quinta-feira, 31 de março de 2011

Mais que palavras


"A única fronteira para mim é a hesitação. Não ouso atravessá-la. Se não vai me pedir que hesite. Vou até qualquer cidade, qualquer país, qualquer lugar."

(In Deus veste as flores e alimenta os pássaros.
Por Eduarda Chacon. Brasília, 16/11/2010)


More than words
Extreme
Saying I LOVE YOU
Is not the words I want to hear from you
It's not that I want you
Not to say, but if you only knew
How easy it would be to show me how you feel
More than words is all you have to do to make it real
Then you wouldn't have to say that you love me
Cause I'd already know
What would you do if my heart was torn in two?
More than words to show you feel
That your love for me is real
What would you say if I took those words away?
Then you couldn't make things new
Just by saying I love you

 More than words
Now I've tried to talk to you and make you UNDERSTAND
All you have to do is close your eyes
And just reach out your hands and touch me
Hold me close DON´T EVER LET ME GO
More than words is all I ever needed you to show
Then you wouldn't have to say that you love me
Cause I'd already know!

What would you do if my heart was torn in two?
More than words to show you feel
That your love for ME is real
What would you say if I took those words away?
Then you couldn't make things new
Just by saying I love you

More than words...



Tudo vale a pena quando a alma não é pequena

(Fernando Pessoa)

 

Essa minha "viagem" neste post está inter-galáctica, hein? Mega-ultra-hiper longo texto!  Ainda não terminei de ler Gikovate, não tô tendo tempo durante a semana. Então vocês têm que ter um pouco (hehehehe... ou mais que isso...) de paciência comigo porque aguentar essas teses melosas e esses conflitos "sem pé nem cabeça" que estão povoando a minha mente esses dias vai ser ou interessante, ou um saco!!!


Por enquanto, o que tenho lido está me levando a pensar em tanta coisa! Bem além do livro! Tantos conceitos totalmente pirados... Eu, que assumo ser adepta de "teses", me jogo a teorizar sobre tudo que me confunde na esperança de entender qualquer coisa diferente de NADA.


No processo, nem sei se fico mais confusa que antes! Sócrates bem que avisou, veladamente: "Não procurem entender demais! Quanto mais sabemos, mais nos tornamos conscientes de nossa ignorância!" Só que ele não disse "mastigadinho" assim, né? Veio com aquele "Só sei que nada sei"! Bom... bote carta pra dois, meu chapa!!! Cada vez sei menos!


O meu atual foco de desconcentração e filolesamento são as relações entre as pessoas, especialmente as relações românticas. Uma pessoa muito importante pra mim disse assim: "Duda, se eu quiser ir com você ao restaurante indiano, basta lhe convidar pra o italiano!" hahahahahahaha Essa sou eu! Por mais que todas as idéias de Gikovate façam absoluto sentido e eu esteja encantada com o livro dele... cada vez que escrevo me debruço mais e MAIS em insistir no amor... em tentar entender as diferenças e esperar que, por obra do divino espírito santo, elas possam se conciliar e os diferentes possam encontrar um final feliz.


Sofro de um mal sem cura: SONHUS ILIMITATUS CRONIKUS


- - - - - - - - - - -

Coisa mais difícil que é se policiar.

Em qualquer aspecto, em qualquer área.

Além de difícil, chatíssimo!

Eu, pessoalmente, detesto. Mas faço, claro... com frequencia. Como todo mundo faz! É preciso, né? É social! Nos policiamos até pra que nos lembremos com relação a quê é mais importantes nos policiarmos. E tem gente que é muito, MUITO boa nisso!

Não vou falar aqui de como nos policiamos para nos comportamos bem, nos portamos adequadamente diante dos outros, cumprirmos nossas obrigações perante a sociedade, etc...

Também não vou falar de como nos policiamos para não dizermos tudo o que temos vontade, ou fazermos tudo o que temos vontade... Vejam só como as coisas estão meio que intimamente ligadas!

Nem me interessa no momento falar de como procuramos esconder dos outros como nos sentimos, se estamos felizes, ofendidos, tristes, apaixonados, assustados, sobrecarregados, entediados...!

Pois muito bem. O que tem me deixado intrigada é o esforço que algumas pessoas fazem pra esconder de si mesmas o que sentem e pensam. Pra deixarem de pensar e sentir o que pensam e sentem a partir do instante em que se dão conta de que "falharam" e se deixaram levar pelas emoções (incoerentes? irresponsáveis? inseguras? irresponsáveis)...


Me assusta o incrível "poder" que essas pessoas têm de se tolherem, se policiarem, se esmagarem pensando que estão se protegendo e aos que querem bem.  Eu estou TÃO impressionada de constatar como certos gestos desses indíviduos são calculados que não consigo deixar de pensar se são extremamente corajosos ou covardes... Me fazem lembrar deste questionamento que surge quando sabemos de alguém que cometeu suicídio.

É como se eles SE matessem em vida. Como se assistissem à sua própria morte EM VIDA diante dos outros e de si mesmos.

Qualquer pessoa que se "veja" morrer diante de alguém, deixando de representar para este alguém algo de importante que um dia representou, irá sofrer, é claro. Tipo... ver nos olhos de alguém que lhe amou que esse amor acabou. Puuutz! É HORRÍVEL! É ver que você "morreu em vida" diante desta pessoa (peguei este conceito de Gikovate, que pegou de Igor Caruso).

Mas essas pessoas das quais estou falando que me impressionam, sabem? Elas são meio kamikases! Elas vão lá na pessoa que ainda as ama e dizem: "Eu estou neste instante me suicidando da sua vida. Morri pra você". E então elas fazem por onde que isso aconteça... premeditadamente! Propositadamente! Para afastar o amor, não basta que elas próprias se POLICIEM para não amar, é preciso que NÃO SEJAM AMADAS. E elas se asseguram, ou tentam, ao menos, se assegurar disso.

Vou colocar assim. Pra Igor Caruso e Flávio Gikovate o outro é um HOMICIDA. Ele "lhe mata pra ele". Você assiste sua morte na vida daquela pessoa que "lhe matou". Ela é a assassina, você a vítima do assassinato. Certo? Belezinha? O que EU estou dizendo desses KAMIKASES é que eles são SUICIDAS. O cara vai lá na sua frente e diz que prefere estar morto - em vida - do que ser AMADO por você. É uma agressão sem tamanho! Para ambos! Embora neste momento só a pessoa não-kamikase sinta.

Sabem de uma coisa? É difícil pra caramba quando alguém vai lá e FAZ com que você deixe de amá-lo. E é o único modo. Só a própria pessoa que é amada pode destruir o amor que o outro sente por ela. Mais ninguém. Então, na verdade, quando assistimos "nossa morte em vida" por deixarmos de ser amados por quem nos amou um dia, na verdade, é quase como se nós fóssemos os mentores intelectuais no nosso assassinato. Nós induzimos o outro a cometer este homicídio. Talvez até já fosse um suicídio assistido sem a consciência do outro, sei lá! MAAAAS, daí a pegarmos a faca invisível que é capaz de cortar os laços entre as pessoas, balançá-la ante o nariz de que AINDA nos ama, e começarmos a cortar os fios que nos ligam com um sorriso torto na boca dizendo: "eu não quero que você me ame, não preciso do seu amor"....

PUUUUTZ! Pra quê infligir esse tipo de sofrimento a alguém? E pra quê se auto sabotar assim? Que mané "não preciso do seu amor"! Deixa de ser IDIOTA! MONGOL! IMBECIL! BESTA QUADRADA! Todo mundo precisa do amor, nem que seja do amor de uma ameba, uma barata, um peixe de aquário!


Não posso acreditar que não sofram horrooooores no processo esses kamikases malucos psicopatas. Não é POSSÍVEL! Fora ao sofrimento que causam ao outro, coitado, que não entende nada! De uma hora pro outro precisam lidar com o LUTO... Com o "suicídio" do outro. Mas não estava tudo "bem"?... Quer dizer... bem bem beeeeeem, não!...Mas normal! Sei lá! Como sempre é entre duas pessoas... complicado, mas indo aos tropeços... não era? E talvez passem a se culpar... a se pergutarem onde erraram... Por que não perceberam os sinais de que estavam amando um HOMEM-BOMBA! Como deixaram isso acontecer!? E o sofrimento é mais intenso ainda... permeado pela culpa e pela sensação de ESTUPIDEZ... por acharem que estava tudo "bem"... por não terem sentido o "apocalipse" se aproximar.

