quarta-feira, 2 de março de 2011

Se meu carango falasse !


Lá vou eu ontem na Avenida das Nações, chamada por todo mundo aqui em Brasília de L4 mesmo, a caminho da "acadjimia"... beirando as 20h.. ouvindo a voz do Brasil!

Já que nunca tenho tempo de ver TV, resolvi que agora preciso ouvir rádio. Estou sempre sintonizando em alguma rádio... Normalmente tenho boas opções aqui em Brasília pra ouvir meus estilos musicais (vocês sabiam que o exército e a aeronáutica tem FMs que são bem legais? Sempre tocam MPB!) E dali a pouco acabou a tortura... ops...! A informação cidadã! E começou a música... "But if you leave me now, you´ll take away the biggest part of me... uuuuuuhhh no... baby please don´t go..." e eu lá... dançando... fazendo "munganga" dentro do carro... e cantando empolgadíííííssima... hahahahahahhaa E eu pensei: "Gente! Que personagem expressivo de rodo-reality-show eu sou, viu?!"

E eu lembrei que uma vez o irmão caçula de um amigo meu tava calculando o tanto de tempo que passava dormindo e que gastava usando o elevador (Eu seeei! Tem doido pra tudo! kkkkk) Mas eu fiquei imaginando... que é um bom tempo que passamos dentro do carro também, né? E ultimamente tenho sentido muito isso... acho que nunca passei tanto tempo dentro de carro. Sempre trabalhei e estudei perto de casa, morava em cidade pequena... enfim! E todo esse tempo trancafiada em minha própria companhia num espaço tão reduzido tem sido ou engraçado ou insano!

Falando nisso, tenho notado que estou desenvolvendo um impulso, ultimamente, de ligar pra minha mãe sempre na saída do trabalho ou da academia à noite... o percurso para casa é meio enfadonho mesmo. Não pelo caminho, mas pelo destino. Há algum tempo escrevi sobre loneliness e loneliness... dizendo que existem "coisas" e "coisas", tipos diferentes de sentir-se sozinho. E também cada cabeça é uma sentença... Acho que tô ficando mole.. hahahahahaha Quando chego em casa é tranquilo... mas atéééé chegar sinto necessidade, algumas vezes, de me reafirmar como ser humano que precisa ter alguém ali dizendo "Eeei! eu me importo que você esteja viva! Que esteja conseguindo acordar e chegar até o fim de mais esse dia, viu?"


É... eu devo estar ficando mole. Ou talvez humilde... Talvez seja a tal da sabedoria que vem com a idade chegando para mostrar que, de fato, nós seres humanos não somos tão auto-suficientes quanto pensamos que podemos ser quando jovens. O melhor ou pior de tudo isso (não sei ao certo) é que não me incomoda em absolutamente nada descobrir essa fragilidade humana como parte de mim... é até um alívio. É libertador e não me torna senão mais forte... por paradoxo que possa parecer.

Uma vez escrevi sobre isso aqui no blog.. mas só agora começo a compreender realmente o que significa... aquilo lá de "a juventude ser uma coisa da qual, eventualmente, todos conseguimos nos recuperar". Essa frase tem muitos, muuuuuuitos significados. Dos mais bobos aos mais profundos.

É como a música "quase sem querer" de Legião que diz que não sou mais tão criança a ponto de saber tudo. As vezes nem estivemos errados, de fato, mas não tínhamos a sabedoria pra usar a verdade! A verdade sem sabedoria pode ser pior que a mentira... mas que absurdo é dizer isso a um jovem. Até a muitos "velhos". A experiência é uma coisa que tem relação tão confusa com a idade!

Conheço pessoas que são tão profundamente marcadas por suas juventudes que, sinceramente me pergunto se serão capazes de se recuperarem completamente... e sinto que me contradigo! E para escapar a esta contradição preciso me forçar a pensar que o tempo é muito maior do que os anos de uma única existência. E então me conformo: sim... eventualmente irão se recuperar.


E surge na minha cabeça uma conclusão muito óbvia. Se a juventude dos anos de uma existência nos pode marcar desta forma... Que marcas não terão deixado em nós a juventude dos nossos espíritos? Quando criados por Deus, rebeldes e cheios de energias, não eram capazes de se dar conta da eternidade inteira à sua frente? Que amarguras não são ainda hoje resquícios dessas marcas? Marca sobrepondo marca milhares e milhares de anos depois...? E ainda assim a certeza de que todas as marcas, de todos os tempos serão sobrepujadas.

