Cuidado.
As vezes a gente deixa alguém ir muito fundo.
Nós nos transformarmos (porque ninguém pode nos mudar, nos transformar só nós podemos, lembram?) em pessoas que não somos.
Na verdade, viramos pessoas que fazem coisas que não deveríamos fazer. Nos tornamos "estocadores" de tupperwares.
Primeiro criamos um freezer mega potente dentro de nós. E aí começamos nosso estoque.
Pode ser potente e pequeninho, do tamanho de um mini-frigobar ou de uma daquela adegas de vinho bem pirrototinhas... mas aí colocamos aquele tupperware que também pode ser de todo tamanho... a gente deixa ele lá, no congeladinho... e acha que tá esquecido, conservado e congelado. Mas não.
O que acontece é o seguinte... (Eu sei que parece que não tô falando nada com nada. Calma aí!)
Então.. o que acontece é que a gente se magoa.
Só que não queremos admitir isso. Não aceitamos a mágoa. Achamos que é injusto.
Existem mágoa e mágoas, sabem?
Tem hora que botamos tanta fé, somos tão bacanas, tão corretos, abrimos nosso coração, nossa vida de uma forma tão pura, tão sem maldade... e aí a pessoa vai e se mostra mesquinha, covarde, má, egoísta, enfim! É uma lapada, uma porrada tão forte exatamente de onde não esperávamos... e não podemos aceitar aquela mágoa!!!
Essa mágoa não.... Isso foi TÃO errado!
Outras vezes, a pessoa que esperávamos que nos protegesse, que nos guiasse, ou pelo menos que se abstivesse de nos julgar... aquela que poderia ter nos perguntado o que houve, a que poderia ter nos dado um abraço, que poderia ter nos feito uma visita surpresa... ESSA pessoa é a que nos trata com maior indiferença e "displicência"... Quando finalmente resolve nos "perceber" é sempre estranho. Ou porque é pouco, ou porque temos aquela sensação de algo errado, ou é sempre tudo tão escorregadio... Como podemos contar com sua presença? Não podemos.
Essa mágoa da ausência... da inconstância, do desleixo...É um tipo de mágoa que também não podemos encarar. Não assumimos. Não engolimos. Não conseguimos extravasar!
Essa mágoa da ausência... da inconstância, do desleixo...É um tipo de mágoa que também não podemos encarar. Não assumimos. Não engolimos. Não conseguimos extravasar!
O que fazemos então?
Repetimos em voz alta, para que finjamos que é sério e que acreditamos, que não iremos permitir que aquilo nos faça mal. Mas ao contrário das mágoas comuns, essas "da vida", as colocamos nos nossos tupperwares e pomos nos nossos freezers devidamente acondicionados e então pensamos que com elas "ali" estaremos seguros. Mas não estamos.
As mágoas comuns, com as pessoas cretinas, mentirosas, falsas, egoístas. Com as frustrações, com a ingratidão de pessoas nas quais depositávamos expectativas comuns... essas aí engolimos, digerimos e - com o perdão da palavra - excretamos! Pronto! Lavou, tá limpo! Tudo certo!
As mágoas que sabemos que fazem parte do "jogo" encontram resistência nos nossos anticorpos, são barradas pela nossa superiodidade de caráter.
As mágoas que sabemos que fazem parte do "jogo" encontram resistência nos nossos anticorpos, são barradas pela nossa superiodidade de caráter.
Mas essas outras que não ousamos tentar digerir e guardamos nos tupperwares... Bom, cedo ou tarde, nos daremos conta de que possuem a capacidade irritante de nos machucar. Capacidade essa que somos nós que lhes conferimos em "certa medida".
Nossa necessidade de acreditar, de ter fé, faz com que sonhemos, com que deixemos nossas defesas eventualmente abertas. faz com que nos recusemos a ver o mal em determinadas pessoas e situações. A capacidade e necessidade de persistir, de ter esperança na beleza e na bondade da vida nos deixa vulneráveis.
Somente as pessoas corajosas pagam um alto preço pela sua fé e esperança porque as sentem proporcionalmente à sua coragem. Então, quando magoadas, também a frustração é maior. E a dor que ela irá causar-lhes.
Os covardes não se magoam porque não se arriscam a acreditar no improvável.
Nossa necessidade de acreditar, de ter fé, faz com que sonhemos, com que deixemos nossas defesas eventualmente abertas. faz com que nos recusemos a ver o mal em determinadas pessoas e situações. A capacidade e necessidade de persistir, de ter esperança na beleza e na bondade da vida nos deixa vulneráveis.
Somente as pessoas corajosas pagam um alto preço pela sua fé e esperança porque as sentem proporcionalmente à sua coragem. Então, quando magoadas, também a frustração é maior. E a dor que ela irá causar-lhes.
Os covardes não se magoam porque não se arriscam a acreditar no improvável.
Por que estou falando disso hoje?
Porque eu estava pensando aqui no post que escrevi antes deste, sobre o Derek, e me veio uma coisa na cabeça..
