quinta-feira, 31 de março de 2011

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena

(Fernando Pessoa)

 

Essa minha "viagem" neste post está inter-galáctica, hein? Mega-ultra-hiper longo texto!  Ainda não terminei de ler Gikovate, não tô tendo tempo durante a semana. Então vocês têm que ter um pouco (hehehehe... ou mais que isso...) de paciência comigo porque aguentar essas teses melosas e esses conflitos "sem pé nem cabeça" que estão povoando a minha mente esses dias vai ser ou interessante, ou um saco!!!


Por enquanto, o que tenho lido está me levando a pensar em tanta coisa! Bem além do livro! Tantos conceitos totalmente pirados... Eu, que assumo ser adepta de "teses", me jogo a teorizar sobre tudo que me confunde na esperança de entender qualquer coisa diferente de NADA.


No processo, nem sei se fico mais confusa que antes! Sócrates bem que avisou, veladamente: "Não procurem entender demais! Quanto mais sabemos, mais nos tornamos conscientes de nossa ignorância!" Só que ele não disse "mastigadinho" assim, né? Veio com aquele "Só sei que nada sei"! Bom... bote carta pra dois, meu chapa!!! Cada vez sei menos!


O meu atual foco de desconcentração e filolesamento são as relações entre as pessoas, especialmente as relações românticas. Uma pessoa muito importante pra mim disse assim: "Duda, se eu quiser ir com você ao restaurante indiano, basta lhe convidar pra o italiano!" hahahahahahaha Essa sou eu! Por mais que todas as idéias de Gikovate façam absoluto sentido e eu esteja encantada com o livro dele... cada vez que escrevo me debruço mais e MAIS em insistir no amor... em tentar entender as diferenças e esperar que, por obra do divino espírito santo, elas possam se conciliar e os diferentes possam encontrar um final feliz.


Sofro de um mal sem cura: SONHUS ILIMITATUS CRONIKUS


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Coisa mais difícil que é se policiar.

Em qualquer aspecto, em qualquer área.

Além de difícil, chatíssimo!

Eu, pessoalmente, detesto. Mas faço, claro... com frequencia. Como todo mundo faz! É preciso, né? É social! Nos policiamos até pra que nos lembremos com relação a quê é mais importantes nos policiarmos. E tem gente que é muito, MUITO boa nisso!

Não vou falar aqui de como nos policiamos para nos comportamos bem, nos portamos adequadamente diante dos outros, cumprirmos nossas obrigações perante a sociedade, etc...

Também não vou falar de como nos policiamos para não dizermos tudo o que temos vontade, ou fazermos tudo o que temos vontade... Vejam só como as coisas estão meio que intimamente ligadas!

Nem me interessa no momento falar de como procuramos esconder dos outros como nos sentimos, se estamos felizes, ofendidos, tristes, apaixonados, assustados, sobrecarregados, entediados...!

Pois muito bem. O que tem me deixado intrigada é o esforço que algumas pessoas fazem pra esconder de si mesmas o que sentem e pensam. Pra deixarem de pensar e sentir o que pensam e sentem a partir do instante em que se dão conta de que "falharam" e se deixaram levar pelas emoções (incoerentes? irresponsáveis? inseguras? irresponsáveis)...


Me assusta o incrível "poder" que essas pessoas têm de se tolherem, se policiarem, se esmagarem pensando que estão se protegendo e aos que querem bem.  Eu estou TÃO impressionada de constatar como certos gestos desses indíviduos são calculados que não consigo deixar de pensar se são extremamente corajosos ou covardes... Me fazem lembrar deste questionamento que surge quando sabemos de alguém que cometeu suicídio.

É como se eles SE matessem em vida. Como se assistissem à sua própria morte EM VIDA diante dos outros e de si mesmos.

Qualquer pessoa que se "veja" morrer diante de alguém, deixando de representar para este alguém algo de importante que um dia representou, irá sofrer, é claro. Tipo... ver nos olhos de alguém que lhe amou que esse amor acabou. Puuutz! É HORRÍVEL! É ver que você "morreu em vida" diante desta pessoa (peguei este conceito de Gikovate, que pegou de Igor Caruso).