E nem poderiam.

Deixa eu dizer uma coisa sobre estas pessoas impressionantemente... hã...?! IDIOTAS! Elas não toleram o medo que têm de ser felizes. É insuportável. É mais assustador do que pro resto da humanidade. Eu sei que TODO MUNDO TEM MEDO DE SER FELIZ. Então o que eles sentem é PÂNICO. Não é com você o problema. Entende? É porque estava tudo "bem", exatamente porque estava tudo relativamente BEM, que ele ou ela teve que sair correndo. Porque se qualquer pessoa normal desconfia que "quando a reza é muita o santo desconfia", pra os kamikases isso é batata. E se as coisas estavam "bem"... mas tremulando... é a confirmação de que eles iam sofrer a qualquer momento (já que nada pode ter um final feliz e as coisas NUNCA se resolvem no fim das contas)... então porque não explodir tudo de uma vez e acabar com o mundo?!

É porque era bom DEMAIS falar com você toda hora, saber notícias suas o tempo todo, era porque aquela sensação de ansiedade, de ter o VAZIO, o buraco no peito preenchido era a coisa mais estranha do mundo... que o kamikase lhe pediu que parasse de ligar taaaanto ou mandar taaaanta mensagem! Porque "estava atrapalhando o trabalho e a concentração dele".

A verdade? É porque ele tinha medo que você parasse sozinho... ele tinha medo de ser incompetente e de estar apaixonado demais pra continuar trabalhando sem se atrapalhar... É porque ele é inseguro e bobo - idiota mesmo - aí lhe magoou pedindo que você "desse um espaço"... Mesmo quando você nunca pediu reciprocidade na atenção. Ele não sabia lidar com o que sentia, então quis parar de sentir aquilo e "precisou" (precisou coisa nenhuma, né?!) DESCONSIDERAR OS SEUS SENTIMENTOS no processo. Para o kamikase que ainda não decidiu se "suicidar", segurança é tudo. E segurança é achar que ainda está no controle.

Entender isso é libertador! "Então... o problema nunca foi comigo?"  Você pensa. Pois é. Não foi. O problema era com o homem-bomba lá... que pra fugir de si mesmo, fugiu de você, que mechia com ele de uma forma que ele nunca pôde controlar como ACHAVA que  deveria - na cabeça dele, claro! Como se fosse possível CONTROLAR SENTIMENTO. Acorda, criatura!!! Quando muito, dá pra não ser totalmente controlado pelo sentimento, e olhe lá! Graaaaças a Deus! É muito bom isso, SE DEIXAR LEVAR por sentimentos verdadeiros! É maravilhoso! É um privilégio...



Pessoas assim precisam, quer dizer, PENSAM que precisam (o que talvez seja melhor, para evitar que saiam machucando os outros a torto e a direita) viver isoladas. É Como um ERMITÃO, sabem? Aquele cara também chamado "eremita" que por PENITÊNCIA, MISANTROPIA ou religiosidade se veste de monge e mora isolado do mundo, das pessoas? Ele come, dorme, acorda, faz todas as suas atividades diárias sozinho. Claro que ele não é filho de chocadeira... tem família, pode ter amigos, pode até ser habituado a conviver com determinadas pessoas em certos limites pré-estabelecido (obviamente), se, por exemplo, trabalha em contato com a caominidade da pequena Vila no sopé da montanha, sei lá! Mas a vida dele, a INTIMIDADE dele, os sentimentos dele, os planos dele? IIIiiiih! Esqueça! Pior que presídio de segurança máxima e banco suíço juntos! Pensando que está se protegendo, cuidando dos aldeões da vila, dos seus ancestrais, dos seus descendentes e dos smurfs, ele vai manter você muito, mas MUITO afastado meeeeeeesmo.

Quando a reza é muita, o "ermitão" desconfia.

O mais triste é quando estas pessoas que são assim... estilo ermitões, deixam de se policiarem por um instante - um segundinho! - e se envolvem com um "forasteiro". Pode ser amor ou amizade, não importa. Forasteiro é forasteiro. No instante em que ele ou ela "recobra o juízo" é um sofrimento. É preciso agir. É preciso voltar à rotina, a rotina conhecida, segura e confortante de sempre. Mas e esse forasteiro intrometido que está todo feliz falando, rindo, perguntando mil coisas e comprando passagens pra a Disney? Puuutz! Que problema!

O ermitão é simplesmente o futuro kamikase. Eles são a mesma pessoa, o kamikase é o ermitão que, "invigilante", se envolveu emocialnalmente com alguém.

Mas o ermitão ou a ermitona (?) não vai dar mole! Ele ou ela vai pegar esses sentimentos confusos que estão sendo provocados por essa criatura que só pode "não ser de Deus"! E vai jogar uma pá de cal (como se fosse possível! Deixa eles!). O objetivo é apagar a pessoa de sua vida. Mas não é fácil assim, é? Simplesmente virar as costas e sumir? Porque o outro está ali, esperando, planejando, sorrindo, lhe lembrando que você tem medos, inseguranças, esperanças!

Sabe o que o ermitão pensa? "Não! O outro está querendo que eu seja fraco! Eu não posso permitir isso." É quando o ermitão, já kamikase, decide: "Não posso nem esperar que ele não me ame mais (talvez porque tenha esperanças, secretamente, de que isso não ocorra e que o outro continue amando-o, esperanças que nunca poderia admitir!). Tenho que tomar uma atitude." 

É quando lhe avisa que está oficialmente se suicidando de sua vida... e que ele pooode voltar pelo mesmo caminho de onde veio pra ir atrapalhar a paz e o sossego de OUTRO! Ufa! E o ermitão-kamikase respiiiiiira se sentindo aliviado, esperto e corajoso! Fez a coisa certa, hã?! Com certeza salvou o mundo e agora tudo vai voltar a ser tranquilo e bom como era antes. Certo?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  Certo?

Não!

Errado. O que essas pessoas experimentam a partir de então é uma sufocante aflição. Sentem que estão deixando alguma coisa importante escapar, mas não sabem o que é. Acham que ainda é remorso, sensanção de falha por ter deixado que o forasteiro se aproximasse tão ameaçadoramente de suas vidas. Pensam: "Imaginem as besteiras que poderia ter feito se não tivessem acordado a tempo!" Tentam se convencer de que suas inquietações só podem vir daí. Mas os dias passam e não se sentem melhor. Não... nada muda! Lembram mais do que queriam ou acham que deveriiam de pequenos eventos como risadas divididas,  sonhos alimentados... e começam a se questionar (escondidos de si mesmos, claro!) se fizeram a coisa certa...


Mas logo sufocam essas dúvidas. Opa opa opa!!! Não se sentem no direito de ter "fraquezas" como essas. Pensam que existem pessoas que dependem deles, que confiam neles e que, claramente, o mundo acabaria pra elas se eles vivessem de qualquer outra forma que não aquela a que se habituaram. Mas nem com essa "certeza" encontram paz.

Começam a pensar que talvez a culpa seja até agora do forasteiro. Hááá! Só pode ser isso! Se o "diabo infeliz" nunca tivesse aparecido nada disso teria acontecido. Tentam nutrir alguma espécie de sentimento ruim por aquele que acabou com sua paz e quase arruinou sua vida. Em momento algum conseguem enxergar que eles mesmos são os únicos responsáveis pela miséria emocional em que se encontram. Isso seria inconcebível!

A vida dos ermitões, uma vez que se tornam kamikases, é muito triste e difícil. Eu não entendia nada disso, antes, obviamente... É incrível como está tudo beeeem aí no mundo, bem diante de nós, mas simplesmente são TANTAS COISAS que as vezes precisamos que alguém nos indique algumas delas para que realmente prestemos atenção e tentemos compreender. Mas elas sempre estiveram lá... tudo está o tempo todo presente em toda parte... nós é que, de uma hora pra outra, nos tormamos conscientes se como estas coisas sempre foram absolutamente evidentes!

Lendo Gikovate (não consigo deixar de concordar, à minha maneira, com quase todas as observações empíricas dele e com suas conclusões duras) e pensando no que já vivi, identifiquei pelo menos um ermitão-kamikase que cruzou o meu caminho. Os simples ermitões se misturam muito bem na sociedade e não podemos distingui-los facilmente. Mas uma vez que se tornam kamikases, se estiverem em um momento de distração (que logo passará no que depender deles, claro)... podemos reconhecê-los pelo olhar, pelo silêncio. A vida solitária é sempre pacífica na superfície, tumultuada na profundeza e alerta. 100% alerta.

