses envergonham a si mesmos, humilham os que têm menos sorte do que eles, e fazem tudo isso, na maior parte das vezes, por ignorância, e não por opção, de sorte que agridem, além dos sentidos, à inteligência, que nem deveria fazer parte dessa discussão. É tudo meio triste, meio ridículo, um tanto inócuo.
Sei que quem costuma "me ler" vai entender.
Outra lição que aprendi no tal livro: Existem dois tipos de pessoas no mundo. Existem as pessoas que lêem. E existem as pessoas que não lêem. Genial!!! E o autor assume, que por mais que possa parecer bizarro... é assim e pronto. E eu assino embaixo e digo: e nos (os que lemos) sabemos reconhecer e receber como "irmão" aos que lêem como nós. É uma etiqueta que apita igual em sistema antifurto de loja no shopping. Quando encontramos essas pessoas o negócio dispara: peeeeein peeeeeein peeeeeeeeein peeeeeeeein peeeeeeeeein!
Alguns lêem mais que livros. Só que aí já é outra história...
Em verdade... tenho uma teoria que chamo "Teoria dos Icebergs" a respeito da qual escrevi brevemente no início do blog e digo uma coisa: não é "só" porque lemos que nos identificamos... Não é pela raça, credo ou nacionalidade que os homens se reconhecem, nem por qualquer critério visível aos olhos. Como disse Saint Exupèry: "somente com o coração pode-se ver corretamente". Está na alma e na mente a verdadeira tipologia que assemelha os homens. E eles simplesmente são capazes de reconhecer-se uns aos outros. É o que tenho sentido. Quantas "espécies" somos? Não poderia dizer. Mas imagino... imagino muitas coisas.
Mas voltando. Por que eu escrevo? Estou aqui agora para tentar compartilhar o que descobri.
No livro do Trem Noturno pra Lisboa, há uns dias, o protagonista (Gregorius) estava lendo esse capítulo chamado "O interior do exterior do interior." Parei. Voltei. Li. Reli. Pensei. Tentei entender. Nada...
Puutz, Eduarda! Larga de ser burra! O interior... certo como é por dentro. Do exterior... o interior do exterior é como é por dentro pra quem tá vendo por fora. Ok! Do interior... Mas e esse do interior de novo? Era o quê? hahahahahahaha É um ovo de páscoa recheado é? Que tem a parte do meio onde ficam os bombons e um recheio na própria banda? Non capisco!
Comecei a ler.
E digo outra vez como disse num post anterior. O título do capítulo eu teria escrito - talvez - de outro modo. Mas o conteúdo? E as conclusões? Se alguém me dissesse que era possível eu não acreditaria dessa forma: mas eu pensaria exatamente do mesmo modo sobre o mesmo assunto... Quem tiver estomâgo pra digerir, que digira.
O que o autor lido por Gregorius pensou é mais ou menos que se conseguirmos nos transportar para dentro de outra pessoa, pelo olhar dela que nos olha, e ver como ela nos vê, que pessoas diferentes de nós mesmos não seremos/veremos?!
O interior (do observador) do exterior (que nos observa) do interior (da GENTE!).
Percebi que eu escrevo por causa disso: pra que o quando o interior do exterior do interior passar uma imagem minha que é de minha responsabilidade, mas foge ao meu controle, eu possa revidar mostrando quem sou através do que penso e do que sinto... Seria então o exterior do interior do exterior do interior?
A primeira pessoa que precisava se conhecer era Eduarda. Mas quando ela começou a escrever e se deu conta de que precisava dividir aquilo com outras pessoas o bicho pegou!... Como?
O que incomoda é: o que as pessoas que não lhe conhecem vão pensar de você, no final das contas, está fora do seu alcance.
Ora, o que as pessoas que nos conhecem pensam de nós é difícil de prever. Muitas vezes, quando um ser humano se esforça para convencer alguém de que é "isso" ou "aquilo" é uma farsa. Não nos esforçamos para converncer niniguém de que somos o que somos. Esperamos que vejam por si mesmos porque imaginamos (embora saibamos que não é assim) que a pessoa enxergará sozinha, ao menos, se realmente 1) nos amar, 2) for digna de nós, 3) tiver bom senso.... etc. Quer dizer, se alguém não nos vê como somos, botamos a culpa no outro, e não em nós. Essa é a regra geral, imagino eu.
E descobri que faz sentido, pelo menos com o estranho que vai ver a imagem que iremos lhe passar... e independe do nosso controle o que ele vai perceber a partir do mero desenho de uma figura estranha. O que uma pessoa enxerga quando olha para um quadro? Depende! E quando olha pra uma outra pessoa? Depende! A culpa seria do quadro ou do observador? Depende...
