terça-feira, 1 de novembro de 2011

Uma corrida atrás do vento

"Que as palavras que eu digo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor. Apenas respeitadas. Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos."
(Oswaldo Montenegro)
 



Descobri que existem pessoas que não pensam a respeito de todas as coisas. E por falar em coisas e em "todas as coisas"... Já pararam para pensar no fato de  que o ser humano é a medida de todas as coisas? Significa que o homem é medida de coisas sobre as quais ele nem sequer se dá ao trabalho, via de regra, de pensar?

"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."  (Protágoras)


Sabem... não foi conhecendo esta frase que ela se tornou um fato para mim, foi a compreendendo.

Conclui que somos levados, todos e cada um de nós, a “medir” o próximo a partir de nós mesmos. Nós somos a medida de todas as coisas. Eu sou a medida de todas as pessoas. Sou porque as julgo tomando-me, a mim, por parâmetro. 
 
Se sou capaz, todos são. Se faria, todos fariam. Se acredito, todos acreditam. Se posso, todos podem. Se sei, todos sabem. E se isso jamais passaria pela minha cabeça... na de quem haveria de passar?

É claro que está todo mundo com frio, com fome, com medo. Claro que qualquer um teria vergonha ou acharia engraçado ou feio. É "claro" porque é assim que eu me sinto.

Nossa falibilidade em conseguir pensar e ver as coisas - as possibilidades - as vezes é até ingênua, não é?

Enfim... eu não estou aqui defendendo que seja justo. Apenas que seja. Não disse que minhas ideias são absolutas, são apenas ideias... Acho até que existem exceções, mas a regra é sempre a regra e a regra é essa: medimos os outros, o que são capazes e o que esperar deles a partir de nós mesmos. De nossas virtudes e de nossas fraquezas. Olhamos o mundo com os olhos do umbigo.


Eu não vou dizer que pensava que todo mundo pensava sobre tudo. Eu sei que eu não sou exatamente um parâmetro confiável e eu... bem EU PENSO SOBRE TUDO. Digamos que, muitas vezes, eu sou a medida-oposta para quase-todas as coisas. Mas mesmo sabendo que nem todo mundo pensa sobre tudo,  não sei se eu esqueço disso.... ou o quê! Ou se penso que existem coisas que não podem ser ignoradas. Precisam ser pensadas. Mas não são. Não são!

"Cada pensamento é uma exceção a uma regra geral que é a de não pensar." 
Paul Valéry

O que faz de todos iguais - todos os homens - é o fato de que somos tão assim...  E apesar de sermos todos "umbigo-guiados", temos cada um o próprio umbigo, o que faz de nós pessoas extremamente diferentes. Deve ser isso. Nossa maior semelhança é o tanto que somos diferentes uns dos outros.

 
Semana passada eu estava assistindo ao Jornal da Globo com uma pessoa querida. Preciso escrever sobre essa pessoa depois! Prova física de que Abba me ama e me paparica... Unique! Aliás, preciso escrever sobre duas pessoas queridas depois. Duas pessoas bem excepcionais, considerando o tanto que são excepcionais para mim e que eu considero o meu conceito de excepcional, excepcional! Mas, enfim! Mesmo elas duas, que quase me entendem (tipo.... várias vezes até... não que eu seja ininteligível, mas elas se dão ao trabalho, sabem?)... e mesmo essa pessoinha... que meio que é “me entende como poucos”, não pensa quase nunca como eu e, em geral, nem pensa muiuuuito! Não pensa nas coisas “por aí”... e não pensa nas coisas que eu penso... Aliás, fica meio que fascinada com o tanto que eu penso em tudo, tanto. Mas eu tenho uma teoria sobre isso que acho que é meu próximo (e polêmico) post.

Sabem? Parece que as vezes os outros são a minha medida de todas as coisas... Para o negócio funcionar melhor...

Mas voltando...