Para mim certas distinções são muito palatáveis: solidão é estar "com um buraco" no peito, sozinhez é estar sozinho... E a "ausência de fé" é estar solitário. São coisas diferentes, entendem?

Um dos aspectos que me aperta mais o coração sobre os ermitões-kamikase é que dentre os motivos pra se isolarem da forma como se isolam, normalmente, está proteger alguém com quem eles se importam, geralmente um familiar. Mas todos os familiares, com exceção do marido/esposa (que é único que eles não pretendem possuir), mais cedo ou mais tarde seguem pro céu ou pra sua vida própria. E o ermitão? O ermitão nunca poderá amar romanticamente, a não ser que abandone sua "ermitisse", o que nem sei se é possível.

Então? É preciso coragem ou é muita covardia ser um ermitão? É uma coisa que se escolhe ou a pessoa nasce assim? Ela se torna assim em algum momento da vida, diante de alguma circunstância, um trauma? Como será viver sendo a soma de todos os medos? De todas as inseguranças? De toda a "solitariez"? Ser solitário, sozinho e ter um buraco, mas por ser solitário, não acreditar, não ter fé no preenchimento do "buraco" NUNCA. Se auto-condenar à tristeza que acompanha esse vazio... essa saudade de algo que não se sabe ao certo o que é... Saudade da felicidade que a alma imortal conheceu e que só pode ser partilhada com um outro alguém com quem dividamos um amor recíproco. Sabem que existe uma cura pra sua saudade... mas não ousam sonhar com ela.

O mais maluco disso é que qualquer pessoa que se aproxime do ermitão e ameace preencher seu buraco, entregar-lhe a "cura", alterando o que ele SABE (acha que sabe) da vida, é imediatamente repelida por ser encarada como uma ameaça à segurança dos conceitos pré-estabelecidos que ele formou, do mundo que ele reconhece! Que loucura é essa? Vocês estão acompanhando a viagem?  As defesas, o antiamor ali, estão num nível máximo, explosivo mesmo.


Deve ser a coisa mais dolorosa do Universo inteiro o encontro entre a alma de um ermitão e a de uma pessoa daquelas que têm asas presas nas costas, sabe? As que vão nas nuvens, se jogam nos sonhos, não têm medo das alturas... Um encontro entre seres assim TÃO DIFERENTES deve provocar um abalo gigantesco na energia de ambos. Um choque do qual nenhum poderá se recuperar plenamente. Não para voltar ao que já foi... passarão a ser algo mais, ou algo menos.

O "suicídio" do ermitão para a  criatura-alada deve parecer brincadeira no começo, tão estranho que é aos seus olhos fugir da felicidade e do amor em qualquer perspectiva que se apresentem! Acho que ela ri, senta com as pernas cruzadas e fica esperando ele voltar e dizer: "Brincadeirinhaaaaaaa!"

Mas ele não volta. E o sorriso vai murchando...

Acho que a criatura-alada, que sempre chora com facilidade porque não teme expressar como se sente, cria um redemoinho dentro do  "buraco" em seu peito que suga tudo! Até suas lágrimas, suas palavras, sua consciência! Tudo se perde na profundidade daquele redemoinho de dor.

E o ermitão-kamikase, num processo de forçar a sensação de alívio pra se convencer de que agiu corretamente (da maneira mais segura) e sufocar os sentimentos e repelir o amor da criatura-alada... o que será que se passa na cabeça dele?! Por que meu Abba permite esses encontros? Pra fortalecer os fortes e enfraquecer os fracos? Porque está escrito na Bíblia que se dará mais àquele que tem, mas daquele que não tem, se tirará mesmo o pouco que tinha? A criatura-alada será amada, porque tem a capacidade de amar... mas o ermitão-kamikase perderá mesmo o amor que tem, porque os que ama o deixarão.. e outros não mais o amarão?

Aos ermitões-kamikase eu pergunto: se ao se isolar para não ter que sofrer e nem ser responsável por quem estiver próximo a você sofrer as dores causadas "pelos outros" você não está antecipando esta dor? Porque não está vivendo exatamente na condição de isolamento que viveria se todas as pessoas do mundo errassem com você e, por isso, tivesse que, por exemplo, se isolar? E quais as chances de TODAS AS PESSOAS DO MUNDO errarem com você? Será que NINGUÉM acertaria? Ninguém seria legal? Supreendentemente especial? E quanto aos que você quer proteger... por quanto tempo? Essa decisão, cedo ou tarde, não será deles? Se querem existir sob a proteção de não viverem

Bom, acabou que eu enrolei, né? Se são corajosos ou covardes os ermitões-kamikases? Um suicida é corajoso ou covarde? A dor de "morrer em vida" é maior ou menor do que a dor de simplesmente morrer? Depende. Depende do que você acredita e de como você viveu. EU REPUDIO A COVARDIA. Mas nesses casos, não sei classificar. O suicida vai encontrar "do lado de lá" coisas que eu, hoje, não teria coragem nem de pensar... Mas ele sabia disso ao tomar sua decisão? Foi coragem ou ignorância? Sabem? Não dá pra julgar. E o ermitão que se "suicida vivo" e se condena a morrer perante todos que o amarem para viver solitário e sem fé? É medo de sofrer e de ser magoado? É! Isso é covardia? Huum... Mas o ermitão vai se condenar e vai ver todos os que poderiam tê-lo amado aprendendo a vê-lo como se ele fosse paisagem. Vai ver os que poderiam amá-lo e fazê-lo feliz amando outras pessoas. Ele vai assistir seu esquecimento SEM LUTAR. Eu não teria forças pra isso! É coragem? Huuum...

Sabem? Não consigo me atrever a rotular isso.

Sei que não gostaria de viver algo assim. Queria muito, se dependesse de mim, nunca amar um ermitão. Mas Abba marca os encontros e a gente só comparece esperando tentar entender e lidar com a extensão que eles terão em nossas vidas. A gente só pode agir a partir de quando os encontros acontecem. Não antes.

As vezes sinto que eu tenho asas. Não sei. Será? Sou impetuosa demais. Tenho medos, mas são medos de menos, sabe? É muito fácil pô-los de lado, respirar fundo, contar até 3 e pular de olhos fechados. Mas não sou tola. Boba sim, tola não. Não sei explicar. Não me perco de mim e dos meus objetivos... só que consigo reorganizar todos eles rapidamente conforme surjam ou desapareçam novas prioridades. E acho que prioridade é prioridade. Ponto. Mas na hora em que estou triste, e fico triste com frequencia maior do que gostaria, sou forte. Sou mais forte do que gostaria.

Meu maior medo não é de não conseguir. É o de não tentar. Por mais clichê que possa parecer, é isso. Quando algo toca o meu coração não é como se eu "realmente" tivesse uma escolha. É como se minhas "asas" tivessem vida e vontade próprias.

Quando era mais nova eu conseguia me policiar melhor em relação a alguns dos meus impulsos. E, por outro lado, não conseguia me controlar tão bem em relação a outros. Quando vamos crescendo, não necessariamente em idade, mas em espírito, compreendemos que certos freios socialmente estabelecidos não fazem sentido... e outros freios individualmente negligenciados são bem mais importantes do que havíamos julgado. Resumindo: aprendemos a conhecer os jogos e descobrimos que nem sempre vale a pena participar deles.


Entre as criaturas-aladas e os ermitões-kamikases está todo o universo de gente. Como se um fosse o Oiapoque e o outro fosse o Chuí... Um fosse o 8 e o outro fosse o 80! As variações são inimagináveis e impossíveis de "etiquetar". E todas elas, sem exceção, podem estar fadadas SIM ao sucesso. Por que não?! Me atrevo a dizer, sonhadora que sou, que mesmo um ermitão-kamikase pode aprender a amar! Quase desdizendo tudo o que eu disse até agora! hahahahahahhahaha

Bom, eu ressalvei a hipótese de ele se "desermitar"... Mas nem é disso que estou falando. É que eu sou meio da família das criaturas-aladas-avoadas-abestadas-alesadas! Tenho fé e esperança DEMAIS! Além disso... Temos Abba, que de vez em quando mete o bedelho onde não é chamado (Êêêêê!!!) e salva o dia! Sabemos que se as pessoas forem parecidas no que IMPORTA, mesmo que sejam YING e YANG... há esperança! E, pensando sonhadoramente, se eles são as duas "coisas" mais diferentes que podem existir, imaginem que "inteiro" e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r formariam se pudessem se unir e completarem-se um ao outro para formarem um TODO? Seria o "INTEIRO MAIS INTEIRO" do muuuuuundo!!!