Mas essas pessoas das quais estou falando que me impressionam, sabem? Elas são meio kamikases! Elas vão lá na pessoa que ainda as ama e dizem: "Eu estou neste instante me suicidando da sua vida. Morri pra você". E então elas fazem por onde que isso aconteça... premeditadamente! Propositadamente! Para afastar o amor, não basta que elas próprias se POLICIEM para não amar, é preciso que NÃO SEJAM AMADAS. E elas se asseguram, ou tentam, ao menos, se assegurar disso.

Vou colocar assim. Pra Igor Caruso e Flávio Gikovate o outro é um HOMICIDA. Ele "lhe mata pra ele". Você assiste sua morte na vida daquela pessoa que "lhe matou". Ela é a assassina, você a vítima do assassinato. Certo? Belezinha? O que EU estou dizendo desses KAMIKASES é que eles são SUICIDAS. O cara vai lá na sua frente e diz que prefere estar morto - em vida - do que ser AMADO por você. É uma agressão sem tamanho! Para ambos! Embora neste momento só a pessoa não-kamikase sinta.

Sabem de uma coisa? É difícil pra caramba quando alguém vai lá e FAZ com que você deixe de amá-lo. E é o único modo. Só a própria pessoa que é amada pode destruir o amor que o outro sente por ela. Mais ninguém. Então, na verdade, quando assistimos "nossa morte em vida" por deixarmos de ser amados por quem nos amou um dia, na verdade, é quase como se nós fóssemos os mentores intelectuais no nosso assassinato. Nós induzimos o outro a cometer este homicídio. Talvez até já fosse um suicídio assistido sem a consciência do outro, sei lá! MAAAAS, daí a pegarmos a faca invisível que é capaz de cortar os laços entre as pessoas, balançá-la ante o nariz de que AINDA nos ama, e começarmos a cortar os fios que nos ligam com um sorriso torto na boca dizendo: "eu não quero que você me ame, não preciso do seu amor"....

PUUUUTZ! Pra quê infligir esse tipo de sofrimento a alguém? E pra quê se auto sabotar assim? Que mané "não preciso do seu amor"! Deixa de ser IDIOTA! MONGOL! IMBECIL! BESTA QUADRADA! Todo mundo precisa do amor, nem que seja do amor de uma ameba, uma barata, um peixe de aquário!


Não posso acreditar que não sofram horrooooores no processo esses kamikases malucos psicopatas. Não é POSSÍVEL! Fora ao sofrimento que causam ao outro, coitado, que não entende nada! De uma hora pro outro precisam lidar com o LUTO... Com o "suicídio" do outro. Mas não estava tudo "bem"?... Quer dizer... bem bem beeeeeem, não!...Mas normal! Sei lá! Como sempre é entre duas pessoas... complicado, mas indo aos tropeços... não era? E talvez passem a se culpar... a se pergutarem onde erraram... Por que não perceberam os sinais de que estavam amando um HOMEM-BOMBA! Como deixaram isso acontecer!? E o sofrimento é mais intenso ainda... permeado pela culpa e pela sensação de ESTUPIDEZ... por acharem que estava tudo "bem"... por não terem sentido o "apocalipse" se aproximar.

E nem poderiam.

Deixa eu dizer uma coisa sobre estas pessoas impressionantemente... hã...?! IDIOTAS! Elas não toleram o medo que têm de ser felizes. É insuportável. É mais assustador do que pro resto da humanidade. Eu sei que TODO MUNDO TEM MEDO DE SER FELIZ. Então o que eles sentem é PÂNICO. Não é com você o problema. Entende? É porque estava tudo "bem", exatamente porque estava tudo relativamente BEM, que ele ou ela teve que sair correndo. Porque se qualquer pessoa normal desconfia que "quando a reza é muita o santo desconfia", pra os kamikases isso é batata. E se as coisas estavam "bem"... mas tremulando... é a confirmação de que eles iam sofrer a qualquer momento (já que nada pode ter um final feliz e as coisas NUNCA se resolvem no fim das contas)... então porque não explodir tudo de uma vez e acabar com o mundo?!