Bom. Isso foi meio auto explicativo pra mim. Definitvamente eu não passo superficialmente uma imagem condizente com a minha alma. E eu precisava que as pessoas entendessem isso. Precisava mostrar quem eu era. A pergunta era: alguém teria interesse em ver?
O que incomoda é: o que as pessoas que não lhe conhecem vão pensar de você, no final das contas, está fora do seu alcance.
Ora, o que as pessoas que nos conhecem pensam de nós é difícil de prever. Muitas vezes, quando um ser humano se esforça para convencer alguém de que é "isso" ou "aquilo" é uma farsa. Não nos esforçamos para converncer niniguém de que somos o que somos. Esperamos que vejam por si mesmos porque imaginamos (embora saibamos que não é assim) que a pessoa enxergará sozinha, ao menos, se realmente 1) nos amar, 2) for digna de nós, 3) tiver bom senso.... etc. Quer dizer, se alguém não nos vê como somos, botamos a culpa no outro, e não em nós. Essa é a regra geral, imagino eu.
E descobri que faz sentido, pelo menos com o estranho que vai ver a imagem que iremos lhe passar... e independe do nosso controle o que ele vai perceber a partir do mero desenho de uma figura estranha. O que uma pessoa enxerga quando olha para um quadro? Depende! E quando olha pra uma outra pessoa? Depende! A culpa seria do quadro ou do observador? Depende...
Bom. Isso foi meio auto explicativo pra mim. Definitvamente eu não passo superficialmente uma imagem condizente com a minha alma. E eu precisava que as pessoas entendessem isso. Precisava mostrar quem eu era. A pergunta era: alguém teria interesse em ver?
Acho que mostrar é quando já conhecemos algo e dividimos. Revelar é quando partimos numa aventura pelo conhecimento e depois partilhamos.
Descobri que não posso mudar o que você vê quando olha pra mim, mas posso mudar o que você interioriza do que vê, se me conhecer.
A surpresa é que isso não importa tanto. O que faz com que olhemos a alma de alguém é a busca por nós mesmos. O ser humano é carente. Busca aceitação e identificação. É assim que somos.
Quando escrevo estou enviando a mensagem: "Ei, você! Você me entende? Você pensa como eu ou seria capaz de amar alguém que pensa assim?"
Quando vocês me lêem e gostam daquilo que estão absorvendo estão enviando a mensagem: "Eu encontrei aqui identidade com quem eu sou. Não estou só, sou capaz de identificar pensamentos e sentimentos meus e de dissecá-los e compreendê-los de um modo que me faz sentir bem, me transmite uma coisa boa."
Quando escrevo estou enviando a mensagem: "Ei, você! Você me entende? Você pensa como eu ou seria capaz de amar alguém que pensa assim?"
Quando vocês me lêem e gostam daquilo que estão absorvendo estão enviando a mensagem: "Eu encontrei aqui identidade com quem eu sou. Não estou só, sou capaz de identificar pensamentos e sentimentos meus e de dissecá-los e compreendê-los de um modo que me faz sentir bem, me transmite uma coisa boa."
Percebi que escrevo sim porque falar alivia dores emocionais à la Shakespeare. Mas não é a solidão uma das mais difíceis dessas dores? E o orgulho e a vaidade? Escrevo para que eu possa tentar agir sobre o que você vê quando olha pra mim, mesmo que nunca me abarque sob seus olhos. Escrevo para desafiar o que não pode ser desafiado.
Mas até aí, são conclusões que eu tinha chegado num primeiro momento. O que eu tinha deixado passar era um detalhe muito importante com o qual temos que ser bem mais cuidadosos porque se não depende de nós como seremos vistos pelos outros, é de nossa total responsabilidade como os veremos.
E como fica o interior do exterior do interior DE LÁ PRA CÁ? Quando você vê no seu interior, pelo exterior, como é o interior de alguém?
O julgamento é uma responsabilidade gigantesca. Pobre do homem que carrega essa cruz. Há que diga que Deus julga as pessoas... eu, pessoalmente, já me afastei desse mal entendido. Primeiro porque seria contraproducente.... É aquela velha história, eu não tenho filhos, mas como escolher uns filhos em detrimento de outros para condená-los? Nenhum pai poderia se desimcubir de tal tarefa. E Deus é, antes de tudo, pai. Depois porque para julgar é preciso parcialidade, e Deus é talvez o único ser imparcial no Universo.
Acredito que nós somos nossos próprios verdugos. Shakespeare disse que com a mesma severidade com que julgarmos, seremos um dia condenados, de modo que, somos nós ou não os nossos próprios juízes? Só que isto se aplica às Leis Eternas. Aqui, hoje e agora temos nossas leis materiais que precisam e devem ser obedecidas e aplicadas... mas não é disso que estou falando. Falo de julgar... não crimes, mas caráter. E repito: é uma responsabilidade gigantesca.