Se isso é provável? Nenhum pouco. Mas é possível? E o que não é?

Tuuuuudo vale a pena quando a alma não é pequena.
(Fernando Pessoa)


terça-feira, 29 de março de 2011

Paradoxos...


"Estou sentado nas costas de um homem, sufocando-o e obrigando-o a transportar-me. Ao mesmo tempo, tento convencer-me a mim e aos outros que estou cheio de compaixão por ele e manifesto o desejo de melhorar a sua sorte de todas as formas possíveis, exceto descendo das suas costas."

Leo Tolstoy

Elvis made me cry. Elvis made me smile.


Elvis made me cry.
Damn it, Elvis! Why don´t you die!? Morra, Elvis, morra! Morre, "infiliz"!
Eu chorei por causa de Elvis ontem à noite. 

Na verdade... não foi por causa de Elvis... é que eu não estou preparada pra a morte do amor. Acho que hoje não seria um bom dia pra eu encontrar com o Dr. Gikovate cara a cara. Definitely!

Estava saindo do trabalho pra casa e ouvi uma canção que Elvis cantava...

You are always on my mind 
song by Elvis Presley
Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have
Little things I should have said and done
I just never took the time

You were always on my mind
You were always on my mind

Tell me, tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me one more chance
To keep you satisfied, satisfied

Maybe I didn't hold you
All those lonely, lonely times
And I guess I never told you
I'm so happy that you're mine
If I make you feel second best
Girl, I'm sorry I was blind


You were always on my mind
You were always on my mind

Tell me, tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me one more chance
To keep you satisfied, satisfied

Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You are always on my mind
You are always on my mind

Ai ai... Aiiiiiiii! AIAIAIAI!!!!

Puuutz! Eu já pensava em escrever novamente sobre a musicalidade da alma. Pois hoje escrevo. Não sobre os tipos de música que cantamos e que queremos que cantem pra a gente... (apesar de que me imagino ouvindo essa música....) Mas sobre as músicas que me remetem a este momento de dilema em que, talvez a última romântica da humanidade, me pergunto se sou estúpida ou teimosa ou cega ou obstinada ou o quê!?

Por que isso de egoísta + teimoso + tortura + diferenças + loucuras = pânico e terror? Droga. O pior são as estatístiscas. Odeio estatístiscas. Contra fatos não há argumentos. O que eu devo fazer? Processar a Disney? Ninguém me obrigou a assistir mil vezes todos aqueles contos de fadas sem final infeliz. O príncipe nunca desistiu! A princesa sempre descobriu no final das contas que ele realmente a amava toooodo o tempo. Uau!

Ontem li mais um pouco de Gikovate. Agora estou no capítulo sobre a paixão em que ele explica o estado de terror permanente em que os apaixonados se encontram com medo que seu mundo perfeito desabe, sempre conjecturando as piores catástrofes possíveis. Segundo o Dr. Estraga Prazeres é desse terror que vem a taquicardia, as alterações de sono, apetite e a boca seca... nada disso é "porque você está amando"... é porque você está apavorado. Simples assim.

Faz sentido. É quase que viver com ataque de pânico. No fim das contas, muita gente deve aproveitar a primeira chance de acabar com essa tortura assim que puder se desvencilhar da causa: o outro. Que perspectiva maaaais romântica da paixão :P Cruzes!


O que acontece com Perhaps Love? Fico pensando... pensando... pensando...

Perhaps Love
Placido Domingo
Perhaps love is like a resting place
A shelter from the storm
It exists to give you comfort
It is there to keep you warm
And in those times of trouble
When you are most alone
The memory of love will bring you home

Perhaps love is like a window
Perhaps an open door
It invites you come to closer
It wnats to show you more
And even if you lose yourself and
don't know what to do
The memory of love will swee you thru

Oh love to some is like a cloud
To some as strong as steel
For some a way of living
For some a way to feel
And some say love is holding on
And some say letting go
And some say love is everything
Some say they don't know

Perhaps love is like the ocean
Full of conflict of pain
Like a fire when it's cold outside
Thunder when it rains
If I should live forever
And all my dreams come true
My memories of love will be of you

And some say love is holding on
And some say letting go
And some say love is everynthing
Some say they don't know

Perhaps love is like tha ocean
Full of conflict of pain
Like a fire when it's cold outside
Thunder when it rains
If I should live forever
And all my dreams come true
My memories of love will be of you


Quer dizer que são palavras ao vento? Ou emoções "verdadeiras" só válidas para um instante? Tipo... a gente tem CERTEZA que é sério... só que é fogo de palha, mas é sério pelo fato de que realmente acreditamos naquilo... Mas é fogo de palha que se apagará ao primeiro vento? Tá acompanhando? É verdade, mas é mentira. É mentira, mas é verdade? Não! É muito triste. É meio cruel isso. É anti-poético. Anti-vital. Anti-humano! Quer dizer que holding on or letting go não são expressões de amor, mas de "comportamento de auto preservação" diante do medo de perder e/ou sofrer? É ciência? Não são atos de generosidade de quem ama.. mas de egoísmo? É matemática? Por mais que seja lógico, é imoral.

Hoje a caminho do trabalho estava ouvindo Michael Bublé cantando "home"... 

Home
Michael Bublè
Another summer day
Has come and gone away
In Paris and Rome
But I wanna go home

Maybe surrounded by
A million people I
Still feel all alone

I just wanna go home
Oh, I miss you, you know

And I've been keeping all the letters that I wrote to you
In each one a line or two
"I'm fine baby, how are you?"
Well I would send them but I know that it's just not enough
My words were cold and flat
And you deserve more than that

Another airplane
Another sunny place
I'm lucky I know
But I wanna go home
Mmmm,I've got to go home

Let me go home
I'm just too far
From where you are
I wanna come home

And I feel just like I'm living someone else's life
It's like I just stepped outside
When everything was going right
And I know just why you could not
Come along with me
Cause this was not your dream
But you always believed in me

Another winter day has come
and gone away
And in Paris and Rome
And I wanna go home
Let me go home

And I'm surrounded by
A million people
I Still feel alone
Oh, let me go home
Oh, I miss you, you know

Let me go home
I've had my run
Baby, I'm done
I gotta go home

Let me go home
It will all be alright
I'll be home tonight
I'm coming back home

Eu gosto de ouvir essa música, que é um pouco triste, pensando que "home" é onde o coração está... onde os sentimentos estão... Ele se sente sozinho, não importa onde esteja porque está longe da "casa do seu coração" que é junto dela (olhem como eu sou pateticamente boboca de romantiquinha)... e ele pede que ela o receba de volta... mesmo que ele não consiga dizer coisas boas o suficiente pra ela... Vejam bem, ele tem escrito cartas que nunca enviou... Obviamente eles são bem diferentes e ia ser a coisa mais empata-romance do mundo dizer "Ah sim! Porque claramente ele é egoísta e ela generosa, ou vice versa... e isso nunca vai dar certo... ela o aceitará de volta, ele não aguentará sua generosidade e então saíra mundo afora, este bundão!" Afe! Whatever! Pelo menos ele teve a coragem de voltar! De tentar! De levar as cartas até ela! Sei lá! Eu achei maior bonitinho. Eles que têm que decidir se querem ou não encarar isso. Droga. Isso de rotular o amor desse jeito é frustrante.


É difícil ser bicho-gente. É difícil amar bicho-gente. ÔOo! Se é! Eu sou  exemplo vivo e o testemunho eloquente disso. Lá venho outra vez com aquele papo dos quase 28 anos e tô aqui... solteira e discutindo até comigo mesma pra não "largar de mão do amor". Acho pouco. Acho muito pouco a perspectiva do meu amigo Giko de que temos que ser individualistas ou esperar alguém que pareça muito com a gente. "Fórmula do amor" pra mim é o nome de uma música de axé! Pronto, falei!

Claro que devemos procurar ser inteiros e blá blá bláááá... Mas não tem pra onde correr... o psiquiatra do antiamor assumiu: temos um "buraco" dentro de nós. Vinícius de Moraes pode ter exagerado quando disse que era "impossível ser feliz sozinho"... mas olha: é DIFÍCIL PRA CARAMBA! Somos assim! Face it!

