Aí você vê que ninguém ao seu redor tem noção.. Ninguém PERCEBE o tanto que você está rachada, in the edge. Ninguém vê seu esforço hercúleo para não surtar. E você não surta... Porque não é daqueles felizardos que "simplesmente surtam". Você keep it together. Praticamente. Porque não pode se dar ao luxo de derrubar a peteca - essa é a verdade - mas é que você tem essa consciência do limite da sua loucura, da sua fraqueza. Não do limite que elas têm. Do limite de interferência que você pode permitir que elas exerçam. E tudo só dói mais! E você demonstra isso. Sim! Só um cego não veria. É que de onde eu venho não é como aqui onde todo mundo é cego...
Aqui eles não vêem. Ignoram. Sorriem. Contam os próprios problemas. Estou sem saber ao certo se choro ou se grito... Mas faço tudo "que tem que ser feito". De onde eu venho as pessoas seguram a onda. Não há mais ninguém igual a mim aqui por perto. Embora eu saiba que há em algum lugar. Só que estamos todos sós, um de cada vez.
Minha força é recompensada com mais ignorância. Mais cegueira. Esse tipo de egoísmo que o mundo demonstra comigo ao me ignorar "por dentro" é uma maldição e uma benção. Eu não sou assim. Não poderia fazer como "todo mundo". Estou condenada e enxergar nos outros o que eles ignoram sistematicamente em mim. Em socorrer nos outros da dor que eles reiteradamente deixam que eu sofra sozinha no escuro.
Quero gritar. Largar tudo. Culpar alguém. Chorar curvada na cama (isso eu faço). Mas amanhã levantarei e fingirei. Com a dor e a dúvida doendo em todos os meus poros. Eu sou condenada à solidão. A gente simplesmente sabe que é diferente. Pronto. Ponto. Depois melhora. Depois piora. Só alguém de onde eu venho poderia entender.
De onde eu venho somos todos iguais em nossa diferença.
"Só com o coração pode-se ver corretamente, o essencial é invisível aos olhos" (Pequeno Príncipe)
De onde eu venho a gente não vê. Sente. Por isso eu sou só. Porque aqui ninguém sente. Pouca gente ao menos enxerga... A maioria só olha.
As vezes a dor de viver num mundo tão diferente de mim parece que vai me comer. Me engolir. Tenho vontade de me entregar. Mas no final... Parece que é uma tortura calculada ao ponto de me massacrar sem me destruir completamente.
Não sei, contudo, quanto de mim resta em mim. Quanto de mim morreu em mim.
(importado do meu outro blog "Quem Pensa Demais" e escrito em 05/02/2013)
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