Não é a primeira vez que eu falo no blog que enorme dor que é perder alguém em vida. É que quando a pessoa morre, sabemos que ela já não está mais conosco porque morreu. Bem, via de regra, o consolo está no fato de que se ela estivesse viva, então ela estaria conosco. Tipo... Seeee DEPENDESSE DELA ela estaria conosco.
Perder alguém em vida significa saber que a pessoa está viva, mas que ela OPTOU por não estar conosco. Quer dizer... DEPENDIA DELA e ela não está!
É isso sim dói: a rejeição...
É isso sim dói: a rejeição...
O "quê" da questão é que eu não tinha parado pra pensar no óbvio.
Ok, ok... Toda moeda tem dois lados. Com as histórias é mais complicado... os lados são tantos quanto forem os envolvidos. Então... "Derek morreu". Quem está de luto? Quem perdeu Derek! Ok. Fácil entender.
Ok, ok... Toda moeda tem dois lados. Com as histórias é mais complicado... os lados são tantos quanto forem os envolvidos. Então... "Derek morreu". Quem está de luto? Quem perdeu Derek! Ok. Fácil entender.
Mas se duas pessoas vivas "se morrem em vida", quem está de luto? Depende. E foi aí que eu entendi uma coisa que pode ser muito triste. Se duas pessoas que deveriam se amar ficam longe, mas só uma delas fica de luto... ela tem que ficar de luto pelos dois? É um luto muito grande? É uma mágoa muito grande que vai precisar de um super tupperware? ´Tipo... no caso de dois familiares... Ou não existe isso de "deveriam se amar"? Ou os dois sempre irão sofrer, mesmo que calados? Ou realmente é possível que um não esteja neeeem aí?!
E se uma pessoa decepciona e faz muito mal a outra que abriu completamente seu coração pra ela, e faz isso na maior cara lavada e depois some, então é claro que essa pessoa não está se sentindo mal, né?! E a que se enganou toda na história e está magoada pra caramba e ainda por cima se sentindo a maior idiota... Pô! Como ela pode ficar de luto por alguém que lhe fez mal assim? É tão injusto isso. Mas obviamente se alguém ficar de luto vai ser a pessoa trouxa e não a sem caráter que a envolveu e enganou profundamente!
É tão injusto este luto que não é pela "morte em vida", é pelo outro ser capaz de inflingir um sofrimento assim à gente sabendo que somos "inocentes" na história toda. É um luto pela morte da hombridade! É indignação, frustração, ausência de forças... IMPOTÊNCIA. E tudo isso é muito revoltante.
Não somos "inocentes" inocentes porque sabíamos que o outro tinha defeitos. O que só torna tudo pior. Porque estávamos dispostos a superar isso. A amar e apoiar "apesar de" e não "por causa de". Então a incoência vem da ingenuidade de acreditar que o outro queria que as coisas realmente dessem certo. "Aaaah... mas ela falou"... "Não! Mas você não sabe o que ele me dizia!"... Pois é.
Banalização! Os sentimentos, a força das palavras, as expectativas que podem ser criadas nos outros seres humanos, a dor que pode ser evitada/causada, os sonhos que podem ser construídos/destruídos... tudo isso está sendo mais e mais banalizado. Fala-se por falar. Só que o detalhe aí é que alguém acreditou, alguém realmente meant it. Uma pessoa... uma pessoa quando eram preciso duas.
Vemos novelas, gibis, filmes, livros, músicas de todos os tipos imagináveis, programas de TV, peças de teatro... tudo retratando os sentimentos e as relações e, enquanto umas pessoas sabem separar ficção de realidade, outras não sabem. Resultado? Na hora de viver aquilo, umas pessoas sabem quando e o que se deve falar e a importância, o compromisso que há naquilo... outras só queria poder dizer também. Poder dizer o que durante tanto tempo viram e ouviram. Queriam ser parte daquilo, mas não fazem a mínima idéia do que significa. Banalizaram o amor. Massificaram a mágoa.
O luto talvez não seja pelo otro que vivo, morreu para nós. O luto deve ser pela morte realmente da hombridade. Da seriedade, do comprometimento, da credibilidade que as promessas e os sentimentos já carregaram. Agora, como saber? Vivemos todos expostos.
O risco é se envolver com alguém acreditando que se trata de um ser humano íntegro e descobrir depois que era só um idiota disfarçado de gente, uma fútil com aparência de pessoa. É quase que uma involução: a ignorância e o senso animal turvando os sentimentos e sentidos mais nobres. Homens e mulheres que nada mais são do que macacos sofisticados, prontos a acasalar, alheios ao significado nobre do amor.
Não somos "inocentes" inocentes porque sabíamos que o outro tinha defeitos. O que só torna tudo pior. Porque estávamos dispostos a superar isso. A amar e apoiar "apesar de" e não "por causa de". Então a incoência vem da ingenuidade de acreditar que o outro queria que as coisas realmente dessem certo. "Aaaah... mas ela falou"... "Não! Mas você não sabe o que ele me dizia!"... Pois é.
