Depois de um longo jejum é sempre um problema voltar a escrever.
Tanta coisa que aconteceu... tanta coisa que eu senti.
Mil vezes lembrei do blog e das impressões que deveria estar registrando e compartilhando... tinha que ter sido séria, engraçada e as duas coisas ao mesmo tempo taaaaantas vezes.
Mas o tempo não é um insumo que se possa recuperar... e aqui estou eu... mais da metade do primeiro mês de 2011 passou e só hoje estou criando coragem de encarar o teclado de dentro do meu blog, do nosso blog... de dentro de mim.
Gente... que final de ano mais louco. Minha vida muda de um jeito que simplesmente me extasia. Mas o que sou eu agora? Absolutamente nada. Ninguém. Porque de todos os dramas e problemas que eu possa escrever nenhum consegue vir antes na minha cabeça do que as mais de 600 mortes no Rio de Janeiro. Quantas pessoas assistiram ontem o Fantássionalismo e sentiram aquele incômodo? Aquele aperto no coração? Eu chorei, não sei bem "de quê". Não é bem dor, ou impotência, ou pena, ou aflição... é outra coisa... não consigo nomear (droga de vocabulário que fica limitando a gente!)... é meio que um "sufocamento". É compartilhar com todo mundo que está vivendo, ajudando ou assistindo aquilo tudo lá que somos o que há de mais importante... e então somos nada. Somos pó. Somos, me desculpem, bichos, seres, criaturas, tentando sobreviver... e passamos a maior parte do tempo ocupadíssimos com nossos dramas pessoais, absolutamente convictos de que o universo gira ao nosso redor... mas ele está literalmente simplesmente girando. Girando, girando, girando...
Sabe quando a gente é criança... ou quando vê uma criança fazer isso.. pegar uma mangueira e afogar um formigueiro? As formigas estão lá... carregando folha, doce, semente, sei lá o que danado elas carregam nas costas.. mas quem leu ou conhece a história da`"cigarra e da formiga" sabe que elas trabalham pra caramba... e elas estão lá... nascendo, crescendo, trabalhando... fazendo o que dá pra sobreviver dos predadores naturais, cuidando da rainha delas, reproduzindo... e aí vem toda aquela água.. não conseguem entender de onde... e tudo acaba. Só que "são só formigas". Nem sei porque lembrei delas agora... as formigas... são só formigas, né? É triste isso.
E nós doamos dinheiro... e alimentos... e assistimos TV e comentamos o caso. Até choramos. A mídia aproveita pra ganhar IBOPE e todos nos sentimos muito humanos e solidários porque estamos sensibilizados. Pensamos do fuuuuundo do coração que, seeeee pudéssemos até iríamos lá ajudar (alguns pensam isso... outros neeem tanto, né? Meeenos, Adelaide, meeeenos!). E aí o tempo passa. Acontece outra coisa "legal". Uma crise financeira... um escândalo político... sei lá. Não tem nada que eu ou você possamos fazer mesmo, não é? E a coisa toda vai perdendo espaço na mídia. E dona Fulana, que ontem estava com o neto (aquele rapazinho que foi arrastado 4km pela água e ficou sem enxergar... sabem? Que ia fazer uma cirurgia e que a mãe morreu? Ele mesmo!). Então... dona Fulana vai ter que arrumar uma casa.. cuidar do neto sequelado... rezar pro pai dele arrumar um emprego e não buscar consolo na malvada da cachaça... e tentar morrer em paz! Tomara que esse menino também.. não dê pro mal.. não se revolte. Talvez em 10 anos o Fantassensional faça uma reportagem com os sobreviventes desse desastre e mostre lá o rapazinho... e aí a gente vá matar o que, à época, será curiosidade... e aí ficaremos, como bons psicólogos que somos, tentando entender o que o levou a ser bom ou ruim... e isso será um excelente assunto para as rodas sociais durante pelo menos um final de semana. Medíocre ou o quê?
Me perdoem começar o ano assim... com essas patadas e espetadas. Até estou de bom humor, sabem? Juro! É que eu queria acreditar que uma tragédia dessa pudesse servir a um propósito maior... de burilamento das pessoas.. de reflexão! Mas alguém aposta um dedo nisso? Só se for o Lula... e acho que já sabem qual dedo!
Mas calma. Existe esperança. Claro... olha lá os voluntários. Olha lá a humildade das pessoas ao receber ajuda, um prato de comida, um agasalho... Olhem as crianças brincando pelos abrigos como se estivesse alheias (e estão!) ao fato de que o mundo está literalmente desabando ao seu redor.
Essa semana recebi uma mensagem de uma amiga. Na verdade foi uma mensagem de uma amiga para outra amiga, em que eu era copiada juntamente com uma quarta pessoa. Eu, que estou chorona de um modo ridículo ultimamente, choreeeeei... Chorei comovida em ver, nessa criaturinha, a pureza, a bondade e o interesse genuíno e gratuíto em ajudar alguém. E o motivo dela ter copiado a mim e a esta quarta pessoa é que ela acha que nós contribuimos de algum modo para ajudá-la a ser uma pessoa mais forte, mais segura e feliz... e estava querendo passar isso adiante.