Voltei a cantar aquela música de Bublè da qual falo em "my musical soul":

I haven´t met you yet
Michael Bublè
I'm not surprised, not everything lasts
I've broken my heart so many times, I stopped keeping track
Talk myself in, I talk myself out
I get all worked up, then I let myself down

I tried so very hard not to lose it
I came up with a million excuses
I thought, I thought of every possibility

And I know someday that it'll all turn out
You'll make me work, so we can work to work it out
And I promise you, kid, that I give so much more than I get
I just haven't met you yet

I might have to wait, I'll never give up
I guess it's half timing, and the other half's luck
Wherever you are, whenever it's right
You'll come out of nowhere and into my life

And I know that we can be so amazing
And, baby, your love is gonna change me
And now I can see every possibility

And somehow I know that it'll all turn out
You'll make me work, so we can work to work it out
And I promise you, kid, I give so much more than I get
I just haven't met you yet

They say all's fair
In love and war
But I won't need to fight it
We'll get it right and we'll be united

And I know that we can be so amazing
And being in your life is gonna change me
And now I can see every single possibility

And someday I know it'll all turn out
And I'll work to work it out
Promise you, kid, I'll give more than I get
Than I get, than I get, than I get

Oh, you know it'll all turn out
And you'll make me work so we can work to work it out
And I promise you kid to give so much more than I get
Yeah, I just haven't met you yet

I just haven't met you yet
Oh, promise you, kid
To give so much more than I get
I just haven't met you yet

:) Adoro Bublè!


Outro dia coloquei uma música no blog chamada "Diga que me ama"... muito legal também! Junto com "Caminho pro interior" colocam bem demais que estar junto é se sentir acompanhado. Parceiros! Se é parecido ou diferente!? Ahhhh! Contanto que sejam diferenças que se complementem, sabem? Uma vez uma pessoa que conheço me disse assim (falando dos seus pais): que eles são super diferentes... um extrovertido o outro tímido... um organizado, o outro bagunceiro... mas que NO QUE IMPORTA, são muito parecidos, idênticos! Então pronto!  NO QUE IMPORTA... é o que importa!

Hoje eu me reconcilio com Lulu Santos e ergo a bandeira de resistência dos últimos românticos. Hoje eu ouso ser boba, ser sonhadora, ser musical... Não me importo! A música me trouxe de volta ao bom senso de não ter muito senso nessas coisas de amor.

"THE WORLD WOULD BE SENSELESS WITHOUT MUSIC"  (NIETZSCHE)

Me recuso a aceitar qualquer rótulo! Me sinto uma hipocondríaca-literária! Começo a ler e me identificar com todos os esteriótipos! Credo! Sou generosa, mas sou egoísta, tenho coragem de me jogar numa relação e por isso assusto os outros, mas desenvolvo o fator antiamor e por isso tenho medo de envolvimento completo, procuro um oposto, mas espero um semelhante, me sinto bem sozinha e aceito minha individualidade, mas sonho com um grande amor! Tááááá danado! Pega a doida! Sou um fenômeno a ser estudado na humanidade ou estou maluca?! Hahahahahahaha! Que nada! Que tudo isso vá pras cucuias! Sou só mais uma pessoa tentando acertar e errando pra caramba no processo. Só isso! Quem tiver achando ruim... Unaaaaaaaaaa!!!! Ó pra você óóóó!



Eu me liberto. Eu me alforrio! Eu me libertei, na verdade, ontem. Não sei explicar. Shakespeare disse que "falar pode aliviar dores emocionais". Sim, é verdade. Acho que talvez o contrário também seja verdade.. Be aware! Talvez calar possa fazê-las mais difíceis de digerir (as dores emocionais... you know...) Anyway! Freud também falou da teoria da "banalização". Falar ajuda a banalizar... a ver tudo como é realmente é!

Quando conseguimos encarar nosso mundo como o que ele é, quando percebermos o que queremos dele... ufa! É muito bom.  Quando nos damos conta de que estamos caminhando na direção do que queríamos! Uuufa! E quando nos damos conta de que até pouco tempo havíamos nos desviado... mas conseguimos retomar nossas trilha à tempo UUUFFFAAAA! Foi por pouco!

É um pouco aflitivo, assustador a capacidade que temos de nos alienar além do "ponto"! Como podemos não nos dar conta enquanto estamos nos perdendo, nos desviando!? Mas nos encontrarmos, nos reencontrarmos... Aaah! Dá força! Confiança de que Abba está por perto. Ele sempre está.

Foi importante que Elvis tenha mexido comigo ontem. Ele me arrancou uma lágrima, mas me devolveu o sorriso.




Se ele não morreu? Quem? Elvis? Nããão! Eu agora já perdoei a intromissão dele na minha vida, né? Mas vamos combinar... mesmo que eu acreditasse na morte... existem muitas formas para alguém como Elvis se manter vivo...

Não... Elvis não morreu!
Elvis made me smile...
;)


segunda-feira, 28 de março de 2011

O deserto, a morte do amor, a confusão que as pessoas fazem e o que diz Gikovate.



Há uns dias venho com uma "montagem" engraçada na cabeça.

É como se fosse um filme...

Vou tentar colocar assim: faz de conta que existe um lugar muito psicodélico, maravilhoso, fantástico que todo mundo tem curiosidade de ver. Mas o grande problema é que depois que alguém parte pra lá, nunca mais volta. Nunca mais se ouve notícias dessa pessoa.

Mesmo assim, os rumores são de que a vida lá é muito boa, tão boa que ninguém volta. Tão boa que ninguém se preocupa em mandar notícias. Tão boa que não existem palavras capazes de descrevê-la. É como se você pudesse ser quem sempre quis, amar e ser amado, ter felicidade, nunca mais ter medo, frio, fome.

Algumas pessoas clamam que em seus sonhos conseguem ter visões de como é lá... mas mesmo assim não conseguem pôr em palavras. Normalmente essas pessoas, depois que têm esses sonhos, se põem a se preparar para a jornada... não conseguem pensar em nada que não seja ir até lá.

Só que tem um problema...

Você deve estar se perguntando aí: "Ué! Por que toooodo mundo não corre pra lá, então? Por que não vai todo mundo de uma vez pra esse lugar e pronto?"

Pois é.

Esse é o problema.

Quase ninguém consegue ir.

A maioria esmagadooooora das pessoas tem muito medo do desconhecido. A grande maioria dos seres humanos se "péeeeela" de medo de ser feliz, de amar, de sofrer, de se decepcionar, de mudar. E então começam os processos de GANHO de tempo.... os adiamentos. As desculpas que inventam supostamente pros outros, mas que, na verdade, são pra eles mesmos. A isso se chama auto-sabotamento. O detalhe é que nem sempre o "sabotado-sabotador" se dá conta tãããão cedo do que está acontecendo...

A pessoa se convence de que está ganhando tempo antes de tomar uma decisão importante como essa de correr atrás de uma vida nova de sonhos! Afinal, ninguém nunca voltou de lá... e se não for nada disso? E se eu largar minha muito-perfeitamente-sossegada-e-conhecida-vida e quebrar a cara? Preciso PLANEJAR isso tudo com muita calma. Preciso ganhar tempo, ter certeza, me organizar direitinho.

E então começa um ciclo de PERDA de tempo, perda de vida, perda de SI mesmo... Sabe quantas vezes essa pessoa vai saber o que se esconde no final do arco-íris? Quantas vezes vai largar tudo e se "danar no meio do mundo"? A-háááá! Pois é. Nenhuma.

Estou lendo um livro muito interessante de um psiquiatra brasileiro maluco (no bom sentido da palavra) chamado Flávio Gikovate. Tem horas que eu penso cá comigo... Gikovate? VATE.. "Vá! VÁ-TE danar! Doido!" hahahahaha Puuutz! É que estou gostando do livro! :) Ele joga cada coisa na cara da gente... Uma dessas coisas, que NÃO é tema do livro que estou lendo, diga-se de passagem, é que temos um medo petrificante de sermos felizes. Outra coisa, que é tema do livro que estou lendo, é sobre uma coisinha que o Gikovate chama de "fator antiamor".