Banalização! Os sentimentos, a força das palavras, as expectativas que podem ser criadas nos outros seres humanos, a dor que pode ser evitada/causada, os sonhos que podem ser construídos/destruídos... tudo isso está sendo mais e mais banalizado. Fala-se por falar. Só que o detalhe aí é que alguém acreditou, alguém realmente meant it. Uma pessoa... uma pessoa quando eram preciso duas.
Vemos novelas, gibis, filmes, livros, músicas de todos os tipos imagináveis, programas de TV, peças de teatro... tudo retratando os sentimentos e as relações e, enquanto umas pessoas sabem separar ficção de realidade, outras não sabem. Resultado? Na hora de viver aquilo, umas pessoas sabem quando e o que se deve falar e a importância, o compromisso que há naquilo... outras só queria poder dizer também. Poder dizer o que durante tanto tempo viram e ouviram. Queriam ser parte daquilo, mas não fazem a mínima idéia do que significa. Banalizaram o amor. Massificaram a mágoa.
O luto talvez não seja pelo otro que vivo, morreu para nós. O luto deve ser pela morte realmente da hombridade. Da seriedade, do comprometimento, da credibilidade que as promessas e os sentimentos já carregaram. Agora, como saber? Vivemos todos expostos.
O risco é se envolver com alguém acreditando que se trata de um ser humano íntegro e descobrir depois que era só um idiota disfarçado de gente, uma fútil com aparência de pessoa. É quase que uma involução: a ignorância e o senso animal turvando os sentimentos e sentidos mais nobres. Homens e mulheres que nada mais são do que macacos sofisticados, prontos a acasalar, alheios ao significado nobre do amor.
Nos magoamos conosco. Por nos deixarmos magoar assim com quem é capaz de não se importar com o mal que nos causa... ou com quem é capaz de ter paz de consciência vivendo alheio às consequencias de seus atos (ou omissões) sobre nossa vida.
Como podemos nos envolver com "macacos"?! Ficamos possessos e, ao mesmo tempo, abatidos conosco. Essas "auto-mágoas" também serão aconchegadas em seus tupperwares próprios e personalizados e escondidas de nós mesmos. Não as queremos encarar por muito tempo. Nos faz sentir grandissíssimos imbecis e pior: faz com que questionemos se não somos inaptos a fazer determinadas escolhas.
Não queremos ser inseguros. Não queremos nos transformar em covardes. Queremos acreditar que temos discernimento de seguir em frente... coragem de nos aventurarmos. Não sei se ISSO ainda é coragem ou se já virou apenas imprudência.
Não seria covardia colocar um monte de mágoa dentro de tupperwares por não sermos capazes de encará-las ou lidar com elas? Nos tornamos cada vez mais contraditórios e isso nos incomoda profundamente! Mas temos a hombridade de assumir e a valentia de continuar acreditando. De tentar tantas vezes quantas forem necessárias.
Pronto! Melhor deixar de lado certos questionamentos retóricos e keep moving, certo?! Somos sãos. Somos loucos.
Mas, somos poucos?!
Como podemos nos envolver com "macacos"?! Ficamos possessos e, ao mesmo tempo, abatidos conosco. Essas "auto-mágoas" também serão aconchegadas em seus tupperwares próprios e personalizados e escondidas de nós mesmos. Não as queremos encarar por muito tempo. Nos faz sentir grandissíssimos imbecis e pior: faz com que questionemos se não somos inaptos a fazer determinadas escolhas.
Não queremos ser inseguros. Não queremos nos transformar em covardes. Queremos acreditar que temos discernimento de seguir em frente... coragem de nos aventurarmos. Não sei se ISSO ainda é coragem ou se já virou apenas imprudência.
Não seria covardia colocar um monte de mágoa dentro de tupperwares por não sermos capazes de encará-las ou lidar com elas? Nos tornamos cada vez mais contraditórios e isso nos incomoda profundamente! Mas temos a hombridade de assumir e a valentia de continuar acreditando. De tentar tantas vezes quantas forem necessárias.
Pronto! Melhor deixar de lado certos questionamentos retóricos e keep moving, certo?! Somos sãos. Somos loucos.
Mas, somos poucos?!
Definitivamente não deveríamos estar estocando tupperwares cheios de mágoas! Sobretudo levando em consideração todos esses singelos argumentos, não é?
Só que não me perguntem como! Não sei que solução dar...
Eu sou uma "estocadora". hahahahahaha
Eu sou uma "estocadora". hahahahahaha
Só espero que quando meu freezerzinho encher, pelo menos eu comece a fazer uma faxina e a substituir alguns tupperwares antigos por outros novos. Colocar um freezer novo mega blaster horizontal é que não rola, né? hahahahahaha
Só sei que minha vontade de ir sempre fundo é ainda maior que a minha tupperware-fobia.
Fazer o quê?
:)
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