Passou no Jornal da Globo uma confusão danada na USP porque a Polícia inventou de prender três estudantes que foram pegos "com maconha". Os alunos foram contra o “procedimento” da polícia, a prisão, enfim! Não estou dizendo que foram a favor da maconha... mas será que não estou? Bom, o que importa é a diferença entre a notícia que eu estava assistindo e a notícia que a minha companhia estava assistindo. Ele estava assistindo à manifestação de um bando de estudantes revoltado/indignado contra a polícia-cumprindo-seu-dever-afinal-de-contas-fumar/portar-maconha-é-crime-e-não-pode. Ele estava julgando o conflito entre os estudantes e os policiais... entendem? E eu? Eu estava pensando que eu estava assistindo no noticiário um fato muito curioso:

Tanto a imprensa quanto os estudantes esqueceram de ser hipócritas e de fazer de conta que ninguém sabe que todo mundo sabe que as coisas são como são e não como deveriam ser e que não faz sentido que indivíduos continuem sendo punidos e discriminados por fazerem coisas que, de forma geral, são aceitas. 

A sociedade só finge que não para manter as aparências... e manter também uma certa dignidade, afinal, não é de maconha que estamos falando aqui... Tem muita coisa "na reta".

Mas todo mundo esqueceu de fingir que é hipócrita. Tava todo mundo meio de saco cheio nesse dia, aparentemente. O que a imprensa ACHA que mostrou foi uma disputa entre estudantes e policiais. O que ela mostrou foi: "Tenha santa paciência, seu guarda... vai pegar no pé da galera por causa disso? A gente endossa isso. Hel-loooww"




Se é certo ou errado? Bulhufas. Tem dia que se está cansado do certo e do errado. As coisas são o que são.

A confusão se originou, resumindo, porque os alunos da USP simplesmente entenderam que era “bobagem” da polícia querer prender os três colegas por causa da maconha. A televisão estava falando sobre isto como quem fala numa indignação estudantil qualquer. Eu estava pensando que este poderia ser um marco um dia quando, quem sabe, optem por legalizar o uso da maconha, e a imprensa diga que “em outubro de 2011 houve uma manifestação na USP de estudantes indignados contra policiais que molestaram estudantes que 'apenas' consumiam cigarros de maconha no Campus” ou algo do tipo.

Eu estava assistindo a constatação de uma mudança moral.  Um mudança que ainda não se assumiu, mas está de saco cheio de viver clandestina. A imprensa falou abertamente e sem emitir opinião crítica a respeito de ser errado ou não o uso da maconha. Para mim isto é significativo.  Significa que a imprensa não quer assumir lados, não que desagradar quem já tá de saco cheio.

Tanto faz se os estudantes estavam atentando contra o pudor, por exemplo, e ocorreu um manifesto na USP, se era por causa de um reitor corrupto, se alguém encontrou um urso pólar no meio do estacionamento. A notícia era em razão do “fuzuê”. A imprensa estava se lixando se é bonito ou não fumar maconha.

Eu estava assistindo ao fato de que não nos choca mais, não falamos mais sobre isso aos cochichos. Não é algo de cuja existência conhecemos, mas nos envergonhamos. São apenas três alunos enchendo a cara ou fumando maconha. ou fazendo sexo explícito. Independe se você usa ou não, concorda ou não, apóia ou não... É uma realidade.

Muito pior seria um trote violento, por exemplo. Muito mais chocante seria o cometimento de maus tratos contra animais. Eu assisti uma notícia no Jornal da Globo que me mostrou o seguinte: fumar maconha não tem nada demais. Talvez ser corrupto também não, nem ser adúltero, nem homosexual, nem ninfomaníaco. É meio que "cuide da sua vida, que eu cuido da minha, contanto que não me prejudique e que não me torre a paciência".

Se alguém vê a liberdade "de escolha" ameaçada, sei lá... se chateia... também não quer ter a sua própria liberdade tolhida... Daí a manifestação da USP. Não foi em prol da maconha, foi em prol do "não-se-meta-na-minha-vida.com.br".

O homem é a medida de todas as coisas. Se estão se metendo na vida do meu vizinho, podem se meter na minha... isso eu não vou admitir!



Sim, é fato. Eu penso demais sobre as coisas. Eu visualizo demais. Talvez não seja nada disso ou você considere esse "quadro" exagero meu. Talvez seja excesso de senso crítico ou eu estivesse na TPM. O que me intrigou, contudo, é que esta é uma constante... eu penso, eu penso que penso, eu peeeeenso que vi... eu penso que pensei que vi.