E eu pensei.. pensei... porque eu me conheço (um pouco), e conheço essa quarta pessoa... e nós conversamos muito... e fiquei tocada de ver que do meio de nossa própria angústia, de nossa insegurança e de nossas tentativas de acerto, fomos capazes de inspirar um gesto tão bonito e puro... E que deve ter algo que estamos fazendo de certo. E isso também me dá esperança e força pra continuar. Pra acreditar. E pra voltar a escrever aqui no blog.
É muito difícil encontrar alguém que sabe com absoluta convicção o que quer da vida.
A maior parte de nós está como cegos em um tiroteio, andando de costas, com fones de ouvido passando o noticiário em russo e vestindo uma armadura de 200 kilos! Ah... eu mencionei que embaixo da chuva e de patins?
Saber o que NÃO queremos já é um bom começo... pensar sobre isso já é um iniciativa inteligente. Ter coragem de reconhecer limitações dá direito a um tapinha nas costas! Aêeee! Humildade, gente! Humildade!
Mas sabendo o que você não quer... ou pelo menos em parte... seja leal a si mesmo. Quem vai conviver com suas escolhas, quem vai viver sua vida, quem vai ter que segurar a onda é VOCÊ. Então, tome conta do que você decidir com toda a sua força, com unhas e dentes. Pense, se imagine em 1, 3, 5, 10, 20 anos!
Tem uma coisa que eu dizia pro meu irmão e, por causa de uma outra pessoa, me lembrei essa semana. É uma pessoinha que eu amo muito... e fui dura com essa pessoa na proporção do amor que sinto por ela... resumindo: boteeeei pra lascar! Pensem! Doeu em mim ser tão tão tão dura! Fui até meio má... Só que é como dizem... se você não escuta pelo `amor`... então vai escutar pela ´dor´... e funciona que é uma beleza! Só que é ruim magoar quem a gente ama... É um droga de uma meleca muito triste que magoa a gente também!
Fui absolutamente grossa, dura e inflexível (eu eu sou muito boa em ser ruim!) e o que eu queria dizer era, no fim das contas, o mesmo que eu dizia pro meu irmão. Só que a situação era outra e o caminho teve que ser outro.
Eu perguntava pra ele - pro meu irmão - se ele conseguia imaginar, o que ele gostaria de ter, de estar vivendo, de possuir, de sentir, de conquistar em cinco anos. Depois repetia a pergunta e mudava para dez anos. E aí eu perguntava pra ele: "Agora, o que você está fazendo hoje para que estas coisas se tornem reais?" E não venha me dizer que não há nada, nenhuma coisa que você não possa fazer... Não minta pra você em voz alta olhando na minha cara, porque eu não vou deixar. Não vou admitir. Sempre podemos fazer algo. Sempre!
Podemos estudar... nem que seja em casa. Podemos trabalhar... nem que seja de forma humilde. Podemos perdoar. Podemos conquistar o perdão de alguém, o amor de alguém... nem que seja aos poucos. Ninguém precisa começar do topo. Ninguém precisa conquistar de supapo! Ninguém precisa ter dinheiro pra começar algo... trabalhe! Corra atrás! Com humildade, dentro das suas possibilidades...
Agora... vai fazer um plano impossível? Pra depois não conseguir cumprir porque era impossível? Aaah! nem em plano impossível eu acredito! Não tem aquela frase famosa: "por não saber que era impossível, ele foi lá e fez?" Então! :)
Força, coragem, iniciativa, fé! Tem que trabalhar... tem que acreditar... tem que correr atrás! Tem que ter muita vontade, mas tem que ter garra! INICIATIVA!
Existe um momento nas nossas vidas pra tudo. Abba é bom e esse momento não é curto... mas também não é eterno. Temos um booom tempo para fazer tudo que quisermos. Podemos perder, conquistar... errar, aprender, acertar... tentar novamente! Cair, levantar, dar a volta por cima. Podemos ARRISCAR (uns mais, outros menos)!
Viver de alma lavada, de alma livre... com menos ou mais responsabilidades, menos ou mais limites conforme tenhamos usado de forma mais ou menos prudente nosso livre arbítrio durante esse tempo que nos é ou já foi dado. Mas esse timing é limitado. Um dia, sem aviso, nos damos conta de que muitas oportunidades se passaram. Que em decorrência da inércia ou da falta de vontade de acertar, nossas limitações cresceram demais... e já não é tempo de construir, é tempo de moldar.
Meus conselhos:
Não se contente em EXISTIR, VIVA.
CONSTRUA o máximo e o melhor que puder, para que, chegado o momento de MOLDAR, sua obra seja uma construção sólida, e não um bando de retalhos emendados.
Não deixe que ninguém, não importa a idade (se for criança, ensine com carinho), afogue um formigueiro.
Tome suas PRÓPRIAS DECISÕES e não se sinta miserável depois de tê-las tomado. Seja firme e busque extrair o melhor, ser feliz. Por isso as decisões têm que ser suas... para que você não possa culpar o outro e viver no "e se...?"
SEGURE SUA A VIDA EM SUA PRÓPRIAS MÃOS... E NÃO SOLTE!
Que 2011, o ano que veio, e que já vai... seja cheio de muita ESPERANÇA, paz e luz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário