sexta-feira, 25 de março de 2011

2012. Porque começar de novo não é o fim do mundo: os arautos das borboletas.

"Aquilo que a lagarta chama fim do mundo, o resto do mundo chama borboleta."
Lao Tse



Eu não acredito no fim.
E ao mesmo tempo, eu já me deparei com o "fim" em incontáveis ocasiões.
Como isso é possível?

É hoje o dia em que sento, respiro fundo e escrevo sobre mortes coletivas, desastres climáticos, desastres mecânicos, profecias, discos voadores, pirâmides egípcias, civilizações maia e asteca, espiritualismo, mais borboletas, evolução, sonhos, filhos, prodigios, medos, esperanças, dúvidas e certezas.

Começo meu terceiro parágrafo pensando que não pretendo ser longa, mas não sei ainda nem o que escrever, nem como. Lembro que prometi falar do que houve no Japão... penso na nova missão da Air France tentando resgatar as caixa-pretas daquele avião que caiu perto de Noronha há algum tempo, mas não sei mais quando exatamente... penso nas mortes no sul e sudeste brasileiro... no terremoto do Chile... penso nos atentados terroristas... nas guerras... penso na guerra que acontece legitimada pela ONU sob a pressão das forças da Coalizão na Líbia... penso nos polícias que mataram um adolescente (um único adolescente. Onde? Em Manaus?)... penso nos movimentos insuflados via Facebook no mundo árabe para derrubar as ditaduras e me pergunto o quanto eles são democráticos ou que reais interesses os motivam... e volto a pensar no Japão, onde tudo começou, em imagens que foram divulgadas pela mídia não das cidades, mas das pessoas sorrindo com um salvamento, dormindo abraçadas umas as outras, se alimentando de um único bolinho de arroz.

E ainda assim, isso pra mim não é o fim do mundo. Mas é o fim de algo. Com certeza é.

Eu acredito que a Terra está se transformando e que o lugar que ela irá se tornar é um lugar melhor. Se é o fim do mundo, é o fim do mundo tal qual nós o conhecemos. Se este planeta vai se tornar uma casa melhor, também seus moradores precisam se melhorar. Daí os avisos, daí as mortes coletivas, daí as mudanças.

Abba não é inconsequente, não é injusto, não é insensato. Abba não acumula nenhum dos defeitos que nós mesmos acumulamos. Abba não se ofende, não odeia, não exclui. Todas essas mesquinhezas são características nossas, humanas. Muito humanas. Sabendo que Deus é justo, nada que acontece sob sua "jurisdição" é aleatório ou desarrazoado. Todos os desastres e desencarnes coletivos precisam obedecer a uma razão ou causa lógica e coerente. Reconhecer isto, embora não ter o alcance de que causa seja esta, é um imperativo.

Acreditar que tudo termina com a morte física tem suas vantagens e desvantagens. Mas é preciso, na minha opinião, mais do que a simples vontade de acreditar. Tem que ter muita ingenuidade, talvez um pouco de ignorância... muita vontade de atribuir tudo ao acaso. A saúde, a probreza, a riqueza, a doença, a orfandade, a família amorosa, a segurança da Suíça, a loucura do Afeganistão... tudo "na doida"? Eu perco o vôo que cai e mata 194 pessoas... O acidente de carro em que só uma pessoa morre... o cara que está passando, tropeça numa casca de banana e já era... tudo é fatalidade e acaso? Os amores e os rancores gratuitos... tudo é casual?

Como poderíamos, então, entender os motivos de um desencarne coletivo? Não dá! Seria preciso compreender o que levou cada individuo singular a estar naquele local naquele instante. Cada um de nós tem seu passado único e intransferível. Uns podem ter "merecimento" de morrer sem dor, sem nem consciência do que se passa, por terem concluído sua missão neste plano terrestre. Outros podem ter ido sob circunstâncias extremamente dolorosas ou sobrevivido as custas de perderem todos os seus bens materiais como forma de depuração moral. Como precisar os desígnios e os planos de Deus com uma visão limitada como a nossa? Não é uma mesma causa que leva centenas ou milhares de pessoas a serem vitimadas por uma tragédia comum.

De todo modo, não é daqui pra 2012 que só vai ter "gente boa" aqui no planeta... estamos apenas no começo do processo de "reciclagem". Quem garante que num Universo tão grande estamos sozinhos? A ciência e nem mesmo a Igreja se atrevem. E se outros planetas passaram por isso antes? Existe uma história (ou seria mito?) de que um planeta chamado Capela passou por este mesmo processo que a Terra está passando agora e que os habitantes de Capela que não estavam aptos a continuarem naquele habitat depois de sua reconfiguração foram enviados para cá e deram início às civilizações egípcia, maia, inca, asteca, aos caldeus! Que eram eles os detentores da tecnologia e do conhecimento hoje perdido que possibilitou, por exemplo, a construção das pirâmides. Quem sabe? Quem ousa rechaçar com absoluta convicção?