Pensando assim eu cheguei à conclusão de que não posso ser  eu a minha medida de TODAS as coisas. Sou a minha medida de algumas coisinhas, para as demais utilizo medidas mais adequadas! Diversas... Utilizo você e utilizo alguém ali ou acolá. Os homens são as medidas de todas as coisas... talvez seja esperto usar mais de uma medida, já que são tantas as coisas a serem medidas.

E que coisa interessante é descobrir que o homem, enquanto medida das coisas, é feito de bolhas, de ar, de massinha de modelar, de tudo e de nada! Quer dizer... Um quilômetro é um quilômetro. Que equivalha a mil metros não interessa! Aquele tamanho lá, aquela distância, não se altera. É uma medida fixa, permanente. Um quilo é um quilo. Um dia é um dia. Mas um homem... um homem é medida que muda a todo momento. Sou a medida de todas as coisas, mas não sou a mesma medida para a mesma coisa duas vezes.

Vou explicar!


Há vinte anos atrás, aos 8 anos, eu tinha uma ideia formada do que era uma pessoa adulta. Há dez anos atrás, aos 18 anos, eu tinha outra ideia, bem diferente da primeira. Hoje, aos 28 anos... o que penso eu? Em que se assemelha a minha ideia em relação à primeira ou à segunda? O que é o amadurecimento senão um constante aprendizado quanto ao manuseio das medidas que somos e que vemos nos outros? Hoje, que a medida de um adulto para mim deveria ser eu... que penso eu que é ser adulto?

Que penso eu sobre o casamento hoje? E que pensava eu há seis meses atrás?! Coisas tão diferentes!!! Quer dizer, na realidade eu pensava exatamente a mesmíssima coisa... o que era diferente era o que eu pensava a respeito daquilo que eu pensava.



Eu pensava: “casamento é aquilo que acontece com duas pessoas que tomam a decisão de acordar juntas todos os dias daquele momento em diante e se sentem as pessoas mais felizes do mundo por saberem que é exatamente isso que vai passar a acontecer”. O que eu pensava a respeito deste meu pensamento? “Utopia”. E o que eu penso hoje? “Putz grila!!! Será que Papai Noel também existe?.

O que mudou? Mudei eu. Mudou a medida. Se eu posso, então é possível. Agora eu acredito. Que seres bobos, ingênuos e limitados que somos nós, os homens. Duvidamos somente porque não conseguimos nos projetar em uma situação.

Engraçado que eu preciso as vezes recorrer a “medidas” muito peculiares. Sabem? Alguns pensamentos carrego muito próximos ao coração, dentro do peito. Acho que todos fazemos isso. Tenho estes “amigos” completamente estranhos... que vieram antes de mim como se tivessem vindo eles mesmos preparar o mundo para aqueles que, depois deles, "pensando mais que a cabeça" (tipo, "dormindo mais que a cama"?), precisassem de um apoio.


Preciso de apoio deles para me sentir uma “diferente normal”. Preciso de Shakespeare, Nietszche, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Wilde, Leminsky e Fernando Pessoa... preciso também de Amadeu Prado, o médico e ourives das palavras, personagem fictício, alma irmã da minha alma... que veio lá... de "Trem Noturno pra Lisboa".


Preciso de Shakespeare para recordar que "falar alivia dores emocionais". Preciso  de Prado para lembrar a importância das Catedrais. Preciso de Vinícius para sonhar o amor.... e de Pessoa para curtir a dor de ser. Preciso de Wilde para entender meu humor sarcástico. Preciso de todos eles para que não me sinta só... para que saiba que a medida de todas as coisas é a genialidade travestida de insanidade.

Preciso da segurança das instituições, da energia das preces fervorosas, preciso do amor dos inocentes, preciso da maldade dos desesperados, preciso que se escarneça da imoralidade – e da moralidade, preciso que se enalteça a moralidade – e a imoralidade, preciso das perguntas, preciso do silêncio, preciso do tumulto, preciso da insanidade temporária, preciso de almas inquietas, de amores insanos, preciso de sobriedade, preciso de desafio, preciso de disciplina férrea, preciso do des-rigor, preciso da imaturidade, preciso de precisar e preciso de bastar. Não é bastante que seja preciso, é preciso que seja bastante... mas é ainda mais preciso que se precise sempre. Não sei.

Salomão, aquele lá da Bíblia... é interessante. Ele disse: "Quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento". (Eclesiastes 2:11.)