É porque era bom DEMAIS falar com você toda hora, saber notícias suas o tempo todo, era porque aquela sensação de ansiedade, de ter o VAZIO, o buraco no peito preenchido era a coisa mais estranha do mundo... que o kamikase lhe pediu que parasse de ligar taaaanto ou mandar taaaanta mensagem! Porque "estava atrapalhando o trabalho e a concentração dele".

A verdade? É porque ele tinha medo que você parasse sozinho... ele tinha medo de ser incompetente e de estar apaixonado demais pra continuar trabalhando sem se atrapalhar... É porque ele é inseguro e bobo - idiota mesmo - aí lhe magoou pedindo que você "desse um espaço"... Mesmo quando você nunca pediu reciprocidade na atenção. Ele não sabia lidar com o que sentia, então quis parar de sentir aquilo e "precisou" (precisou coisa nenhuma, né?!) DESCONSIDERAR OS SEUS SENTIMENTOS no processo. Para o kamikase que ainda não decidiu se "suicidar", segurança é tudo. E segurança é achar que ainda está no controle.

Entender isso é libertador! "Então... o problema nunca foi comigo?"  Você pensa. Pois é. Não foi. O problema era com o homem-bomba lá... que pra fugir de si mesmo, fugiu de você, que mechia com ele de uma forma que ele nunca pôde controlar como ACHAVA que  deveria - na cabeça dele, claro! Como se fosse possível CONTROLAR SENTIMENTO. Acorda, criatura!!! Quando muito, dá pra não ser totalmente controlado pelo sentimento, e olhe lá! Graaaaças a Deus! É muito bom isso, SE DEIXAR LEVAR por sentimentos verdadeiros! É maravilhoso! É um privilégio...



Pessoas assim precisam, quer dizer, PENSAM que precisam (o que talvez seja melhor, para evitar que saiam machucando os outros a torto e a direita) viver isoladas. É Como um ERMITÃO, sabem? Aquele cara também chamado "eremita" que por PENITÊNCIA, MISANTROPIA ou religiosidade se veste de monge e mora isolado do mundo, das pessoas? Ele come, dorme, acorda, faz todas as suas atividades diárias sozinho. Claro que ele não é filho de chocadeira... tem família, pode ter amigos, pode até ser habituado a conviver com determinadas pessoas em certos limites pré-estabelecido (obviamente), se, por exemplo, trabalha em contato com a caominidade da pequena Vila no sopé da montanha, sei lá! Mas a vida dele, a INTIMIDADE dele, os sentimentos dele, os planos dele? IIIiiiih! Esqueça! Pior que presídio de segurança máxima e banco suíço juntos! Pensando que está se protegendo, cuidando dos aldeões da vila, dos seus ancestrais, dos seus descendentes e dos smurfs, ele vai manter você muito, mas MUITO afastado meeeeeeesmo.

Quando a reza é muita, o "ermitão" desconfia.

O mais triste é quando estas pessoas que são assim... estilo ermitões, deixam de se policiarem por um instante - um segundinho! - e se envolvem com um "forasteiro". Pode ser amor ou amizade, não importa. Forasteiro é forasteiro. No instante em que ele ou ela "recobra o juízo" é um sofrimento. É preciso agir. É preciso voltar à rotina, a rotina conhecida, segura e confortante de sempre. Mas e esse forasteiro intrometido que está todo feliz falando, rindo, perguntando mil coisas e comprando passagens pra a Disney? Puuutz! Que problema!

O ermitão é simplesmente o futuro kamikase. Eles são a mesma pessoa, o kamikase é o ermitão que, "invigilante", se envolveu emocialnalmente com alguém.

Mas o ermitão ou a ermitona (?) não vai dar mole! Ele ou ela vai pegar esses sentimentos confusos que estão sendo provocados por essa criatura que só pode "não ser de Deus"! E vai jogar uma pá de cal (como se fosse possível! Deixa eles!). O objetivo é apagar a pessoa de sua vida. Mas não é fácil assim, é? Simplesmente virar as costas e sumir? Porque o outro está ali, esperando, planejando, sorrindo, lhe lembrando que você tem medos, inseguranças, esperanças!