Olhamos uma pessoa, a maneira como se porta, como sorri, como se dirige aos outros, como olha, se sustenta o olhar, prestamos atenção em seu tom de voz, suas roupas, seu meio de transporte, se tivermos oportunidade perguntamos com o que trabalha, avaliamos seu grau cultural segundo nosso critério (se nos consideramos cultos, o ideal é que seja menos que nós para que nos sintamos seguros e superiores? caso contrário será um nerd esnobe? mas se for muito menos será comum, nem mesmo digno de nota? kkkkkk)... por um monte de critério superficial - menos ou mais, segundo tenhamos ou não contato ou somente analisemos visualmente - temos um parecer.
É exatamente o que fazem conosco! Só que somos nós fazendo aos outros. Não parece nada demais quando não somos nós o objeto de escrutínio, não é?
Se pararmos para pensar... quase ninguém é lááá dentro o que passa por fora. Pior: quase ninguém é lá dentro uma pessoa só. Quem é capaz de responder com 100% de segurança que se conhece e é capaz de prever cada uma de suas reações? Quem? Quando dizemos "Eu sou assim mesmo" é algo do tipo... "eu não sou idiota desse jeito sempre, mas preciso saber que você me aceitaria mesmo que eu fosse, pra que eu tenha a calma e a tranquilidade de trabalhar meus defeitos sabendo que você me apóia".
Por que nunca usamos as frases corretas? E porque não existe tradução simultânea para as erradas?
O que fez a ficha cair em mim para o fato de que não tão importante quanto o interior do exterior do interior de CÁ PRA LÁ é o interior do exterior do interior DE LÁ PRA CÁ foi um engano terrível que cometi recentemente.
Eu sofro desse mal: excesso de fé nas pessoas. É um mal que não é mau. Mas pode ser extremamente nocivo. As vezes o que vemos quando olhamos pra o lobo é a ovelha. Outras vezes, o que vemos ao olhar a ovelha é o lobo. Se não tivermos cuidado, podemos confundir o exterior do interior com o exterior simplesmente.... ou com o exterior do falso interior.
A imagem é assim: você na sala de embarque em um aeroporto... aquele monte de vidro espelhado pra tudo quanto é lado. Escolha o reflexo de uma pessoa e tente dizer por ali quem ela é.
Dizem que os olhos são a janela da alma. Isso me parece muito coerente quando estamos falando de uma alma que conhecemos. Mas pouquíssimas pessoas têm o talento de olhar uma alma estranha e compreendê-la. Essa não é a regra. Se você olha nos olhos de uma pessoa que você conhece, você pode ver sua alma... mas se olha nos olhos de um estranho, pode ver ali pistas. Não ouse dizer que o conhece nem que o compreende, porque não admitiria que um estranho olhasse em seus olhos e dissesse isso de você, admitiria?
Quando isso é possível, conhecer a alma de alguém pelos olhos, não importa há quanto tempo vocês foram apresentados nessa vida, saiba que não são estranhos. Há pessoas que conhecemos e há pessoas que apenas reencontramos na infinitude da existência.
Isso de conhecer ou não conhecer é complicado. Sócrates eternizou o dilema dizendo:
Conhece-te a ti mesmo.
Mas como? Já falei como somos imprevisíveis. E podemos mudar. Podemos NOS modificar. Sabe-se que ninguém muda ninguém... mas uns poucos, mais esclarecidos compreendem... nós podemos mudar a nós mesmos, seja por nossa causa, ou seja pelo outro.
Conhecer-se a si mesmo é ter consciência de nossa ignorância.
Importante ainda compreender que o exterior que liga o interior da gente e o interior de quem nos vê é moeda, e como tal tem duas faces. Por nos ocultar nos protege ao mesmo passo que nos deturpa. Turva nossa alma para que não possam conhecer nossos segredos e fragilidades mais íntimos, mas dá-lhe uma aparência que em nada se assemelha à sua essência, roubando de nós quem somos diante do mundo.
É difícil encontrar no Universo algo inteiramente bom ou inteiramente ruim. Até o fato de ser difícil encontrar algo inteiramente bom ou ruim não é de todo mau, porque nos ensina a sermos melhores administradores.
As dificuldades perdem metade da sua força de apenas passarmos a chamá-las oportunidades. E que poder as palavras têm! E que poder temos nós: que damos os nomes às palavras!!!
No final das contas, se é o interior de cá pra lá ou de lá pra cá.... ou se o exterior é o meu ou o seu, não importa tanto assim. O que realmente importa é que saibamos focar sempre no que vale a pena ser refletido, porquanto embora não tenhamos a escolha de vivermos ocultos, temos a liberdade de escolher as paisagens.
"As pessoas viajam para surpreender-se com as montanhas, os mares, os rios, as estrelas; mas passam por si mesmas sem maravilhar-se."
Santo Agostinho
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