E eu paro e penso. Claro. Elementar, meu caro Watson. Óbvio que eu penso... E penso o seguinte: O que é correr atrás do vento?

Bom... Lembrei disso agora porque, na verdade, a vida é uma corrida meio que atrás do vento mesmo. O grande problema é que ficamos ali, fazendo as perguntas erradas! Salomão ficou todo frustrado, achando que correr atrás do vento era o maior programa de índio. A pergunta não é “Pouxa, vida! O que eu fiz para merecer um programa de índio assim tão Uga Uga?” E sim “Como fazer desse programa de índio (digamos assim) uma coisa boa?”

Coloca uma tanguinha, um cocá... e corre!!! Corre achando que pode ser divertido! É isso! Corre assim... como se você fosse o vento!!!


A vida é uma corrida atrás do vento? Bom... de fato, estamos indo atrás de algo que podemos intuir... que desconfiamos que conseguimos “brechar”, as vezes, quando sopra uma folha... mas não sabemos o que nos aguarda. Não conseguimos enxergar.

Então o que fazer? Corra... ou flutue junto com o vento... Correr contra o vento?  Não! Correr atrás do vento? Huuum... Corra COM o vento. Faça do vento seu aliado. Sabe? As vezes eu esqueço isso também. Super mega gasto desnecessário de energias. Noooossaaaa... Maior besteira!!!

Corremos e temos dentro de nós um instrumento super ultra blaster moderno. O GPS por excelência...  a bússola! Aquela centelhinha divina de Abba que nos orienta e que é movida a "tum tum tum"... basta que nosso coração esteja batendo que ela está nos guiando. 

Eu realmente acho que todos somos capazes. Sim. Hahahahaha Porque eu tenho certeza de que EU sou capaz. E EUUUU sou a medida de todas as coisas... pelo menos de quaaaaaaase todas!!! Desta eu sou! Então se eeeeeeeu, posso... você pode. Sacou?

Um dia quiseram puxar meu tapetinho e me disseram assim: “Credo, Eduarda, você nem espera a garrafa encher e já sai correndo pro deserto!” 


SIM!!!! Esta sou eu!!!

Irei correr pro deserto com ou sem garrafa... irei sentir a areia escaldante, irei até onde for preciso... Só sei que irei! Irei correr com o vento.  Irei viver a vida e irei participar dela acreditando que é preciso mais do que meia garrafa seca para me derrubar. Ora essa! Tô dizendo mesmo!!!! Já pensou?!


Ia ser uma OFENSA se me dissessem “Parabéns, Eduarda, você só corre pro deserto com a garrafinha cheia (de isotônico), o seguro de vida e de viagem feito, protetor solar e guarda-sol”. Olha para a minha cara e vê se eu tenho jeito disso? Sabem? Se der para ter todo o kit mamãe-me-arrumou-pro-piquenique, ótimo! Maravilha... BEM! Se tiver que ir com meia garrafa de água quente.... AMÉM! Que assim seja.

Não vou achar que uma corrida atrás do vento é uma coisa ruim. Não vou!

Tudo bem... tuuudo beeeem... tem todo aquele papo de nem 8 nem 80000... mas eu nunca enganei ninguém, né? Mané 8 ou 800000...! E tem mais! Já aviso logo para Abba: "segura a onda aí que eu tô indo e eu conto com Você pra cuidar de mim, das flores e dos pássaros! Vai vestindo elas, alimentando eles e cuidando de mim... só não me põe juízo na cabeça que me dá uma enxaqueca danada!!!" =)

De que outra forma eu falaria com Meu Pai? Com o melhor Pai do muuuuundo? O que mais eu poderia esperar Dele??? Aaaahhh neeeem! O Meu Abbinha cuida. Ajuda-te e o céu te ajudará.

É isso!!!! Deus alimenta os pássaros e veste as flores. Ele cuida de todos e de cada um de seus filhos. Cada vez que eu penso em esquecer disso... AI AI AI! Não é bom, sabe? Me dá um aperto no coração!!! Muito ruim!