Sabe o que o ermitão pensa? "Não! O outro está querendo que eu seja fraco! Eu não posso permitir isso." É quando o ermitão, já kamikase, decide: "Não posso nem esperar que ele não me ame mais (talvez porque tenha esperanças, secretamente, de que isso não ocorra e que o outro continue amando-o, esperanças que nunca poderia admitir!). Tenho que tomar uma atitude." 

É quando lhe avisa que está oficialmente se suicidando de sua vida... e que ele pooode voltar pelo mesmo caminho de onde veio pra ir atrapalhar a paz e o sossego de OUTRO! Ufa! E o ermitão-kamikase respiiiiiira se sentindo aliviado, esperto e corajoso! Fez a coisa certa, hã?! Com certeza salvou o mundo e agora tudo vai voltar a ser tranquilo e bom como era antes. Certo?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  Certo?

Não!

Errado. O que essas pessoas experimentam a partir de então é uma sufocante aflição. Sentem que estão deixando alguma coisa importante escapar, mas não sabem o que é. Acham que ainda é remorso, sensanção de falha por ter deixado que o forasteiro se aproximasse tão ameaçadoramente de suas vidas. Pensam: "Imaginem as besteiras que poderia ter feito se não tivessem acordado a tempo!" Tentam se convencer de que suas inquietações só podem vir daí. Mas os dias passam e não se sentem melhor. Não... nada muda! Lembram mais do que queriam ou acham que deveriiam de pequenos eventos como risadas divididas,  sonhos alimentados... e começam a se questionar (escondidos de si mesmos, claro!) se fizeram a coisa certa...


Mas logo sufocam essas dúvidas. Opa opa opa!!! Não se sentem no direito de ter "fraquezas" como essas. Pensam que existem pessoas que dependem deles, que confiam neles e que, claramente, o mundo acabaria pra elas se eles vivessem de qualquer outra forma que não aquela a que se habituaram. Mas nem com essa "certeza" encontram paz.

Começam a pensar que talvez a culpa seja até agora do forasteiro. Hááá! Só pode ser isso! Se o "diabo infeliz" nunca tivesse aparecido nada disso teria acontecido. Tentam nutrir alguma espécie de sentimento ruim por aquele que acabou com sua paz e quase arruinou sua vida. Em momento algum conseguem enxergar que eles mesmos são os únicos responsáveis pela miséria emocional em que se encontram. Isso seria inconcebível!

A vida dos ermitões, uma vez que se tornam kamikases, é muito triste e difícil. Eu não entendia nada disso, antes, obviamente... É incrível como está tudo beeeem aí no mundo, bem diante de nós, mas simplesmente são TANTAS COISAS que as vezes precisamos que alguém nos indique algumas delas para que realmente prestemos atenção e tentemos compreender. Mas elas sempre estiveram lá... tudo está o tempo todo presente em toda parte... nós é que, de uma hora pra outra, nos tormamos conscientes se como estas coisas sempre foram absolutamente evidentes!

Lendo Gikovate (não consigo deixar de concordar, à minha maneira, com quase todas as observações empíricas dele e com suas conclusões duras) e pensando no que já vivi, identifiquei pelo menos um ermitão-kamikase que cruzou o meu caminho. Os simples ermitões se misturam muito bem na sociedade e não podemos distingui-los facilmente. Mas uma vez que se tornam kamikases, se estiverem em um momento de distração (que logo passará no que depender deles, claro)... podemos reconhecê-los pelo olhar, pelo silêncio. A vida solitária é sempre pacífica na superfície, tumultuada na profundeza e alerta. 100% alerta.

Para mim certas distinções são muito palatáveis: solidão é estar "com um buraco" no peito, sozinhez é estar sozinho... E a "ausência de fé" é estar solitário. São coisas diferentes, entendem?

Um dos aspectos que me aperta mais o coração sobre os ermitões-kamikase é que dentre os motivos pra se isolarem da forma como se isolam, normalmente, está proteger alguém com quem eles se importam, geralmente um familiar. Mas todos os familiares, com exceção do marido/esposa (que é único que eles não pretendem possuir), mais cedo ou mais tarde seguem pro céu ou pra sua vida própria. E o ermitão? O ermitão nunca poderá amar romanticamente, a não ser que abandone sua "ermitisse", o que nem sei se é possível.