Escuto mooontes de músicas sobre as quais tenho vontade de postar. Mas aí o blog seria só de músicas! Aprendo dicas de gramática... fico sabendo que Tiririca está compondo a Comissão Parlamentar de Educação e reflito sobre isso... fico com dó dele. Penso que alguns me diriam que eu deveria ter dó de nós... Ué, mas não fomos alguns de nós também que o elegemos? E, afinal, a comissão também não é de cultura? Me pergunto: "É correto criticar um doente na Comissão de Saúde? Ora, ele não saberia muito bem sobre o que opinar? E não é este o caso?" Dirijo com...  e sem pressa. Já cheguei? Aaah.. não! Está longe ainda... Aquilo ali é um pardal??? Nossa! Não posso levar multa... tô falida! E assim vou eu. No meu reality-show-móvel.


Muitas vezes chorei e também sorri sozinha. Um choro de soluçar e um sorriso mudo. Danço! Invento altas coreografias robóticas! Canto... Lancho, faço verdadeiras refeições... Perco coisas. Encontro. Cadê meu celular? Aqui! E meu óculos! Aaah! deixa pra lá! Opaaaa! Saaai pra lá, troço! Nossa.. ô povinho ruim de roda! Credo... Falo sozinha pra caraaaamba! E penso! Imagine uma pessoa que pensa muito... imaginou? Pois multiplique pelo maior número que você conhecer. Sou eu.

 Tá todo mundo percebendo que o tempo tá passando mais rápido a cada dia ou sou eu que tô ficando (mais) desorientada? Nossa... vou dormir na quarta, acordo na sexta... daí é domingo. Acordo, e é terça. Daí é quinta. Depois é sábado. Tipo isso. Hoje é quarta. Ontem não era sexta? Vup, vup, vlaps, vampt, vlups, bumps! Nem consigo falar ao certo... As coisas simplesmente estão acontecendo sem muito espaço pra planejamento. Vamos fazendo tudo meio que no grito. Hey! Uepaaa! E estamos lá! Txá txá txáaa! Agindo com medo de ficar pra trás! Não consigo raciocinar se estou fazendo tudo direitinho ou não. Tem hora que tomo um susto quando vejo o que eu fiz. "Fui eu mesma quem fiz isso?" "Ficou legal, né?" "Pouxa!"... "Hããã... mas o que é mesmo?" Sei lá! Que doideira! É que já estou concentradíssima fazendo a terceira coisa depois daquela lá... não me leve a mal.. e não me distraia... porque eu acho que tenho algum parentesco com aquele coelho nervoso da estória de Alice no País das Maravilhas e estou tão atrasada... tão apressada... e tão cheia de coisa... e se hoje é quarta... então... então amanhã é sexta, não é? Ou é sábado? Não sei ao certo! Estou nervosa! Estou atrasada! Não tenho tempo. Não tenho tempo. Clock is ticking! Tic tac, tic tac, tic tac. Como era mesmo aquela Tese da Anestesiologia Mental? Não tenho tempo agora de lembrar dela... 



Páaaara! Pára tudo! Tô ficando tensa! hahahahahahahhaha Calma, cocada! Não é pra tanto, né? Mas acho que deu pra visualisar o quadro geral, hãn?

Estamos todos com a síndrome do Capitão Gancho ou o quê? Ninguém pode ouvir um relógio tic-taquear? Estamos fugindo ou caçando estes enormes crocodilos famintos chamados compromissos, responsabilidades, prazos? AFEEEEEEE!
Deu até saudade do meu carro! Tirando quando tô correndo atrasada pro trabalho (quase todo dia... hehehehehe... Siiiim... sou dorminhoca convicta!) É no meu carango que tenho meu momento de curtir a programação das rádioooos! (Ôôoo vantagem! kkkkkkkkkkk) Mas de vez em quando o povo tá meu chapa e toca um monte de música legal. E eu fico lá... com a minha platéia invisível... fazendo palhaçada ou chorando minhas pitangas... Afinal, todo mundo conhece a letra da canção: "...e o show tem que continuar!"




"Não sou suficientemente jovem para saber tudo."
Oscar Wilde



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