Esses dias eu estava assistindo um filme que tinha um padre que dizia que até já “tentou” perder a fé... mas é como se ele sentisse a pontinha da unha da Deus roçando... futucando... quando ele pensava essas coisas. Não sei se é uma analogia morta de linda. Mas não está longe da realidade. Ele vem e cutuca e eu sinto dentro de mim aquele velho e bom “A senhorita neeeeeem invente de desistir de Mim... porque Eu não vou desistir de você.” Fazer o quê? Se Ele é mais teimoso do que eu? E olhe que eu sou teimosa (de cum força) viu???!!!

Sim. Eu posso. Você pode. Nós podemos. E isto não é aula de português e eu não estou treinando a conjugação do verbo “poder”. Capisce?

Não sei se pensar tanto assim é bom ou ruim. Mas não gostaria de ser de outra forma. Nem gostaria de gostar de ser de outra forma. Sei que isto faz de mim quem eu sou. É como a rosa do pequeno príncipe.... sabem? Sou única no mundo  para as pessoas que, de algum modo convivem comigo, e o que eu sou para elas, pensando do jeito que eu penso, faz com que seja a rosa de cada um, e cada um a minha rosa.



Não consigo imaginar viver no mundo e passar batida por ele, como vejo que acontece - pelo menos em relação a muitas coisas - com a maioria das pessoas ao meu redor. Não consigo imaginar como seria viver rodeada de pessoas e ser incapaz de pensar-me nelas. Aliás, consigo imaginar sim, consigo e não gosto.

Não gostaria de não parar para pensar no movimento de uma folha que cai. Na trajetória de um olhar que dói. Na distância de uma proximidade que não existe. Deus me livre não pensar nas cores que formam um feixe de luz, no calor dos grãos de areia sob minha mão, no som do vento. Não queria, de modo algum, ignorar os formatos das nuvens e das sombras, o sorriso das pessoas estranhas, a alma de um violinista.

Mas mesmo pensando assim... acho que passo batida em muita coisa. É isso do referencial. Vejam bem: vendo-me de um referencial que não o meu... de uma medida que não a minha... me vi alguém que eu não conhecia. Esse é um exemplo. Bom, estou tentando entender o que eu estou vendo ainda. Hahahahaha Estou tentando me ver de mim, não da maneira como eu já vejo ou como eu veria se eu conhecesse alguém como eu... mas como eu, sendo outro, me vendo como o outro me vê, me veria a mim.

Somos a medida de todas as coisas. Mas somos tantas medidas!


O que lhe faz feliz? O que lhe faz sorrir? O que lhe apetece? O que lhe intimida? O que lhe anima? O que me faria feliz, sorridente, faminta, tímida, animada? O que faria a qualquer um? E por quanto tempo?E o que faria qualquer um? E todos?


É preciso correr com o vento. E também atrás do vento. E também do vento. E para o vento. E, sobretudo, é preciso correr.


A vida é uma corrida contra o tempo. Uma corrida atrás do vento. Uma corrida sem regras e com tantas regras que seria impossível conhecê-las todas.

Imaginem esta grande planície... uma corrida de borboletas.


Imaginem esta grande planície... um estouro de elefantes. Eles lá: correndo!


Com o que você se identifica? O que isto significa?

As vezes... sinto que tem um elefante sentado no meu estômago. As vezes eu fico meio "elefantada", viu? Acho que querermos ser borboletas está de bom tamanho. Ninguém consegue ser o que pensa que deveria ser o tempo todo, né? As vezes somos elefantes com asas... ou borboletas nada esbeltas... tipo peso pesado. Mais válido do que ser uma borboleta super-fat, por exemplo, é ser um elefante "maneirinho"... é perseguir a leveza.



E lá estava eu... que não consigo parar para terminar esta postagem... pensando e pensando e pensaaaaando e sentindo que ainda não tinha escrito o que eu vim escrever. Sabem? A ideia não está ainda completa. Mas o que está faltando? E eu não conseguia "sair do canto"... Então comecei a buscar as imagens... Imagens mesmo, para ilustrar o que já escrevi, porque estou longe do meu acervo e tive que partir do zero... e aí eu compreendi uma coisa.


É como disse Shakespeare (não cansava de estar certo o rapaz... ):" Vivemos todos sob o mesmo céu, mas não temos todos o mesmo horizonte". Mais do que medidas diferentes, mais do que pessoas que pensam mais, menos ou têm preguiça disso de pensar, né? Somos criaturas que enxergam tudo de um observatório único e distinto umas das outras.