Pois bem. Segundo o meu caro psiquiatra, nós desenvolvemos o fator antiamor dentro de nós pra evitar o óbvio: amar. E em razão das travas e seguranças alimentadas pelo fator antiamor sempre destacamos os defeitos e as diferenças entre a gente e o outro. Nem a paaaaau que ousamos mudar nossa vida, sair do nosso conforto, do conhecido - mesmo que não sejamos felizes - pra ousar tudo diferente e nos jogarmos numa aventura lúdica por uma pessoa com o defeito "x" ou "y" que enxergamos tão claramente. São tão irritantes! Insuportáveis!

Por um lado foi bom saber que eu não sou a única que penso assim (que falta coragem em muita gente para VIVER, e por conseguinte, AMAR)... Por outro lado foi deprimente. Então é isso mesmo! A maioria das pessoas se borra de medo de ser feliz, de mudar, de arriscar, de ousar. Estas pessoas preferem uma vida comum (ordinária, nesse sentido) do que uma reviravolta de 360 graus!? Essas pessoas têm um freio ABS hidráulico ultra hiper extra mega blaster sensível que as impede de se jogar, se apaixonar, amar, se envolver. Essas pessoas são COVARDES. E elas odeiam isso. E elas se ressentem por serem assim. E elas descontam a frustração de se sentirem assim em cima exatamente de quem mais as fazem recordar que são assim... Aqueles mongóis debilóides que estão com um sorriso do tamanho do mundo e os braços abertos esticados esperando que elas corram aos seus encontros em loucas aventuras românticas. Nooooossa... Alguém pare o mundo que eu quero descer!

Mas vamos voltar ao nosso vídeo.

Então. Como é o comportamento de alguém que realmente pretende ir até o desconhecido lugar "maravilhoso" descobrir o que realmente se passa lá? Vou fazer uma historinha.

Um casal combina de ir até esse lugar. Estão empolgadíssimos! Altos planos! Chegando lá vai ser assim, assado... coisa e tal! Vamos ter filhos, netos, voar de balão, ter uma casinha amarela, um cachorro! Uau! Vai ser muito show! Tá bom...

- "Olha.. mas lá é o seguinte... não pode levar mala nem cuia, nem nada. Só deixam você entrar com a roupa do corpo. O máximo que se recomenda é uma garrafinha de água, porque é um oásis no meio de um deserto. Beleza?"
- "Belezinha da Creuza! Tudo certo!"
- "Então, fechou! Vamos ali na banca comprar duas garrafinhas de água que aí é só arrumar uma carona e partiu!"
- "Iiih... sabe o que é, amor? Essas garrafinhas de água não são mutio resistentes. Você falou que atravessa um deserto, né? Melhor ir no WalMart e comprar uma garrafa térmica... né não? Soube que vai ter uma promoção boa na parte de camping daqui a dois meses! Tem um amigo meu que trabalha lá, rapaz! É certeza isso!"
- "Poxa, amor! Dois meses? Compra a garrafa térmica ali no Extra mesmo, ou sem ser na promoção! Pra quê promoção se você vai embora e vai largar seu dinheiro, sua conta, tudo seu aqui? Ninguém volta de lá... Vai ficar tudo bem. Bora simbora, homem! Desanima não! Segura aí que eu vou pegar a minha ali na banca..."
....
- "Olha, amor... comprei duas... uma pra você e uma pra mim! Assim se aparecer uma carona e você quiser ir, já tem garrafa. Você vai lá no Extra mesmo? No WalMart? Como é?"
- "Pow, princesa.. leva a mal não... Esse lance de você comprar a garrafinha... tô me sentindo pressionado. Não gosto disso não. Eu tô pensando aqui... Porque o vencimento do meu cartão não tá bom pra comprar uma garrafinha agora..."
- "Caramba. Não quis pressionar. Quis ser gentil. Olha.. pega aqui cinquenta contos. Compra lá sua garrafa. Pra onde eu vou num preciso de dinheiro. Num sei porque danado você tá preocupado com vencimento de cartão se a gente tá indo embora, pouxa... Vida nova!"
- "Huuum... Obrigado... é... ok... "

Nisso passa um carro de um colega, que tá indo pras bandas do deserto... e oferece carona. A menina doida pra ir.. mas o cara tá naquela.. querendo a garrafinha térmica... e eles acabam perdendo a carona. Os dois se despedem e ficam de se encontrar no dia seguinte, quando o rapaz tiver comprado a tal garrafinha. No dia seguinte, não deu tempo... alguma reunião, alguma coisa inadiável. Beleza. Fica pra dali a dois dias. Na data combinada... nada.... A cor da garrafa que tinha na loja do modelo que ele gostou não era a cor "da sorte"!!!

Pra encurtar, em um mês a garota cansa e vai embora sozinha com a garrafinha descartável que comprou no primeiro dia. Triste, tendo "perdido" um mês enquanto esperava que o cara de quem ela achava que gostava se organizasse, pra no final das contas, levar um monte de desculpa esfarrapada e perceber que ele nunca poderia acompanhá-la... que eram muito diferentes e que ele não quis se abrir com ela. Na verdade... ele nem era o cara de quem ela gostava, ela gostava de um cara que não existia... Se ela o criou sozinha ou se com a ajuda dele... Bom... qual a importância disso agora?

O cara da garrafinha térmica até hoje não comprou a garrafinha. Nunca mais ouviu notícias da menina.

Tem gente que não consegue assumir nem pra si e nem pros outros o quanto se apavora diante das mudanças. Primeiro são as desculpas esfarrapadas... pra ganhar/perder tempo... pra se organizar... pra planejar.... depois começa a vir a impaciência.  A raiva daquele outro que lhe faz ter que se confrontar constantemente com essa sua fraqueza - que você não gosta de ter. Sim! Porque ninguém gosta de ter fraquezas e todos temos. Só que são fraquezas diferentes. O convívio com as pessoas que nos fazem conscientes de nossas fraquezas é extremamente doloroso e difícil. Pra ambos.

Minha mãe me diz uma coisa que se provou muito verdadeira: "Quem quer fazer algo, vai lá e faz. Não fica nem oferecendo, nem perguntando, nem mesmo fala! Sem avisar, vai lá e faz."

Ainda não terminei o livro do Dr. Gikovate... mas até ele, com sei lá quantos anos e mais de 2 mil casos (se não me engano) tem dificuldade de definir certas coisas nas relações interpessoais. Somos uns bichos muito complicados, o bicho-gente. Não duvido de que criemos isso que o Giko chama de fator antiamor para nos mantermos "seguros", pelo menos a uma distância "segura" dos outros. Focamos nas coisas ruins. Pronto.

Se nos relacionamos com pessoas diferentes de nós, o que ocorre na maioria esmagadora dos casos, criamos relações viciadas, que Giko chama de "relação entre um generoso e um egoísta", e depois punimos ao outro - e ele a nós - pelo tempo em que aguentarmos viver juntos. A coisa é frustrante a ponto de depois de ANOS de trabalho e estudo o cara - Gikovate - dizer numa entrevista à Veja: se você está sozinho e consegue ficar assim, fique! Não case. Gente... o psiquiatra do amor desistiu do amor. Ele disse que o amor romântico está condenado de morte e que só 5% dos casamentos escapa imune à infelicidade conjugal. É muito sério isso. Muito!

Relacionamentos entre semelhantes podem funcionar. É o que ele defende. Eu me pergunto... Se ele estiver certo... quando as pessoas mergulham em relacionamentos com opostos, então, e iniciam este ciclo sado-masoquista, estão se punindo também por inflingir sofrimento ao outro e por se submeterem ao uma relação que nasceu fadada ao insucesso? Como pode haver tanta inveja dentro do relacionamento amoroso? Como o inconsciente pode nos ludibriar dessa forma? Vi uma descrição do inconsciente que me capturou: "é quando o sofrimento e a dor são grandes demais para que possamos suportá-los, então os exilamos no inconsciente". É tão trágico, é devassador!

Só dois semelhantes pegariam suas garrafinhas plásticas na banca e iriam juntos ao fim do mundo? Só dois semelhantes mentiriam juntos que o melhor era esperar pela promoção de garrafas térmicas no ano de 2050 quando a tecnologia permitiria à própria garrafa transformar areia em água fria?