Olhem as nossas crianças de hoje e lembrem-se de que crianças foram... tentem imaginar que crianças lhes precederam. Estamos evoluindo intelectualmente. Estamos vindo preparados pra um futuro diferente. Mas diferente como?

E a evolução moral? Não me admira que os tais "exilados de Capela" fossem inteligentíssimos, se construíram as pirâmides, Stonehenge no sul da Inglaterra, os templos e calendários astecas, incas... Mas "what if"... E se foram exilados por falta de aptidão moral? Se este é um valor necessário quando se chega no "fim do mundo"?

Nossos filhos, sobrinhos e netos nascem com uma inteligência que nos orgulha, mas cabe a nós fazer com que desenvolvam senso moral. É nossa responsabilidade cortar as más inclinações e alimentar as boas. É para isto que dependem de nós e por este motivo vêm sob este formato frágil que nos imbui cuidado e proteção. São eles, e não nós, os herdeiros do mundo novo... nós somos apenas OS ARAUTOS DAS BORBOLETAS.

Eu tô com um xodó com borboletas, né? É que eu gostei muito dessa frase de Lao Tse que coloquei na abertura do post. Toda moeda têm dois lados: "O que a lagarta chama de fim do mundo, o resto do mundo chama de borboleta." O que você chama cautela, eu posso chamar covardia. O que você chama pressa, eu posso chamar atitude. O que eu chamo ciúme, você pode chamar cuidado. O que você chama certeza, eu posso chamar insegurança. O que você chama dúvida, eu posso chamar certeza. O que eu chamo amor, você pode chamar loucura. O que você chama loucura, eu posso chamar coragem. O que eu chamo começo, você pode chamar fim. O que você chama fim, eu posso chamar começo. E até o que você chama morte, eu posso chamar vida.

O começo de um novo mundo não é o "fim do mundo". Em 2012 começa oficialmente um "começar de novo".

Como vai ser? Ninguém sabe. Se pouco ou muito vai mudar? Impossível prever. Depende de nós. Depende da humanidade. Depende de quanto precisarmos ser levados a mudar. De quantos precisarmos ser "exilados", como em Capela. Depende do quanto tivermos compreendido a importância da moralidade. Depende de quanto de lagarta tivermos em nós... Porque vai ser um mundo de borboletas.

A vida é um constante ensaio. Estamos sempre ensaiando recomeçar.

Recomeçamos a cada manhã. Recomeçamos a cada desilusão. Recomeçamos até mesmo a cada vitória. Cada etapa cumprida ou cada derrota é oportunidade pra recomeçar... e recomeçar, meu povo, não é o fim do mundo... pode até ser o começo de um mundo novo.

 "Torna-te a mudança que queres ver no mundo."
Gandhi

Eu não estou dizendo que tem como sermos indiferentes quando vemos pessoas sofrendo. Impossível. Até porque, seja lá o que aconteceu antes "justificando" o que está acontecendo "agora"... foi ANTES, AGORA é diferente, as pessoas estão vivendo coisas diferentes...

É só que não sabemos o que realmente está por trás... a motivação. Não se trata de sermos bitolados, de sermos religiosos ou não raciocinarmos e acreditarmos irrefletidamente naquilo que nos dizem ou em simples desígnios... Pelo contrário! Devemos submeter tudo ao crivo do racional e então compreender que existe uma razão de ser regendo a integralidade do que ocorre no mundo.

Só que também é preciso, eventualmente, submetermos as coisas ao juízo de nossas consciências e SENTIRMOS que, embora não compreendamos aos exatos motivos, podemos sentir neles a justiça e a presença de Deus. Podemos encontrar uma sensação de justiça e/ou necessidade de ser em situações que parecem absolutamente incompreensíveis... E então entendemos que o que parece "o fiiiiiiiim do mundo", não é nada daquilo!

Pois que venha 2012.

Tenho fé de que estaremos prontos... Nós, a "velha" guarda, os arautos das borboletas... e também as gerações vindouras... as que irão começar do zero e construir, do fim, um mundo novo.






Um comentário:

  1. sim a vida e' um recomeco..um re de comecar uma coisa nova. o que e' o fim? senao o processo do que se comecou? tudo q se comeca se processa anteriormente atraves de um pensamento.o resultado explendido disso e' o fim, pois o fim pode ser a consequencia de um recomeco do pensamento anteriormente processado e experimentado....mas o importante e' caminhar..pois iniciamos com um pe , e o outro , vem subsequentemente , para alcancar um objetivo. posso dizer que os dois pes sao o comeco e o fim e o objetivo e' o recomeco.

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