Mesmo os que pensam muito, pensam tudo de uma forma diferente. Mesmo os que pensam pouco, o fazem por razões distintas. É tão difícil encontrar alguém que seja um espelho no qual possamos nos refletir! E tantas vezes buscamos mesmos um quadro que reflita a imagem do que gostaríamos de ver. Entre quadros e espelhos, nos perdemos nas buscas que nos deixam anestesiados e extasiados... sem saber, sem compreender o que é aquilo que procuramos encontrar, afinal de contas!

Buscamos respostas para perguntas que não ousamos elaborar.

Sabem por que Descartès disse a famosa frase "penso, logo existo"? Olha a viagem! Porque ele estava em dúvida se existia realmente ou não. Ele fez uma pergunta bem ousada, hãn? "Eu existo"? E concluiu "Dubito, ergo cogito, ergo sum." (Eu duvido, logo penso, logo existo).

Primeiro é preciso desafiar a certeza. Somos então elefantes alados que acreditam ser borboletas? Borboletas obesas que acreditam ser elefantes alados? Somos iguais ou diferentes? Somos, ao menos? O que vemos? Em que acreditamos? O que você irá ler ao final deste post? Será que, por alguma hipótese, será a mesma coisa que eu penso que escrevi?

Pouco provável.

Isso meio já me inquietou. Imagina!!! Eu escrevo, escrevo, escrevo um bonde de coisa que eu estou pensando e disso tudo que eu penso que estou dizendo, você vai ler o que VOCÊ pensa que eu estou escrevendo.. que é diferente daquilo que eu PENSO que escrevi e que é diferente daquilo que EU penso que você lerá.


E é isso!!!

O que fazer?

Nada...

Faz como "Johnny": KEEP WALKING.

Aos que são de pensar, bem. Aos que não são, amém. E que esta louca boa e incompreensível corrida atrás do vento nos leve longe... e além. Sempre.

Além de nós mesmos, de nossas pobres e poucas perguntas. Das respostas ausentes, em direção aos desejos presentes. Não precisa pensar muito para deduzir que o mais importante não é o destino, nem a chegada, mas o trajeto.


3 comentários:

  1. Engraçado, por mais que eu tenha lhe cobrado um post, assim que você o colocou eu não pude ler de imediato (porque é necessário reservar um tempo para ele). Porém, no dia que eu percebi, quando olhei para trás, que tudo que fiz foi "correr atrás do vento", tá tudo meio que descrito no seu texto. Bom, mas isso é algo muito complexo... é o pensamento da realidade escondida de mim mesma, que quando me dou conta, não gosto.

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  2. Na primeira parte do texto, não corcondei inteiramente com você... pense bem, podemos basear a conduta da mídia e dos jornalistas em geral pela Globo? Em mais de um dia, eu assistindo o Jornal Nacional com meu namorado, que tem com uma de suas formações o Jornalismo, me veio um forte suspiro de indignação e a vontade de falar um genérico "odeio jornalistas" (só não falo por causa dele, mas de vez em quando escapa). Mas eu não odeio todos, aliás, eu nem odeio ninguém, mas as interpretações que fazem de algumas notícias (principalmente jurídicas são para pessoa respirar cada vez mais profundamente de tanta indignação). Será mesmo que houve imparcialidade? O que houve para mim foi o cumprimento da ordem judicial descumprida (ponto). E aquele contigente todo de policiais? Sabia-se quantos estudantes eram e como reagiriam? Era melhor ir com aquela "ruma" mesmo. Eles podem até ter errado na forma de abordagem, mas se assim não tivesse sido feito, como seria a reação dos estudantes? Por que que quem é a favor da permanência da PM no campus da USP não se manifestou de forma oragnizada? É mais fácil permanecer quieto no seu lugar que apoiar o "sistema"? Enfim... "se"... "se"... "se"...

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  3. Meu trajeto está "capenga". Estou pensando nas coisas que planejei no final da adolescência e de como NADA foi do jeito que imaginei: algumas me foram tolhidas, outras negadas, umas esquecidas, mas, a maioria, foi porque eu não tive a coragem de perguntar "como se faz?", "para onde vou para conseguir?".. acho que nunca soube chegar lá... um dia saberei?

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