Início de semana, de semestre...
Se criou um tabu a respeito dos "inícios", mas ao contrário do que pode parecer, começar não é nada complicado, nem um pouco difícil... o que realmente exige uma bocado de determinação e fibra é concluir.
Recentemente houve a explosão do "movimento Fora Sarney"... eu mesma cheguei a seguir o "forasarney" no Twitter! rsrsrsrs Acontece que agora já não follow mais... Não agüento ver tanta ladainha, tantas postagens, e nenhum resultado prático, nenhuma colocação inteligente, virou gozação e ando paciêncialess para isso agora.
Não que Sarney seja "a mosca no cocô do cavalo do bandido"... e não que ele não seja! O que acontece é que virou, mais uma vez no Brasil, bode espiatório e símbolo do "agora chega!"....
Só que "agora não chegou...". Mais um protegé de Lula - juntamente aos fofos Hugo Chaves e Ahmadinejad - José Sarney é um ícone.
Representante de uma oligarquia política que já consagrou herdeiros, Sarney é um convite ao enfretamento da realidade democrática no país.
George Bernard Shaw escreveu que "A democracia é um sistema que garante que não seremos governados melhor do que merecemos".
Assim seja! Nós elegemos, nós arcamos com o ônus. É preciso uma reforma educacional, uma educação eleitoral do povo, especialmente nas massas, facilmente entretidas com a velha e boa técnica do pão e circo.
Tinha mencionado no Twitter anteriormente: sempre há uma oportunidade de começar algo novo. Uma limpeza efetiva no Poder Legislativo Nacional, partindo de uma pseudo-moralização, remoção daqueles parlamentares que realmente ofendem a inteligência do homem médio roubando sem ao menor utilizar de bom senso. Shameless.
Por que não?
Bom senso para roubar, claro! Não deixa de ser um início de melhora! Mas locupletar-se de maneira absurda do dinheiro público e abusar das prerrogativas do cargo, recebendo imunidade legal ao fazê-lo é pilhéria!
Ninguém está defendendo que todos aqueles que já erraram sejam removidos. Isso não seria limpeza, mas evacuação no Congresso Nacional!
Apenas é pertinente sugerir que os menos aptos a fazê-lo ("roubar com discrição ") sejam removidos, e quem sabe? Encontrem sua vocação no ramo privado! Basta não bater de frente com os advogados, comandos de favela e donos de postos de gasolina, que já são segmentos devidamente estabelecidos e sem acesso à livre concorrência! rsrsrsrs (Eu sou advogada, gente... é um orgulho!)
Francamente, me considero uma pessoa anti-Lula... Até admito a contragosto um ou outro mérito de seu governo, mas não sem frisar que tais conquistas, em grande parte, devem-se à herança cardosista de FHC. Além do mais, sem entrar no mérito da competência executiva, é um contrassenso gigante o cara ser tão inteligente para se alçar de metalúrgico analfabeto à presidente da república, e tão estúpido que NUNCA saiba de nada de errado que se passa bem embaixo de seu nariz! O cara é um gênio ou uma porta?
Além do mais, qual o brasileiro nunca teve vontade de virar avestruz e enfiar a cabeça num buraco no chão aos ouvir as famosas pérolas do presidente? Ele é o cara? Bom, chegou lá, não foi? Fenômeno de popularidade com as massas, já sobreviveu a cuecas e mensalões, dirceus e agora sarneys... No mínimo, é o cara de pau.
Bernard Shaw sabia do que falava...
Não foi tão difícil dar início ao movimento fora Sarney quanto seria dar-lhe um desfecho apropriado. Não é difícil começar uma dieta, se matricular num curso, ler o primeiro capítulo de um livro, fazer a primeira aula na academia. Não é difícil começar uma limpeza doméstica, dar o passo inicial numa caminhada, se aproximar para discutir com alguém, comprar um instrumento musical...
Concluir. Continuar até chegar ao final. Isso é complicado...
Até na vida... o início é indolor para nós. Não tenho a mínima recordação do que sofri para nascer, das quedas que levei aprendendo a andar nem da minha frustração ao tentar, sem sucesso, articular as primeiras palavras...
Mas me apavora pensar - não necessariamente por mim, por meus pais também- no flagelo da velhice... Tenho certeza de que não será fácil ser dependente de alguém depois de idosa, perder os sentidos da visão, audição, tato... perder o equilíbrio, a autonomia, a força e, quem sabe... a fé.
Não existe teste maior à humildade do que a velhice, não existe nada mais duro do que terminar a vida. Nascimento e morte. Começo e fim. O que é mais fácil assimilar?
Noutro pórtico. Nada é tão absoluto que não possa ser relativizado. No espiritualismo, diz-se que choramos ao nascer, não ao morrer, porque a vida é eterna e o desencarne o retorno ao verdadeiro mundo, ao lar espiritual.
Lao Tse disse: "aquilo que a lagarta chama o fim do mundo, o resto do mundo chama de borboleta".
O final de uma era, o fim de um ciclo, é o início de algo novo.
Quando uma crise termina, inaugura-se uma perspectiva diferente.
A tempestade ao findar, implica na bonança...
Mesmo quando não somos capazes de levar a cabo uma iniciativa, há, finalmente, um quê de lição, um aprendizado qualquer que segue a experiência.
Lastimavelmente, nem todos estão igualmente aptos a se beneficiar de tais lições, mas, está na Bíblia (eu acho!), que é melhor ajudar um único cego a enxergar, do que insisitir com uma multidão que se apraz na escuridão.
Vinícius de Moraes (amo! fã incondicional) diz em Para Uma Menina Com Uma Flor:
"...eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei..."
Até mesmo no Amor... o mais doce, mais gratificante, é o recomeço após os fins que o antecederam... O amor mais maduro é resultado do aprendizado adquirido com os amores fracassados... O fim conduz ao início, e não o contrário.
Nada é absoluto.
Que tenha início esta semana, este dia, este semestre... After all, in fine, consola saber que alguns desfechos são inevitáveis.
"Eles podem cortar todas as flores, mas nunca deterão a primavera". (Pablo Neruda)