O exemplo que dei acima se aplica a qualquer casal! As vezes, o importante nem é sair correndo em direção ao deserto... é ser honesto... dar ao outro a oportunidade de escolher como lidar com a situação. "Olha, meu bem, é o seguinte... se quiser tentar se entender comigo, bora... mas eu não me jogo numa aventura ao desconhecido com uma garrafinha plástica na mão nem a pau!" Pronto! Mas estamos com medo o tempo todo. Medo de sermos rejeitados.. de sermos felizes... de fracassarmos...  de sermos bem sucedidos... de amarmos.. de sermos amados... de tentarmos... de não tentarmos... de mudarmos... de não mudarmos nunca!...

No fim, segundo minha opinião, e também conforme meu colega Giko... a maioria das pessoas opta pela segurança do conhecido. Escolhe ficar como está... de preferência rejeitando do que sendo rejeitado. Para essas pessoas o negócio é correr e dispensar o outro antes que ele descubra que fraude ela é e a mande catar coquinho. Ou então a insegurança é tão grande e a estima tão baixa que ficam com mania de perseguição, ciúmes, síndrome do "corno precoce" à la peru de Natal! "Vou acabar o relacionamento antes de levar um par de chifres porque sou muito esperto!"  E então... a perspectiva é terminar seus dias em processo de negação, tentando se convencer de que não fez a maior cagada da vida e de que está óóótimo e em paz com suas escolhas. Maior mentira! Bullshit.

Não ter uma vida marcante é uma escolha que pode marcar bem mais do que se imagina. Não sei se existe nada tão amargo quanto a mediocridade ou um som mais perturbador do que o silêncio.

Mas não há muito o que fazer. A não ser que a pessoa passe por um processo intenso de auto transformação consciente, se conhecendo e se burilando, esta (se retrair, se afastar) seria a escolha mais sensata mesmo. Mais cedo ou mais tarde a corda iria romper. Ser impetuoso é uma constante, não uma variável. Quem é assim transpira intensidade, vigor, desafio. Não é um estilo de vida suportável pra outra pessoa que pretende estar calculado tudo a toda hora e que não se dá bem com a ousadia. Mais cedo ou mais tarde o covarde seria descoberto e o ousado perderia o interesse, sentiria uma espécie de desprezo. Não é possível camuflar quem realmente somos por muito tempo. É tudo tão difícil e tão triste. Seria tão bom se pudéssemos mudar as pessoas... mas não podemos. Ninguém muda ninguém.

Apesar de muita gente acreditar que os opostos se atraem, certas diferenças são inconciliáveis (daí porque Giko não recomenda que nos comparemos a pólos magnéticos...)

Giko disse uma coisa interessante. Chata e incômoda pra mim, que não gosto nem um pouco que ele defenda a extinção do amor romântico, mas interessante. Ele disse que as pessoas estão aprendendo a ser sós, aprendendo a ser inteiras, apesar de sós. É que ele evoca o mito de Platão, das metades... de que seríamos metades em busca da nossa completude... bom... evoca e depois "desevoca", porque diz que estamos aprendendo a ser inteiros ao invés de ser metades, mesmo sozinhos.

Diante disso, podemos optar por continuamos sozinhos ou esperar até que surja alguém parecido conosco. De todo modo, em sendo pessoas inteiras, nossas relações seriam mais saudáveis, especialmente com outras pessoas também inteiras, eu suponho, porque não precisariam que nós as completássemos e nem precisaríamos ser completados por elas.

Sem dúvida isso aniquila o romantismo. Mas não vamos sentir falta de sermos necessários ao outro para que ele (e também nós) estejamos completos? Seremos duas pessoas ao invés de uma?... Ou uma e meia...? Levará vantagem quem estiver completo e também completando? Será? Será vantagem? Ter um dependente não compromete a individualidade tanto quanto depender? Onde todas essas teses e antíteses irão chegar? E na hora em que você se apaixonar... qual a importância de tudo isso?

Nenhuma.

Teses sobre o amor, sobre a paixão, sobre o individualismo, perdoem-me os estudiosos, especialmente Gikinho, são para os desiludidos. Depois de escrever taaanto, cheguei a esta e a nenhuma outra conclusão. E eu sou uma mulher de teses. Muitas teses...

Precisamos entender, explicar, rotular, refletir, compartilhar e convencer nossos interlocutores da fluência, eloquência e pertinência de nossas teses pra nos sentirmos menos sozinhos. No final de tudo, a culpa é da solidão, mais da "sozinhez" do que da solidão propriamente dita...

Queremos pertencer ao menos ao grupo dos que entendem que o amor não tem mais jeito... ou se tiver... raramente acontece... e se acontecer... pode ser que ainda vá ser comigo... e se não for... não é culpa minha.

Por mais que estejamos absolutamente certos, e devemos estar mesmo, porque faz perfeito sentido, isso não muda o fato de que o egoísta partiu nosso coração ou que o covarde nos abandonou na estação de trem.

Não muda o fato de que apenas 5% dos casamentos dão certo (no sentido de serem felizes e saudáveis, e não de que não terminaram em divórcio) porque são entre pessoas semelhantes... e nem põe fim à marchinha fúnebre que as bandas começam a tocar em honra do amor romântico que agoniza no leito de morte.

Estamos perfeitamente certos... aprendemos a nos fazer companhia... vamos ao cinema, cozinhamos, lemos bons livros, temos amigos e um trabalho que nos supre. Frequentamos a academia, escrevemos, cuidamos das nossas unhas e cabelos... tudo o que depende de nós, nós fazemos.

O que não depende. Teorizamos.

E esperamos. É o que nos resta. Ou aceitamos que iremos ficar sós ou esperamos por alguém que não apenas "sirva" para tampar a nossa panela, mas que tenha sido feito sob medida pra ela.

Mas uma coisa me conforta: meu Abba. Ele sabe o que faz e ele cuida de todos nós. Ele alimenta os pássaros, veste as flores e cuida de todos os filhos... os que sabem amar e os que não sabem. No fim de tudo, onde todas as teses são finitas, felizes são aqueles que possuem fé.


Teddy: meu ursinho Nounouse


Vinícius de Moraes, meu chapa, libriano como eu, poetinha e apaixonado por todas as suas 9 esposas - só que por cada uma de uma vez - e por nenhuma!.. Apaixonado pelo Amor. Meu amigo, Vina, companheiro de incontáveis horas, quantas vezes cantei e li junto com ele em meus pensamentos? Em minha aparente solidão... na sozinhez das minhas horas de sozinhice.

Vinícius escreveu "para uma menina com uma flor" e falou de Nounouse. Na mesma hora Teddy e Nounouse ficaram brothers. Ganhei Teddy aos 4 anos da minha madrinha em Recife, no estacionamento de um clube chamado Cabanga.

De todas as memórias que fiz questão de esquecer da infância que apenas sei que tive, esta ficou cravada.

 Quando vim pra Brasília em 2009 Teddy ficou em Natal. Por pouco tempo. Pedi a mamãe que me enviou meu chapa uns meses depois. Ao longo de 23 anos de companheirismo, nem sei dizer quantas lágrimas enxuguei no que um dia foi pelúcia e hoje nem sei mais o que é! Já dancei forró, música lenta, valsa, e até coisa que nem sei com ele. Desabafei minhas primeiras amarguras de criança boba, de adolescente confusa e também as últimas, de adulta ainda boba e confusa.

Dormimos abraçados por tantas vezes que hoje nem consigo mais pensar em empurrá-lo da cama. Coisa que todo mundo faz com bichinho de pelúcia. Não sei mais se consigo enquadrar Teddy nessa classificação.

Já cantei "meu ursinho Pimpão" pra ele...

Me sinto absolutamente ridícula quando penso que ele me abraça de volta... Mas não me constranjo em assumir que eu, com certeza, o abraço até hoje.

Lembro de sua primeira roupinha, um camisolão e um chapéu de ponta. Por que será que as vezes é mais fácil nos apergarmos a lembranças que a pessoas?

Sempre me disseram que quando eu era pequena parecia uma velha. Talvez eu tenha crescido e me tornado uma criança.


"A arte lava da alma a poeira do dia-a-dia." (Pablo Picasso)





sexta-feira, 25 de março de 2011

2012. Porque começar de novo não é o fim do mundo: os arautos das borboletas.

"Aquilo que a lagarta chama fim do mundo, o resto do mundo chama borboleta."
Lao Tse



Eu não acredito no fim.
E ao mesmo tempo, eu já me deparei com o "fim" em incontáveis ocasiões.
Como isso é possível?

