quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Once upon a time...

Depois de muito olhar a tela em branca do computador... pensando no céu cinza de Brasília, coberto por poeira e fuligem. Pensando em como externar algum sentimento ou idéia... Resolvi contar uma história. Acontece que, algumas vezes, não estamos no "mood" de falar de nós mesmos, ou de nossos sentimentos. Não estamos valentes o suficiente para enfrentar o que quer que esteja escondido sob as águas aparentemente calmas de nossos corações. As vezes, por baixo da calmaria se escondem redemoinhos.
Já é antigo meu projeto de escrever uma história. Tanto que criei um blog só pra isso em meados de 2009! Até hoje não tomei coragem... talvez o começo da história seja assim:


Com 17 anos recém completados, a rotina já era sua velha conhecida. Acostumada a morar sozinha com muitos criados (já que era orfã), em uma mansão gigante e antiga, construída no estilo clássico e na área nobre da cidade, vivia sob a guarda legal de seus tios desde os três anos de idade.
Não era bonita nem feia, mas tinha traços muito "seus", olhos quase que da cor de seus cabelos mel, muito lisos e compridos, lábios rosados, altura mediana, e aquele sorriso que conseguia desarmar o esquadrão de elite da Realeza... Ah é! Porque havia uma Realeza na cidade. Eram os tios de Laila, by the way. Esse era seu nome... Laila: com "i".
Embora não lhe fosse permitido sair dos limites da mansão sem a escolta de um dos "homens de confiança de seus tios", Laila não era do tipo adstrito às regras - if you know what I mean - e em um de seus passeios clandestinos pela cidade, andando a ermo com a cabeça nas nuvens... colhendo flores nos muros alheios, cantando despreocupada E desafinada... sonhando com as coisas que gostaria de ver e as viagens que gostaria de fazer, Laila se deparou com uma cena que lhe chamou a atenção: num trecho escuro, encoberto, de uma rua sem saída, estava havendo uma briga de cachorros. Annhã! Isso mesmo! Uma briga de cachorros. De um lado aqueles cães enormes da orelha em pé! Como se chamam? Dobermans e rottweilers!? Então! Uns oito desses monstrengos de um lado e um coitado de um filhote de labrador, já todo ensanguentado do outro, coitado, imprensado contra a parede, sem sequer dar-se ao trabalho de tentar qualquer defesa.
Qualquer pessoa normal, teria chorado, corrido, sei lá! Mas estamos falando de Laila. Nem de longe ela era uma pessoa normal. Definitivamente.
O quão longe de "normal" é uma coisa que nem mesmo ela sabia ainda naquele momento. O que EU sei é que ela ficou indignada! Revoltada com a brutalidade, desigualdade e covardia daquela cena e partiu pra cima dos cachorros pegando tudo que via pelo chão e jogando neles aos berros! Não sei se pelo susto daquela atitude completamente insana e inesperada, se pela chuva de paralelepípedos e tampas de lata de lixo... um a um os cachorros sumiram, deixando o pobre filhote deitado no chão em farrapos.
Sem pensar nem meia vez, a garota recolheu o cão e o levou pra casa sem se preocupar que iria denunciar sua escapadela, aumentando a vigilância de seus tios e, provavelmente, vetando possíveis futuros passeios... Sem pensar que era a última vez que iria usar aquela roupa (que custou uma fortuna, não que ela ligasse, anyway). Ela simplesmente agiu. Era assim que Laila se comportava desde criança.

...

Anna e Pedro se conheceram na Universidade. Ela era a mais popular. Ele o mais inteligente. Os dois juntos? A combinação mais improvável. E não é sempre assim que os grandes romances começam?
Quando suas famílias tomaram conhecimento é que foi estranho.
Anna sempre teve namorados pouco "ortodoxos". Figuras populares, como ela. Donos disso ou daquilo. Grandes empresários, moleques metidos a esportistas e empreendedores. Garotos que jamais poderiam acompanhá-la em sua esperteza, desenvoltura social. Que se preocupavam apenas em aparecer na capa de uma revista de fofoca e impressionar a sociedade. Mas com estes, sua família nunca implicou.
Já Pedro, nunca namorava ninguém. Achava toda menina boba demais. Burra demais. Vazia demais. E sua família cobrava sempre que ele assumisse um relacionamento. Qualquer um! Será que ele era gay?! Levava uma garota ou outra ao cinema, um coquetel de lançamento, um evento social. Mas nunca passava disso. Dizia que elas não tinha personalidade e que jamais namoraria alguém que não soubesse contra-argumentar.
Por que então suas famílias não estavam soltando foguetões?
Pedro finalmente escolhera uma moça bonita, inteligente, universitária como ele, de uma família tradicional, nobre e bem sucedida.
Anna tinha abdicado dos idiotas "cabeça oca" e se apaixonado por um cara com conteúdo, futuro profissional, de uma importante família aristocrata. Além do mais, era perfeito: ambas as famílias eram ligadas à Realeza! Se fosse mais apropriado estragaria! Parecia até que era de PROPÓSITO. Por que, então, tanta proibição? Tanto escândalo? Ninguém entendia...
Mesmo assim, Anna foi imediatamente transferida para outra universidade. Todos os seus contatos passaram a ser monitorados. Sua vida se transformou num inferno e, tanto ela quanto Pedro definhavam de tristeza a olhos vistos. Mas, os responsáveis por isso não hesitavam e pensavam, divididos entre orgulho e remorso: é melhor assim.


(Aguardem os próxmos capítulossss!!! hahahahaha)

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