Então? É preciso coragem ou é muita covardia ser um ermitão? É uma coisa que se escolhe ou a pessoa nasce assim? Ela se torna assim em algum momento da vida, diante de alguma circunstância, um trauma? Como será viver sendo a soma de todos os medos? De todas as inseguranças? De toda a "solitariez"? Ser solitário, sozinho e ter um buraco, mas por ser solitário, não acreditar, não ter fé no preenchimento do "buraco" NUNCA. Se auto-condenar à tristeza que acompanha esse vazio... essa saudade de algo que não se sabe ao certo o que é... Saudade da felicidade que a alma imortal conheceu e que só pode ser partilhada com um outro alguém com quem dividamos um amor recíproco. Sabem que existe uma cura pra sua saudade... mas não ousam sonhar com ela.

O mais maluco disso é que qualquer pessoa que se aproxime do ermitão e ameace preencher seu buraco, entregar-lhe a "cura", alterando o que ele SABE (acha que sabe) da vida, é imediatamente repelida por ser encarada como uma ameaça à segurança dos conceitos pré-estabelecidos que ele formou, do mundo que ele reconhece! Que loucura é essa? Vocês estão acompanhando a viagem?  As defesas, o antiamor ali, estão num nível máximo, explosivo mesmo.


Deve ser a coisa mais dolorosa do Universo inteiro o encontro entre a alma de um ermitão e a de uma pessoa daquelas que têm asas presas nas costas, sabe? As que vão nas nuvens, se jogam nos sonhos, não têm medo das alturas... Um encontro entre seres assim TÃO DIFERENTES deve provocar um abalo gigantesco na energia de ambos. Um choque do qual nenhum poderá se recuperar plenamente. Não para voltar ao que já foi... passarão a ser algo mais, ou algo menos.

O "suicídio" do ermitão para a  criatura-alada deve parecer brincadeira no começo, tão estranho que é aos seus olhos fugir da felicidade e do amor em qualquer perspectiva que se apresentem! Acho que ela ri, senta com as pernas cruzadas e fica esperando ele voltar e dizer: "Brincadeirinhaaaaaaa!"

Mas ele não volta. E o sorriso vai murchando...

Acho que a criatura-alada, que sempre chora com facilidade porque não teme expressar como se sente, cria um redemoinho dentro do  "buraco" em seu peito que suga tudo! Até suas lágrimas, suas palavras, sua consciência! Tudo se perde na profundidade daquele redemoinho de dor.

E o ermitão-kamikase, num processo de forçar a sensação de alívio pra se convencer de que agiu corretamente (da maneira mais segura) e sufocar os sentimentos e repelir o amor da criatura-alada... o que será que se passa na cabeça dele?! Por que meu Abba permite esses encontros? Pra fortalecer os fortes e enfraquecer os fracos? Porque está escrito na Bíblia que se dará mais àquele que tem, mas daquele que não tem, se tirará mesmo o pouco que tinha? A criatura-alada será amada, porque tem a capacidade de amar... mas o ermitão-kamikase perderá mesmo o amor que tem, porque os que ama o deixarão.. e outros não mais o amarão?

Aos ermitões-kamikase eu pergunto: se ao se isolar para não ter que sofrer e nem ser responsável por quem estiver próximo a você sofrer as dores causadas "pelos outros" você não está antecipando esta dor? Porque não está vivendo exatamente na condição de isolamento que viveria se todas as pessoas do mundo errassem com você e, por isso, tivesse que, por exemplo, se isolar? E quais as chances de TODAS AS PESSOAS DO MUNDO errarem com você? Será que NINGUÉM acertaria? Ninguém seria legal? Supreendentemente especial? E quanto aos que você quer proteger... por quanto tempo? Essa decisão, cedo ou tarde, não será deles? Se querem existir sob a proteção de não viverem