É hoje o dia em que sento, respiro fundo e escrevo sobre mortes coletivas, desastres climáticos, desastres mecânicos, profecias, discos voadores, pirâmides egípcias, civilizações maia e asteca, espiritualismo, mais borboletas, evolução, sonhos, filhos, prodigios, medos, esperanças, dúvidas e certezas.

Começo meu terceiro parágrafo pensando que não pretendo ser longa, mas não sei ainda nem o que escrever, nem como. Lembro que prometi falar do que houve no Japão... penso na nova missão da Air France tentando resgatar as caixa-pretas daquele avião que caiu perto de Noronha há algum tempo, mas não sei mais quando exatamente... penso nas mortes no sul e sudeste brasileiro... no terremoto do Chile... penso nos atentados terroristas... nas guerras... penso na guerra que acontece legitimada pela ONU sob a pressão das forças da Coalizão na Líbia... penso nos polícias que mataram um adolescente (um único adolescente. Onde? Em Manaus?)... penso nos movimentos insuflados via Facebook no mundo árabe para derrubar as ditaduras e me pergunto o quanto eles são democráticos ou que reais interesses os motivam... e volto a pensar no Japão, onde tudo começou, em imagens que foram divulgadas pela mídia não das cidades, mas das pessoas sorrindo com um salvamento, dormindo abraçadas umas as outras, se alimentando de um único bolinho de arroz.

E ainda assim, isso pra mim não é o fim do mundo. Mas é o fim de algo. Com certeza é.

Eu acredito que a Terra está se transformando e que o lugar que ela irá se tornar é um lugar melhor. Se é o fim do mundo, é o fim do mundo tal qual nós o conhecemos. Se este planeta vai se tornar uma casa melhor, também seus moradores precisam se melhorar. Daí os avisos, daí as mortes coletivas, daí as mudanças.

Abba não é inconsequente, não é injusto, não é insensato. Abba não acumula nenhum dos defeitos que nós mesmos acumulamos. Abba não se ofende, não odeia, não exclui. Todas essas mesquinhezas são características nossas, humanas. Muito humanas. Sabendo que Deus é justo, nada que acontece sob sua "jurisdição" é aleatório ou desarrazoado. Todos os desastres e desencarnes coletivos precisam obedecer a uma razão ou causa lógica e coerente. Reconhecer isto, embora não ter o alcance de que causa seja esta, é um imperativo.

Acreditar que tudo termina com a morte física tem suas vantagens e desvantagens. Mas é preciso, na minha opinião, mais do que a simples vontade de acreditar. Tem que ter muita ingenuidade, talvez um pouco de ignorância... muita vontade de atribuir tudo ao acaso. A saúde, a probreza, a riqueza, a doença, a orfandade, a família amorosa, a segurança da Suíça, a loucura do Afeganistão... tudo "na doida"? Eu perco o vôo que cai e mata 194 pessoas... O acidente de carro em que só uma pessoa morre... o cara que está passando, tropeça numa casca de banana e já era... tudo é fatalidade e acaso? Os amores e os rancores gratuitos... tudo é casual?

Como poderíamos, então, entender os motivos de um desencarne coletivo? Não dá! Seria preciso compreender o que levou cada individuo singular a estar naquele local naquele instante. Cada um de nós tem seu passado único e intransferível. Uns podem ter "merecimento" de morrer sem dor, sem nem consciência do que se passa, por terem concluído sua missão neste plano terrestre. Outros podem ter ido sob circunstâncias extremamente dolorosas ou sobrevivido as custas de perderem todos os seus bens materiais como forma de depuração moral. Como precisar os desígnios e os planos de Deus com uma visão limitada como a nossa? Não é uma mesma causa que leva centenas ou milhares de pessoas a serem vitimadas por uma tragédia comum.

De todo modo, não é daqui pra 2012 que só vai ter "gente boa" aqui no planeta... estamos apenas no começo do processo de "reciclagem". Quem garante que num Universo tão grande estamos sozinhos? A ciência e nem mesmo a Igreja se atrevem. E se outros planetas passaram por isso antes? Existe uma história (ou seria mito?) de que um planeta chamado Capela passou por este mesmo processo que a Terra está passando agora e que os habitantes de Capela que não estavam aptos a continuarem naquele habitat depois de sua reconfiguração foram enviados para cá e deram início às civilizações egípcia, maia, inca, asteca, aos caldeus! Que eram eles os detentores da tecnologia e do conhecimento hoje perdido que possibilitou, por exemplo, a construção das pirâmides. Quem sabe? Quem ousa rechaçar com absoluta convicção?

Olhem as nossas crianças de hoje e lembrem-se de que crianças foram... tentem imaginar que crianças lhes precederam. Estamos evoluindo intelectualmente. Estamos vindo preparados pra um futuro diferente. Mas diferente como?

E a evolução moral? Não me admira que os tais "exilados de Capela" fossem inteligentíssimos, se construíram as pirâmides, Stonehenge no sul da Inglaterra, os templos e calendários astecas, incas... Mas "what if"... E se foram exilados por falta de aptidão moral? Se este é um valor necessário quando se chega no "fim do mundo"?

Nossos filhos, sobrinhos e netos nascem com uma inteligência que nos orgulha, mas cabe a nós fazer com que desenvolvam senso moral. É nossa responsabilidade cortar as más inclinações e alimentar as boas. É para isto que dependem de nós e por este motivo vêm sob este formato frágil que nos imbui cuidado e proteção. São eles, e não nós, os herdeiros do mundo novo... nós somos apenas OS ARAUTOS DAS BORBOLETAS.

Eu tô com um xodó com borboletas, né? É que eu gostei muito dessa frase de Lao Tse que coloquei na abertura do post. Toda moeda têm dois lados: "O que a lagarta chama de fim do mundo, o resto do mundo chama de borboleta." O que você chama cautela, eu posso chamar covardia. O que você chama pressa, eu posso chamar atitude. O que eu chamo ciúme, você pode chamar cuidado. O que você chama certeza, eu posso chamar insegurança. O que você chama dúvida, eu posso chamar certeza. O que eu chamo amor, você pode chamar loucura. O que você chama loucura, eu posso chamar coragem. O que eu chamo começo, você pode chamar fim. O que você chama fim, eu posso chamar começo. E até o que você chama morte, eu posso chamar vida.

O começo de um novo mundo não é o "fim do mundo". Em 2012 começa oficialmente um "começar de novo".

Como vai ser? Ninguém sabe. Se pouco ou muito vai mudar? Impossível prever. Depende de nós. Depende da humanidade. Depende de quanto precisarmos ser levados a mudar. De quantos precisarmos ser "exilados", como em Capela. Depende do quanto tivermos compreendido a importância da moralidade. Depende de quanto de lagarta tivermos em nós... Porque vai ser um mundo de borboletas.

A vida é um constante ensaio. Estamos sempre ensaiando recomeçar.

Recomeçamos a cada manhã. Recomeçamos a cada desilusão. Recomeçamos até mesmo a cada vitória. Cada etapa cumprida ou cada derrota é oportunidade pra recomeçar... e recomeçar, meu povo, não é o fim do mundo... pode até ser o começo de um mundo novo.

 "Torna-te a mudança que queres ver no mundo."
Gandhi

Eu não estou dizendo que tem como sermos indiferentes quando vemos pessoas sofrendo. Impossível. Até porque, seja lá o que aconteceu antes "justificando" o que está acontecendo "agora"... foi ANTES, AGORA é diferente, as pessoas estão vivendo coisas diferentes...

É só que não sabemos o que realmente está por trás... a motivação. Não se trata de sermos bitolados, de sermos religiosos ou não raciocinarmos e acreditarmos irrefletidamente naquilo que nos dizem ou em simples desígnios... Pelo contrário! Devemos submeter tudo ao crivo do racional e então compreender que existe uma razão de ser regendo a integralidade do que ocorre no mundo.

Só que também é preciso, eventualmente, submetermos as coisas ao juízo de nossas consciências e SENTIRMOS que, embora não compreendamos aos exatos motivos, podemos sentir neles a justiça e a presença de Deus. Podemos encontrar uma sensação de justiça e/ou necessidade de ser em situações que parecem absolutamente incompreensíveis... E então entendemos que o que parece "o fiiiiiiiim do mundo", não é nada daquilo!

Pois que venha 2012.

Tenho fé de que estaremos prontos... Nós, a "velha" guarda, os arautos das borboletas... e também as gerações vindouras... as que irão começar do zero e construir, do fim, um mundo novo.