Bom, acabou que eu enrolei, né? Se são corajosos ou covardes os ermitões-kamikases? Um suicida é corajoso ou covarde? A dor de "morrer em vida" é maior ou menor do que a dor de simplesmente morrer? Depende. Depende do que você acredita e de como você viveu. EU REPUDIO A COVARDIA. Mas nesses casos, não sei classificar. O suicida vai encontrar "do lado de lá" coisas que eu, hoje, não teria coragem nem de pensar... Mas ele sabia disso ao tomar sua decisão? Foi coragem ou ignorância? Sabem? Não dá pra julgar. E o ermitão que se "suicida vivo" e se condena a morrer perante todos que o amarem para viver solitário e sem fé? É medo de sofrer e de ser magoado? É! Isso é covardia? Huum... Mas o ermitão vai se condenar e vai ver todos os que poderiam tê-lo amado aprendendo a vê-lo como se ele fosse paisagem. Vai ver os que poderiam amá-lo e fazê-lo feliz amando outras pessoas. Ele vai assistir seu esquecimento SEM LUTAR. Eu não teria forças pra isso! É coragem? Huuum...

Sabem? Não consigo me atrever a rotular isso.

Sei que não gostaria de viver algo assim. Queria muito, se dependesse de mim, nunca amar um ermitão. Mas Abba marca os encontros e a gente só comparece esperando tentar entender e lidar com a extensão que eles terão em nossas vidas. A gente só pode agir a partir de quando os encontros acontecem. Não antes.

As vezes sinto que eu tenho asas. Não sei. Será? Sou impetuosa demais. Tenho medos, mas são medos de menos, sabe? É muito fácil pô-los de lado, respirar fundo, contar até 3 e pular de olhos fechados. Mas não sou tola. Boba sim, tola não. Não sei explicar. Não me perco de mim e dos meus objetivos... só que consigo reorganizar todos eles rapidamente conforme surjam ou desapareçam novas prioridades. E acho que prioridade é prioridade. Ponto. Mas na hora em que estou triste, e fico triste com frequencia maior do que gostaria, sou forte. Sou mais forte do que gostaria.

Meu maior medo não é de não conseguir. É o de não tentar. Por mais clichê que possa parecer, é isso. Quando algo toca o meu coração não é como se eu "realmente" tivesse uma escolha. É como se minhas "asas" tivessem vida e vontade próprias.

Quando era mais nova eu conseguia me policiar melhor em relação a alguns dos meus impulsos. E, por outro lado, não conseguia me controlar tão bem em relação a outros. Quando vamos crescendo, não necessariamente em idade, mas em espírito, compreendemos que certos freios socialmente estabelecidos não fazem sentido... e outros freios individualmente negligenciados são bem mais importantes do que havíamos julgado. Resumindo: aprendemos a conhecer os jogos e descobrimos que nem sempre vale a pena participar deles.


Entre as criaturas-aladas e os ermitões-kamikases está todo o universo de gente. Como se um fosse o Oiapoque e o outro fosse o Chuí... Um fosse o 8 e o outro fosse o 80! As variações são inimagináveis e impossíveis de "etiquetar". E todas elas, sem exceção, podem estar fadadas SIM ao sucesso. Por que não?! Me atrevo a dizer, sonhadora que sou, que mesmo um ermitão-kamikase pode aprender a amar! Quase desdizendo tudo o que eu disse até agora! hahahahahahhahaha

Bom, eu ressalvei a hipótese de ele se "desermitar"... Mas nem é disso que estou falando. É que eu sou meio da família das criaturas-aladas-avoadas-abestadas-alesadas! Tenho fé e esperança DEMAIS! Além disso... Temos Abba, que de vez em quando mete o bedelho onde não é chamado (Êêêêê!!!) e salva o dia! Sabemos que se as pessoas forem parecidas no que IMPORTA, mesmo que sejam YING e YANG... há esperança! E, pensando sonhadoramente, se eles são as duas "coisas" mais diferentes que podem existir, imaginem que "inteiro" e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r formariam se pudessem se unir e completarem-se um ao outro para formarem um TODO? Seria o "INTEIRO MAIS INTEIRO" do muuuuuundo!!!

Se isso é provável? Nenhum pouco. Mas é possível? E o que não é?

Tuuuuudo vale a pena quando a alma não é pequena.
(Fernando Pessoa)


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